Atos golpistas em Brasília não mudaram otimismo do investidor estrangeiro com o Brasil – pelo menos por enquanto
Ataques do último domingo (8) foram lidos como evento isolado e reação fortaleceu Lula. Gringos seguem de olho na agenda econômica
Desde o começo de 2022, já se notava uma diferença nas preferências políticas do investidor local em comparação ao estrangeiro.
Enquanto boa parte dos representantes brasileiros do mercado financeiro doméstico mantinha o casamento político-ideológico com Jair Bolsonaro (PL), os gringos preferiam flertar com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Estrangeiros preferem Lula a Bolsonaro. Sou acusado de petista quando digo isso, mas não matem o mensageiro", disse inúmeras vezes Rogério Xavier, um dos nomes mais respeitados do mercado — e responsável pelo X no nome da gestora SPX.
Essa postura mais condescendente dos investidores globais em relação ao novo governo foi colocada à prova no último domingo, em meio aos atos golpistas que assolaram a Praça dos Três Poderes em Brasília. Mas, em linhas gerais, tudo segue como antes — a confiança não foi golpeada.
Leia mais:
- Biden fala com Lula por telefone sobre ataques em Brasília — saiba o que os dois conversaram
- Vai voltar? Bolsonaro prepara retorno ao Brasil em meio à pressão por extradição dos EUA
Para o estrangeiro, a resposta firme do Executivo, Legislativo e Judiciário contra a barbárie vista nas invasões reforçou a solidez da democracia brasileira, uma vez que até mesmo políticos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro repudiaram a baderna.
Quer uma prova? Na sessão da segunda-feira (9), pós-tentativa de golpe, os investidores internacionais ingressaram com R$ 400 milhões na B3 — as cenas de destruição rodaram o mundo, mas não frearam o fluxo estrangeiro.
Leia Também
Os investidores institucionais, por sua vez, retiraram R$ 307 milhões, e os individuais, R$ 152 milhões — duas categorias que são formadas quase que inteiramente por brasileiros. O Ibovespa ficou praticamente estável na segunda, fechando em leve alta de 0,15%; o dólar avançou 0,40%.
Além disso, um dos principais medidores de risco-país, o Credit Default Swap (CDS) de 5 anos — que vem em trajetória de queda desde o fim das eleições —, continuou em baixa nesta semana, indicando que a chance de o Brasil não honrar suas dívidas reduziu.
Mais que isso, as análises dão conta de que não só a democracia, mas o presidente Lula em si sai fortalecido. E se o petista pode fazer do limão uma limonada, como deve ficar o prognóstico para a economia e o mercado financeiro, do ponto de vista dos investidores estrangeiros?
A fim de entender esse sentimento após os atos de domingo, o Seu Dinheiro foi atrás de fontes ligadas ao investimento estrangeiro que pudessem interpretar os últimos acontecimentos.
Estrangeiro vê evento isolado
A principal preocupação expressada pelos gringos era a possibilidade de uma reação em cadeia dos atos golpistas.
Apesar de não ser possível dizer que esse risco esteja completamente descartado, dado que os apoiadores de Bolsonaro seguem convocando novas manifestações, a impressão dos investidores é a de que os ataques de domingo foram um evento isolado, que foi contido pelas autoridades e repudiado pela sociedade civil.
Para Daniela da Costa-Bulthuis, gestora para o Brasil da holandesa Robeco, uma das maiores casas de investimentos da Europa, os eventos de domingo não mudaram a percepção dos investidores estrangeiros sobre o Brasil.
“Na verdade, até reforça a visão de que o Brasil é uma democracia e que a sociedade valoriza suas instituições”, afirmou Daniela ao Seu Dinheiro.
Ela destaca, também, que os atos podem levar o governo Lula a juntar mais aliados no Congresso.
Na visão do economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson, a ameaça à presidência de Lula poderia fazê-lo abraçar as pautas mais à esquerda da sua agenda econômica, como maiores gastos com bem-estar social, um papel maior do Estado na economia e uma atuação reduzida das forças de mercado.
Mas o fato de Lula ter pedido aos seus ministros para manter a agenda de anúncios do novo governo pode ter contribuído para acalmar os investidores.
“O governo, aparentemente, não vai usar esse evento para postergar o anúncio de medidas de ajuste, e é isso que o mercado espera. A questão fiscal, das reformas, continua sendo a variável chave para o estrangeiro”, disse Paulo Clini, diretor de investimentos da Western Asset.
Novos problemas, antigos desafios
A invasão dos palácios dos três poderes da República encontra paralelos com a do Capitólio dos Estados Unidos, ocorrida há dois anos: ambas foram organizadas e financiadas por opositores do governo recém-eleito, inconformados com a derrota nas urnas.
Devido às semelhanças embrionárias entre os dois ataques, o investidor estrangeiro espera também que a reação da economia e dos mercados seja parecida com o que houve por lá.
“Naquela ocasião, depois do evento, as consequências econômicas para o crescimento dos EUA foram quase nulas, não houve um impacto relevante. Então, devemos ter a mesma coisa no Brasil”, avaliou Clini.
Portanto, as preocupações continuam sendo as mesmas de antes dos protestos: a agenda econômica.
“Fala-se em estabelecer uma nova âncora fiscal, micropolíticas para fomentar a indústria, crescimento sustentável, proteção ambiental e realizar uma reforma tributária. Todos esses temas são muito atraentes para investidores globais de longo prazo que esperam ver os problemas estruturais do Brasil sendo resolvidos”, disse Daniela.
A equipe de estratégia de ações do Julius Baer aguarda por sinais de que o governo conseguirá acalmar as preocupações fiscais, o que poderia fazer as ações brasileiras se valorizarem.
Mas existe o risco de o governo Lula falhar na execução do plano e passar a tentar corrigir desequilíbrios por meio de intervenções no mercado.
“Isso aconteceu em gestões passadas e acabou em recessão. Cometer os mesmos erros do passado é o maior risco da atual administração”, avaliou a gestora da Robeco.
Unificação é dificuldade para estrangeiro
Ainda que o investidor estrangeiro refute a ideia de que os eventos de domingo sejam “divisores de águas”, ele frisa o desafio imposto ao governo Lula de promover a paz no País.
O Goldman Sachs ressalta que as tensões podem afetar a governabilidade e diz que tanto situação quanto oposição precisam trabalhar para “sanar as profundas brechas políticas e sociais abertas durante a campanha”.
Mas é importante notar que a análise dos gringos vale para um ambiente que não permitirá novas manifestações golpistas. Caso haja recorrência dos protestos violentos, a visão muda.
“Se o país ficar ainda mais dividido ou se o novo governo perder tempo aumentando a animosidade com os oponentes em vez de construir pontes e trabalhar em um plano econômico robusto, isso pode funcionar contra o ânimo dos empresários e dos investidores”, destacou Daniela.
*Colaborou Victor Aguiar
É tudo fachada? Arranha-céu cheio de bilionários e famosos corre risco de colapso
Refúgio de bilionários onde mora Jennifer Lopez corre risco de desabamento. Entenda o que causou a crise no arranha-céu
Usiminas (USIM5) cai até 8% com prejuízo inesperado, mas possíveis dividendos melhoram humor do acionista
Empresa registrou um prejuízo de 3,5 bilhões no terceiro trimestre após revisões de ativos que os analistas não esperavam
Vai tentar o Sisu 2026? Agora você pode usar a melhor nota do Enem dos últimos três anos
MEC muda regra para ampliar oportunidades e reduzir a pressão sobre os candidatos; veja como vai funcionar o novo sistema de seleção
NBA abre temporada nas páginas policiais: escândalo de apostas leva técnico e jogador à prisão e envolve até a máfia
Escândalo de apostas esportivas e manipulação de resultados atinge a NBA; investigação do FBI prende 31 pessoas, incluindo o técnico Chauncey Billups e o armador do Miami Heat, Terry Rozier
Black Friday ou Black Fraude? Golpes disparam e consumidores ligam o alerta; veja como se proteger
Descontos de mentira, Pix falsos e anúncios clonados: os bastidores da “Black Fraude”
Restituição do IR: Receita Federal libera consulta a lote da malha fina; veja se você recebe
Consulta ao lote residual de outubro contempla contribuintes que saíram da malha fina ou entregaram a declaração fora do prazo
João Fonseca x Denis Shapovalov no ATP 500 da Basileia: veja horário e onde assistir
João Fonseca enfrenta o canadense Denis Shapovalov pelas quartas de final do ATP 500 da Basileia nesta sexta-feira (24)
Mega-Sena acumula de novo e prêmio em jogo se aproxima de R$ 100 milhões
A Mega-Sena é o carro-chefe das loterias da Caixa. Ela está encalhada há sete sorteios, mas só voltará à cena amanhã.
Lotofácil 3520 tem 33 ganhadores, mas só 5 ficam milionários
Com sorteios diários, a Lotofácil volta à cena na noite desta sexta-feira (24) com prêmio estimado em R$ 1,8 milhão na faixa principal do concurso 3521
Caixa libera hoje (24) parcela de outubro do Bolsa Família para NIS final 5
Caixa libera mais uma rodada do Bolsa Família; 18,9 milhões de famílias recebem em outubro
“Com a dívida pública no nível atual, cada brasileiro acorda devendo R$ 30 mil”, diz Gustavo Franco
Idealizador do Plano Real afirma estar assustado com a situação fiscal, e afirma que a postura do governo está errada e precisa mudar
Só para os “verdadeiros”: Maroon 5 fará show gratuito no Brasil, mas apenas 3 mil fãs terão acesso
Banda se apresentará de graça em São Paulo no dia 5 de dezembro; saiba como concorrer aos ingressos
Por que a temporada de balanços do 3T25 não deve ser “grande coisa”, segundo estes gestores — e no que apostar
O Seu Dinheiro conversou com Roberto Chagas, head de renda variável do Santander Asset, e Marcelo Nantes, head de renda variável do ASA. Eles explicam porque a safra de resultados deve ser morna e quais são as empresas que devem se destacar — além de ações para ficar de olho
Do CadÚnico ao CNPJ: o novo rosto do empreendedorismo brasileiro derruba mito sobre o Bolsa Família
Levantamento do Sebrae e do MDS mostra que 2,5 milhões de brasileiros inscritos em programas sociais decidiram empreender após entrarem no CadÚnico
Governo Lula aperta caixa do INSS após fraude — e um acordo com os Correios pode estar em risco
Segundo a revista Veja, o bloqueio e a redução de recursos determinados pelo governo agravaram a situação financeira do INSS; entenda o que isso significa
Bolsa Família paga nesta quinta (23) beneficiários com NIS final 4; veja quando você recebe
Programa chega a 18,9 milhões de famílias e inclui adicionais de até R$ 150 por criança
Não tem (prêmio) pra ninguém: Lotofácil, +Milionária e Quina acumulam; Mega-Sena pode pagar uma fortuna hoje
Nem a Lotofácil salvou a noite das loterias da Caixa. Junto com ela, a Quina, a Lotomania, a +Milionária, a Dupla Sena e a Super Sete acumularam na quarta-feira (22).
IOF, bets: Câmara aprova urgência para projeto que dobra imposto das apostas e reforça plano fiscal do governo
A proposta de dobrar a alíquota das apostas online de 12% para 24% é vista pelo governo como peça-chave para recompor a arrecadação e cumprir a meta fiscal de 2026
Vai voltar a ser como antes? Senado aprova gratuidade para bagagem de mão em voos
A proposta altera o Código Brasileiro de Aeronáutica e define em lei o transporte gratuito de bagagem de mão — algo que, até agora, dependia apenas de resolução da Anac
‘Nova poupança’ é boa, mas não espetacular para construtoras de média renda, diz gestor que ainda prefere as populares
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o head de renda variável do ASA, afirma que a nova política habitacional do governo federal pode até ajudar setor de média renda na construção, mas taxa de juros impede que o impacto positivo seja tão grande
