🔴 ONDE INVESTIR EM NOVEMBRO: AÇÕES, DIVIDENDOS, FIIS E CRIPTOMOEDAS – CONFIRA

Felipe Miranda: Assassinos por Natureza

O S&P 500 é um investimento historicamente sólido, mas isso não quer dizer que, nas condições certas, não seja possível apostar contra ele

15 de maio de 2023
20:18 - atualizado às 14:59
Tinta vermelha simula sangue na palavra Wall Street
O nome Wall Street sangrando. - Imagem: Shutterstock

Mickey: “Eu identifiquei a minha verdadeira vocação.”
Wayne Gale: “E qual seria?”
Mickey: “Merda, cara, eu sou um assassino por natureza.”

(Assassinos por Natureza, 1994)

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Dizem por aí que há duas formas de ir para o inferno. A primeira seria aquela coisa conhecida: você se comporta como um mau menino durante a vida, morre e depois vai passar uma longa temporada naquele calorzinho desagradável.

A segunda ocorreria ainda durante sua estada neste plano, sem que precisasse falecer, bastando “shortear" (vender) o S&P 500 para encontrar semelhante sensação.

Em longo prazo, o principal índice de ações norte-americano é, talvez, o melhor investimento do mundo, de tal modo que apostar contra ele implicaria um viés de nadar contra a corrente. 

Então, ainda que muitos possam concordar com um valuation caro para a bolsa norte-americana, sua predileção seria observar de fora, sem uma posição vendida, tipicamente muito custosa. A bolsa dos EUA seria cara e sempre pareceria cara.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Permanecendo nessa temática, me lembro da frase atribuída a Dante: “os lugares mais quentes do inferno estão reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempos de crise.” Numa abordagem mais bem humorada, recorro a Mark Twain: “prefiro o céu pelo clima, o inferno pela companhia.”

Leia Também

O short pode ser desagradável e penoso, mas isso não significa que não deva ser montado, principalmente quando se encaixa bem dentro da construção de portfólio. Os índices de ações têm negociado numa faixa surpreendentemente estreita por bastante tempo. Ainda que possam voltar a subir a partir da superação do ciclo de aperto monetário, a assimetria não parece nada convidativa para uma posição comprada.

S&P, bancos centrais e a natureza humana

Entre os pontos de maior dificuldade da ciência econômica (e também da política econômica), está a determinação exata dos efeitos das mudanças na taxa básica de juro sobre a atividade e a inflação. Isso é particularmente problemático porque os impactos, necessariamente, ocorrem com defasagem e, na vida real, jamais, sob a preservação da hipótese de ceteris paribus.

Em outras palavras, você mexe no juro de curto prazo hoje e milhões de outras variáveis continuam mudando. O efeito do aperto monetário só vai ser visto lá na frente, sem que possamos identificar exatamente o que decorreu, de fato, das mudanças na taxa básica de juro. Muitas vezes, confundimos correlação com causalidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E sem querer tornar a discussão excessivamente técnica, a econometria associada a esse tipo de teste, normalmente ligada a exercícios de causalidade de Granger e funções de resposta a impulso, também funciona apenas sob premissas bastante restritivas.

O velho problema das ciências sociais: não conseguimos isolar num laboratório todas as demais variáveis do mundo real e fazer somente a taxa de juro mudar, esperar 12 meses e ver o que acontece com o PIB, o desemprego e a inflação.

Niall Ferguson costuma recorrer à Filosofia da História para apontar dificuldades em afirmações como: “a revolução francesa teve como causa uma seca história no ano anterior.” Isso implica dizer, em alguma medida, que, se não houvesse a seca, a Bastilha não teria sido tomada.

Mas não conseguimos voltar no tempo e fazer o teste da hipótese alternativa. Quando não podemos falsear determinadas afirmações ou hipóteses, ainda assim estaríamos fazendo ciência? E se não fazemos ciência quando falamos de Economia, então do que dispomos?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Larry Summers é um dos que reconhecem o problema. Não somente existe uma grande dificuldade em identificar qual a defasagem média entre a mudança de juro e a reação das variáveis reais, como também há grande variância em torno dessa resposta. Em alguns momentos, ela se dá mais rápida e intensa. Em outros, demora e vai morosa.

De ordem mais prática, os formuladores de política econômica se deparam com um grave problema (antes de criticá-los, tente se imaginar sentado naquela cadeira): você identifica um processo inflacionário. Então, amparado no modelo da autoridade monetária, começa a subir a taxa de juro.

Ocorre que as variáveis reais não respondem de imediato. Você continua, portanto, subindo o juro básico. Em determinado momento, as variáveis reais começam a reagir ao aperto do torniquete monetário feito meses antes. Mas, então, ainda precisam reagir a toda a alta mais recente dos juros, realizada nesse intervalo de tempo.

Os Bancos Centrais, se soubessem exatamente o período e o tamanho da defasagem, teriam de parar antes dos efeitos da política monetária serem sentidos na inflação e nas expectativas de inflação, o que, por definição, seria não observável e implicaria, portanto, um risco enorme.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Daí deriva uma espécie de tendência natural ao “overkill" ou “overtightening”, uma inclinação de aperto excessivo das condições monetárias que leva as economias à recessão. E é também por isso que acreditar num pouso suave dos EUA parece presumir uma habilidade quase sobre-humana do Fed, capaz de levar a taxa de juro ao ponto exato em que a inflação desacelera sem que incorramos numa recessão mais severa.

Relatório recente da BCA foi explícito ao apontar essa tendência histórica para o Banco Central Europeu, como demonstra o gráfico abaixo:

Indicadores, leituras, e análises

Nos EUA, já há indicadores antecedentes importantes apontando para uma desaceleração mais intensa. As vendas de caminhões estão reduzindo o ritmo de maneira destacada; o preço das ações de transporte tem tido uma performance média inferior ao S&P 500 (o que costuma ser sinal de piora na economia) e o petróleo caiu muito, enquanto o ouro está perto da máxima.

As condições de crédito seguem se deteriorando e, conforme identificou o JP Morgan em relatório de estratégia de ações nesta manhã, “o risco retorno para as ações em nível global se deteriorou, com uma provável fraqueza na segunda metade do ano.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na tradicional Sohn Conference deste ano, o lendário gestor Stanley Druckenmiller fez um bom resumo da situação: "quando você tem dinheiro de graça (cenário de juros zero e muita liquidez), as pessoas fazem coisas estúpidas. Quando você tem dinheiro de graça por 11 anos, as pessoas realmente fazem coisas estúpidas. Então, há coisas sob a superfície e algumas delas estão começando a emergir. Obviamente, tivemos os bancos regionais agora. Mas eu assumiria que há outros corpos que podem aparecer boiando.” 

Druckenmiller alertou para o risco de um pouso forçado para a economia norte-americana, que envolveria uma queda de, pelo menos, 20% dos lucros corporativos, uma alta na taxa de desemprego para 5% e um aumento dos pedidos de falência. "Não estou prevendo algo tão dramático quanto 2008, mas seria ingênuo não ter a mente aberta para a possibilidade de um efeito mais pronunciado”, concluiu. 

Seguimos em boa companhia. “Pegar fogo nunca foi atração de circo, mas, de qualquer maneira, pode ser um caloroso espetáculo.” Estamos com saudade da Rita Lee e short em S&P 500.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998

3 de novembro de 2025 - 22:11

Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.

DÉCIMO ANDAR

Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários

2 de novembro de 2025 - 8:00

Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje

31 de outubro de 2025 - 7:58

A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi

SEXTOU COM O RUY

Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado

31 de outubro de 2025 - 6:07

A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje

30 de outubro de 2025 - 7:34

A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas

29 de outubro de 2025 - 20:00

Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje

29 de outubro de 2025 - 8:10

Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje

28 de outubro de 2025 - 7:50

A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul

28 de outubro de 2025 - 7:31

Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje

27 de outubro de 2025 - 8:09

Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo

24 de outubro de 2025 - 8:03

Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje

SEXTOU COM O RUY

Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel

24 de outubro de 2025 - 6:01

Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje

23 de outubro de 2025 - 8:21

Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada

22 de outubro de 2025 - 20:00

A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje

22 de outubro de 2025 - 7:58

Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje

21 de outubro de 2025 - 8:00

Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem

21 de outubro de 2025 - 7:35

O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico

20 de outubro de 2025 - 19:58

Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje

20 de outubro de 2025 - 7:52

Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana

BOMBOU NO SD

CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana

19 de outubro de 2025 - 15:02

Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar