O que você precisa saber antes de investir em um fundo de previdência
Fundos de previdência possuem benefícios interessantes, mas você precisa prestar atenção a seus limites e diferenças em relação a fundos tradicionais antes de investir
Fundos de previdência são fundos de investimento como quaisquer outros, encobertos sob a “casca” de previdência.
É comum receber dúvidas de amigos e familiares sobre a categoria, imaginando se tratar de um tipo de seguro ou com receio de seu dinheiro ficar trancado até a aposentadoria.
Esse desconhecimento, porém, não é culpa do investidor, mas das instituições que disseminaram a (péssima) cultura de produtos de previdência ruins, caros e inadequados ao perfil de seus clientes – assunto mencionado brevemente em minha coluna de estreia.
Essa cultura de desinformação é herança de épocas em que o investidor brasileiro esteve acostumado a uma taxa de juros (Selic) de dois dígitos – presente hoje novamente para deixá-lo mal-acostumado mais uma vez –, principalmente até a metade de 2015.
Isso faz com que qualquer investidor não se motive muito a se mexer e a buscar conhecimento e alternativas além da renda fixa, aceitando qualquer previdência e se preocupando mais com o plano e com os benefícios tributários do que com o fundo de investimento no qual ela investe.
- LEIA TAMBÉM: Dá para pagar uma faculdade de Medicina? Como o Tesouro Educa+ pode ajudar você a pagar os estudos do seu filho
Os benefícios da “casca” previdência
É fato que a simples “casca” de previdência já traz muitos benefícios capazes de potencializar os ganhos de longo prazo. Os três principais são: o benefício fiscal do PGBL – o abatimento de até 12% da renda tributável na base de cálculo do Imposto de Renda (IR) –, a ausência de come-cotas e a menor alíquota da indústria (de 10% após 10 anos na tabela regressiva).
Leia Também
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Na sua próxima declaração de IR, por exemplo, se você aplicou em uma previdência do tipo PGBL para obter o benefício fiscal em 2023, terá a boa notícia de uma restituição mais gorda no ano que vem.
Já o come-cotas é a antecipação do IR ao governo que ocorre duas vezes ao ano, no último dia útil dos meses de maio e de novembro, para fundos tradicionais de renda fixa, cambiais e multimercados.
Aliado ao benefício anterior, você que investe em previdência teve um ganho extra comparado aos fundos com essa cobrança. Afinal, não há come-cotas na previdência, independentemente da classe do fundo.
Para completar os principais benefícios da previdência, que a tornam tão atrativa no longo prazo, a possibilidade de ter a menor alíquota no resgate, de 10% após 10 anos, aumenta ainda mais o retorno comparado com fundos tradicionais – que chegam a, no mínimo, 15%, com exceção dos isentos.
Resumo a seguir a comparação desses e de outras duas vantagens da previdência em relação a fundos tradicionais, que tornam a categoria tão interessante:
Elaboração: Empiricus.
Será mesmo um bom plano de previdência? Fique atento ao fundo investido!
Esses benefícios, no entanto, podem ser ofuscados caso o fundo investido nesse plano de previdência seja ruim ou tenha taxas elevadas.
Por isso, é importante que você esteja atento não só aos detalhes do plano, mas também ao fundo investido.
A boa notícia é que a representatividade de gestoras independentes na indústria de previdência tem crescido consideravelmente nos últimos anos, retirando a hegemonia dos “bancões” e aumentando a competitividade. Quem sai ganhando dessa “briga” é o investidor.
Isso aconteceu em especial após alguns anos de evolução, principalmente a partir de novembro de 2015, com a resolução CMN 4.444, emitida pelo Banco Central.
Para você ter uma ideia, até essa data os fundos de previdência podiam investir apenas até o limite de 49% em renda variável; após essa resolução, esse teto subiu para 70% para fundos disponíveis ao público geral (PG) e a 100% para aqueles destinados ao investidor qualificado (IQ).
Ela também permitiu a cobrança de taxa de performance nesses fundos, gerando um maior alinhamento entre o gestor e o investidor.
Mas muita coisa ainda estava restrita. Uma delas, por exemplo, era o limite de 10% para ativos com variação cambial em fundos PG e de 20% para fundos IQ.
Depois de alguns anos de evolução, em dezembro de 2019, foi publicada a resolução CMN 4.769, alterando as regras anteriores da CMN 4.444, permitindo aos fundos de previdência a terem mais exposição a ativos com variação cambial – o que ajuda em suas operações com ativos estrangeiros –, além de poderem ter mais flexibilidade no uso de margem para derivativos e na compra de opções.
Todas essas resoluções foram substituídas, em março de 2022, pelas resoluções CMN 4.993 e 4.994, referentes à previdência privada e fundos de pensão, respectivamente, que consolidaram todas as normas.
Espelho, espelho meu... existe alguém mais aderente do que eu?
Mesmo com toda a sofisticação em fundos de previdência nos últimos anos, ainda existem diferenças importantes em relação aos fundos tradicionais – que seguem a instrução CVM 555, já em vias de sua atualização para a instrução CVM 175, prevista para entrar em vigor a partir de 2 de outubro.
Por exemplo, fundos de previdência, ainda possuem algumas restrições, como a proibição de alavancagem (quando operam um valor acima de seu patrimônio líquido, utilizando derivativos), além dos limites mencionados para uso de margem para derivativos (de 15%) e para compra de opções (de 5%) que, apesar de positivas, ainda limitam suas operações.
Além disso, especificamente para fundos de ações, suas versões de previdência não podem comprar ativos de empresas coligadas à seguradora do fundo. Fundos de previdência da BTG Seguradora, por exemplo, não podem comprar ações de companhias como BTG, Banco Pan e Eneva – uma das restrições mais incoerentes na nossa opinião.
Essas divergências, quando acumuladas, podem ser relevantes o suficiente para diferenciar consideravelmente as operações de um fundo de previdência e tradicional, mesmo que façam referência à mesma estratégia.
Por isso, é importante o investidor avaliar o nível de aderência entre essas duas versões, para entender se faz sentido a aplicação na versão de previdência, para estar exposto à estratégia de sucesso da gestora e aproveitar os benefícios da previdência ao mesmo tempo – o melhor dos dois mundos.
Amanhã, os assinantes da série Os Melhores Fundos de Investimento receberão um relatório sobre o tema, em que apresentaremos nosso cálculo proprietário de um índice de aderência entre fundos de previdência e tradicional de uma mesma estratégia (quando existe essa relação).
O ano de 2024 já está logo ali!
Antes de me despedir por hoje, quero lembrá-lo que o ano de 2024 já está quase batendo à nossa porta.
Diferente de outros investidores, que postergam o investimento em previdência (do tipo PGBL) para os últimos dias de dezembro para garantir o benefício fiscal do ano que vem, sugiro que você já se planeje para não ter que gastar o décimo terceiro (ou outras eventuais rendas extras) para completar o seu aporte e se aproximar o máximo possível dos 12% do limite de sua renda bruta tributável anual.
Afinal, você não vai querer perder a oportunidade de preservar uma parcela dos seus rendimentos que cairia na boca do Leão.
O tempo é o melhor amigo do investidor de longo prazo e o seu “eu do futuro” te agradecerá por ter se importado consigo mesmo desde já.
Conte comigo para te ajudar nessa jornada.
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos