Pacote do Haddad: confira as primeiras medidas econômicas do ministro da Fazenda de Lula
A intenção de Haddad é ir ao Fórum Econômico Mundial de Davos munido de decisões que ajudem a reduzir o déficit estimado em R$ 231,5 bilhões neste ano

Fim do mistério: o ministro da Economia, Fernando Haddad, apresentou nesta quinta-feira (12) o primeiro pacote de medidas econômicas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia é que ele vá ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na próxima semana, munido de decisões que ajudem a reduzir o déficit estimado em R$ 231,5 bilhões neste ano.
A previsão do rombo fiscal cresceu com a aprovação da PEC que permitiu ao novo governo furar o teto de gastos para cumprir promessas de campanha. Por isso, Haddad comemorou a nova estimativa de receita do Tesouro, de R$ 36 bilhões para o ano — algo em torno de 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB).
Ele destacou também o aproveitamento dos ativos do PIS/Pasep, como previsto na PEC da Transição, que considera R$ 23 bilhões. "Estamos falando de praticamente R$ 60 bilhões, o que é receita primária sem que nada precise ser feito", afirmou
Falando em coletiva, Haddad disse que o principal objetivo do Ministério da Economia é fazer com que as despesas e as receitas se aproximem do cenário de 2022, em relação ao PIB.
"Me parece evidente que é adequado tentar equilibrar o orçamento ainda neste ano. Não estamos reclamando que somos governo, mas festejando porque iremos arrumar a casa", disse Haddad, citando uma agenda conjuntural de 90 dias.
Segundo o ministro, as medidas econômicas serão acompanhadas passo a passo e se houver frustrações, novos cálculos serão feitos, com possibilidade de outros anúncios.
Leia Também
Lula defende redução da jornada 6x1 em discurso do Dia do Trabalhador
Entre os principais pontos do pacote anunciados hoje estão a revogação da redução do PIS/Cofins cobrado sobre receitas financeiras de grandes empresas e a volta do voto de desempate em favor da Fazenda no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
- Leia também: Eurasia: existe risco que medidas judiciais para conter novas manifestações agravem polarização
E a desoneração dos combustíveis, Haddad?
Uma das incertezas sobre as medidas do novo governo é a desoneração de PIS/Cofins sobre combustíveis. No dia em que tomou posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou uma medida provisória que prorrogou por 60 dias a desoneração da gasolina e do diesel até o final do ano, o que significa perda de receitas para a União.
Segundo Haddad, uma decisão sobre o assunto só será tomada após o indicado para a presidência da Petrobras, Jean Paul Prates, assumir o cargo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu mudar a política de preços da estatal, que hoje é atrelada à variação do dólar e do valor do barril de petróleo no mercado internacional .
Durante o anúncio das primeiras medidas econômicas do governo Lula, Haddad afirmou que o governo estima a receita de PIS/Cofins sobre combustíveis de acordo com a lei atual, mas que o presidente pode reavaliar o prazo de redução dos impostos federais sobre esses produtos.
A volta do voto de qualidade
O pacote de medidas apresentado hoje inclui a volta do chamado voto de qualidade — instrumento extinto em 2020 que permitia o desempate em julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) a favor do governo.
O Carf é o tribunal administrativo que julga recursos de autuações da Receita Federal antes de os processos irem à Justiça.
Segundo a lei de 2020, em caso de empate no julgamento de processo administrativo de determinação e exigência do crédito tributário, resolve-se em favor do contribuinte. Até então, o voto de qualidade permitia ao presidente de cada turma do Carf, sempre um representante da Fazenda Nacional, desempatar os julgamentos.
Haddad argumenta que teses favoráveis à Fazenda reconhecidas pelo Judiciário têm sido revistas pelo Carf. “A Fazenda ganha no Judiciário, mas não pode recorrer a ele”, justifica o Ministério.
“Era melhor não ter o Carf do que ter como era antes. Tivemos R$ 60 bilhões em prejuízos por ano com o Carf como era. Com as mudanças de cultura teremos um ganho de R$ 50 bilhões por ano”, disse Haddad.
Litígio Zero
Haddad também anunciou um programa de refinanciamento de dívidas tributárias. Chamado de 'Litígio Zero', o mecanismo permitirá parcelar dívidas com a União e incluirá descontos de até 100% de multas e juros para pessoas jurídicas. O parcelamento poderá ser feito em até 12 meses.
O programa prevê ainda elevar o piso de acesso de processos ao Carf. Hoje, o corte é de 60 salários mínimos e a proposta é que processos de até mil salários mínimos sejam julgados definitivamente nas delegacias.
Com a medida, a Fazenda espera redução de 70% dos processos que entram no tribunal tributário, mas que representam menos de 2% do valor total.
Segundo a apresentação, o estoque de processos administrativos no Carf vem oscilando em torno de 100 mil desde 2018. Já o valor do estoque subiu de cerca de R$ 600 bilhões entre dezembro de 2015 e dezembro de 2019 para mais de R$ 1 trilhão em outubro do ano passado.
O Litígio Zero prevê também o fim do recurso de ofício para processos com valores abaixo de R$ 15 milhões. De acordo com o ministério, nesses casos, se o contribuinte vence na primeira instância, acaba definitivamente o litígio.
A previsão é de que sejam extintos automaticamente quase mil processos hoje no Carf, que envolvem quase R$ 6 bilhões.
Haddad: Enrola ou Desenrola?
Nem tudo, no entanto, foi anunciado hoje. O ministro da Fazenda deixou, por exemplo, o Desenrola para depois de sua viagem ao Fórum Econômico de Davos, que ocorre na semana que vem. Haddad viaja no domingo para a Suíça.
O programa de renegociação de dívidas é uma promessa de campanha de Lula e o adiamento do lançamento foi anunciado mais cedo pelo próprio Haddad, após reunião com a presidente indicada do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e o diretor de Contadoria e Controladoria da Caixa, Marcos Rosa.
“Não adianta desenrolar a vida das pessoas se as empresas não conseguirem se reorganizar”, disse Haddad.
Déficit primário
O Ministério da Fazenda prevê reversão do déficit primário de R$ 231,55 bilhões previsto no Orçamento deste ano com medidas desenhadas para 2023, a maior parte com ações do lado da arrecadação.
Considerando uma reestimativa de receita no Orçamento de R$ 36,40 bilhões, ações permanentes de receitas, recursos extraordinários e medidas de redução de gastos, o resultado primário no fim do ano seria de superávit de R$ 11,13 bilhões, ou 0,10% do PIB.
O ajuste, portanto, seria de R$ 242,68 bilhões. Para 2024, a Fazenda prevê ajuste de R$ 184,98 bilhões com as medidas.
Para este ano, o plano considera R$ 83,28 bilhões em medidas permanentes do lado da arrecadação, R$ 73 bilhões em receitas extraordinárias e R$ 50 bilhões em redução de despesas.
Na parte dos gastos, a proposta é de ganho de R$ 25 bilhões com a revisão de contratos e programas e mais R$ 25 bilhões obtidos com a autorização de execução inferior ao autorizado na lei orçamentária anual.
Nas medidas de obtenção permanente de receitas, estão incluídos R$ 30 bilhões em aproveitamento do crédito do ICMS, R$ 28,88 bilhões de PIS/Cofins sobre combustíveis e R$ 4,40 bilhões da medida de reoneração de PIS/Cofins sobre receita financeira.
Além disso, o pacote considera R$ 15 bilhões de efeito permanente do incentivo à redução da litigiosidade no Carf e mais R$ 5 bilhões de efeito permanente de incentivo à denúncia espontânea.
Na parte de receitas extraordinárias, há ganho previsto de R$ 60 bilhões com o incentivo extraordinário à redução de litigiosidade no Carf (R$ 35 bilhões) e à denúncia espontânea (R$ 25 bilhões). Por fim, o plano considera R$ 23 bilhões em aproveitamento dos ativos do PIS/Pasep.
Na apresentação, a Fazenda destacou que há 1,61% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 169,68 bilhões, em melhorias permanentes do resultado fiscal, considerando a reestimativa de receita, as ações permanentes de arrecadação e o corte de gastos.
O documento também indica que a receita líquida do Governo Central pode passar de 17,2% do PIB para 19% do PIB, considerando o potencial de recuperação de receitas. Em 2022, estava em 18,7% do PIB, segundo a apresentação.
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Haddad prepara investida para atrair investimentos em data centers no Brasil; confira as propostas
Parte crucial do processamento de dados, data centers são infraestruturas que concentram toda a tecnologia de computação em nuvem e o ministro da Fazenda quer colocar o Brasil no radar das empresas de tecnologias
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment
Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Guido Mantega vai ficar de fora do conselho da Eletrobras (ELET3) e governo busca novo nome, diz jornal
Há cinco dias da assembleia que elegerá os membros do conselho da empresa, começa a circular a informação de que o governo procura outra opção para indicar para o posto
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
Lula é reprovado por 59% e aprovado por 37% dos paulistas, aponta pesquisa Futura Inteligência
A condição econômica do país é vista como péssima para a maioria dos eleitores de São Paulo (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate à alta dos preços e a criação de empregos