Subindo um degrau: Fitch eleva rating do Brasil para ‘BB’, com perspectiva estável. Mas o que isso significa para o país?
A Fitch cita as reformas econômicas e as evoluções fiscais para elevar o rating do Brasil; apesar da alta, país segue no nível especulativo

A agência de classificação de risco Fitch tem uma visão ligeiramente mais positiva do Brasil, elevando o rating de longo prazo do país de 'BB-' para 'BB', com perspectiva estável — uma nota um degrau mais próxima do chamado grau de investimento.
Em relatório, a Fitch diz que a medida se deve ao desempenho melhor que o esperado em termos macroeconômicos e fiscais, mesmo em meio aos sucessivos choques dos últimos anos — políticas 'proativas' e reformas também são citadas pela agência.
"A Fitch tem a expectativa de que o novo governo irá trabalhar para obter mais melhorias", diz a agência, destacando que, apesar das tensões políticas vistas desde 2018, quando o rating do país foi rebaixado, o Brasil tem conseguido progredir nos desafios econômicos e fiscais.
Vale lembrar que, em junho, a S&P Global elevou a perspectiva de crédito do Brasil para 'positiva' — o rating soberano continuou em 'BB-/B', mas, com a visão mais otimista, há a possibilidade de a agência também elevar a classificação do país para um degrau mais alto.
- ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE: o Seu Dinheiro consultou uma série de especialistas do mercado financeiro e preparou um guia completo para te ajudar a montar uma carteira de investimentos estratégica para a segunda “pernada” de 2023. Baixe aqui gratuitamente.
Rating do Brasil: o racional da Fitch
Apesar de o governo Lula defender um afastamento da agenda econômica liberal das administrações anteriores, a Fitch espera uma postura 'pragmática'; o amplo sistema institucional de freios e contrapesos deve impedir qualquer desvio radical no lado macro ou microeconômico.
Em paralelo, a agência destaca que o governo também persegue iniciativas para dar suporte ao setor privado, em especial a reforma tributária. "O lado fiscal está se deteriorando em 2023 após uma melhora inicial, mas a Fitch destaca que as novas regras fiscais e as medidas no lado dos impostos sirvam como âncora para uma consolidação gradual".
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
A relação dívida/PIB do Brasil ainda deve subir, segundo os cálculos da agência, mas num ritmo menor e partindo de um ponto mais favorável que o previsto anteriormente.
Rating BB: o que isso significa?
Mas o que quer dizer o rating do Brasil ter sido elevado de 'BB-' para 'BB'? Quais as implicações práticas dessa medida?
Em linhas gerais, há três grandes agências de classificação de risco: S&P Global, Fitch e Moody's. Cada uma possui o seu sistema de notas, mas todas funcionam de maneira semelhante. Acima de determinado rating, o país possui o chamado 'grau de investimento'; abaixo dessa nota de corte, há o 'grau especulativo'.
No caso da Fitch, o grau de investimento equivale às classificações 'BBB' ou superiores; o 'BB' do Brasil, portanto, ainda não é suficiente para colocar o país nesse clube seleto. Ainda assim, é um passo acima na ladeira dos ratings.
Ratings que compõem o grau de investimento na Moody's, S&P e Fitch
Moody's | S&P Global | Fitch |
Aaa | AAA | AAA |
Aa | AA | AA |
A | A | A |
Baa | BBB | BBB |
Ratings que compõem o grau especulativo na Moody's, S&P e Fitch
Moody's | S&P Global | Fitch |
Ba | BB | BB |
B | B | B |
Caa | CCC | CCC |
Ca | CC | CC |
C | C | C |
-- | D | D |
Ratings D, os piores da lista, equivalem a um 'default' — um calote da dívida, o que, naturalmente, implica no maior risco possível para os investimentos num país. As notas AAA, por outro lado, são atribuídas às economias mais sólidas e com menos risco de alocação de recursos.
Dito isso, o Brasil subiu um degrau dentro da família 'BB' da Fitch: passou de 'BB-', que está mais próximo de um rebaixamento para o nível 'B', para 'BB', uma espécie de posição neutra dentro da classe.
Ou seja: faltam três degraus para que o Brasil recupere o grau de investimento pela Fitch: deve subir de 'BB' para 'BB+', 'BBB-' e, finalmente, 'BBB'.
Obter um grau de investimento é importante porque determinados fundos globais são impedidos de alocar seus recursos em países dentro da zona de risco; assim, conseguir um rating 'BBB', além de aumentar a atratividade, também destrava um importante volume de investimentos.
Quanto à perspectiva neutra: isso quer dizer que, por ora, a Fitch não se vê inclinada a fazer uma nova revisão imediata do rating do Brasil. Mas a S&P, que elevou a perspectiva de sua nota 'BB-' para positiva, pode em breve reavaliar para cima sua postura, eventualmente indo a 'BB'.
Veja abaixo como está o rating do Brasil nas três principais agências de classificação de risco:
- Fitch: BB, com perspectiva estável;
- S&P: BB-, com perspectiva positiva;
- Moody's: Ba2, com perspectiva estável.
Os pilares do rating do Brasil na Fitch
De modo geral, a elevação do rating do Brasil se deve à dinâmica econômica e fiscal do país. Dito isso, a Fitch detalhou cada um dos aspectos considerados para mudar sua postura em relação ao país.
No lado institucional, a agência cita o avanço em temas de difícil tramitação nos últimos anos, como a reforma da Previdência e a independência do Banco Central. O governo Lula, por sua vez, tem conseguido manter as condições de governabilidade e avançado com a agenda política, apesar do viés opositor do Congresso.
"Reformas fiscais importantes ainda precisam de aprovação final, mas vimos progressos importantes, incluindo o novo arcabouço fiscal, uma grande reformulação nos impostos e outras causas menores", diz a Fitch, destacando que as tensões políticas persistem, mas não resultaram em atrasos na agenda.
No âmbito econômico, a agência diz que o impulso positivo continua em 2023 após uma 'recuperação saudável' no pós pandemia, suportada em grande parte pelo bom desempenho agrícola do país. O consumo esfriou com a alta dos juros, mas é suportado pelo mercado de trabalho forte e alta no crédito.
No que diz respeito à agenda do governo, a Fitch pondera que, por mais que o presidente Lula rechace medidas de cunho liberal, sua administração inclui medidas para aumentar o investimento privado. "Lula parece não estar disposto a perseguir a reversão de grandes reformas liberais (como a trabalhista ou a privatização da Eletrobras)
Outros pontos citados pela agência incluem a prudência no lado da política monetária, o novo arcabouço fiscal que começa a ganhar corpo, a melhor trajetória da dívida e a posição robusta de reservas internacionais.
E daqui, para onde vamos?
Há dois caminhos apontados pela Fitch em relação ao futuro do rating do Brasil. Pode haver revisões positivas para a nota do país caso o progresso no lado fiscal coloque a relação dívida/PIB em tendência de baixa no médio prazo, e caso o ambiente macroeconômico mostre melhora de maneira generalizada.
Mas, caso haja mudanças na política fiscal que ameacem a sustentabilidade da dívida pública no médio prazo, piora nas condições de mercado que afetem as finanças públicas ou políticas macroeconômicas que resultem em instabilidade e menor crescimento, é possível haver revisões negativas.
Projeções econômicas
- Crescimento do PIB real em 2023: de 0,7% para 2,3%;
- Resultado primário: 0% do PIB em 2024 e 0,5% do PIB em 2025
- Dívida/PIB: aumento para 75% em 2023 (foi 73% em 2022)
Festa na Fazenda
O ministério da Fazenda foi rápido em comentar a decisão da Fitch. Em nota enviada à imprensa, a pasta comandada por Fernando Haddad diz que a elevação do rating reforça os esforços empreendidos pelo governo para fortalecer o ambiente econômico e promover a consolidação fiscal.
"A melhora no rating leva em consideração não apenas ações já ocorridas, mas também a expectativa quanto à capacidade e vontade do país em prosseguir com a agenda de reformas econômicas", diz o documento, destacando a reforma em impostos sobre consumo, em tramitação no Congresso.
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Primeiro ETF de XRP do mundo estreia na B3 — marco reforça protagonismo do Brasil no mercado de criptomoedas
Projeto da Hashdex com administração da Genial Investimentos estreia nesta sexta-feira (25) na bolsa de valores brasileira
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Solana (SOL) no Itaú: banco expande sua oferta de criptomoedas e adiciona 3 novos tokens no app
Além do bitcoin (BTC) e do ethereum (ETH), disponíveis desde 2024, Itaú adiciona XRP, solana (SOL) e USDC ao seu catálogo de investimentos
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)