Por que ter microcaps na carteira, mesmo com juros altos e economia ainda frágil?
Microcaps sofrem num ambiente econômico adverso, mas também oferecem potenciais de valorização elevados quando o cenário melhora
Não é novidade para ninguém que, nos momentos difíceis, as companhias menores tendem a sofrer mais, por uma série de fatores diferentes. Microcaps acabam exigindo atenção extra por parte do investidor.
O acesso ao capital é bem mais difícil do que no caso das blue chips, e normalmente essas empresas menores acabam contraindo empréstimos com custos mais elevados — e que se tornam um problemão quando a Selic sobe.
Outra questão está relacionada à diversificação regional. Essas companhias normalmente não têm escala suficiente para exportar e acabam concentrando suas vendas no mercado nacional, sofrendo mais com uma desaceleração interna.
Além desses fatores, podemos citar vários outros — como poder de barganha ou capacidade de fazer lobby, por exemplo —, mas nem precisamos entrar em tantos detalhes.
Fato é que, quando a economia desacelera e os juros sobem, são essas as empresas que mais costumam se desvalorizar, o que fica bem claro na comparação dos desempenhos do Ibovespa (das maiores empresas) com o índice Small Caps Brasil (com empresas de menor valor de mercado) desde outubro de 2021.
Mas quem disse que isso é ruim?
Leia Também

Microcaps também são as que mais sobem
Apesar de ações de empresas como Petrobras, Banco do Brasil e Weg mal terem sido impactadas pela piora das condições econômicas, muitas das chamadas microcaps foram dizimadas nos últimos anos.
A parte boa é que essa maior dificuldade também faz com que as microcaps sejam as maiores beneficiadas quando há uma melhora do cenário, exatamente como aconteceu de 2016 a 2020, quando o índice Small Caps deu uma surra no Ibovespa, com diversas empresas de menor capitalização entregando valorizações absurdas.

Para tentar entender um pouco melhor o potencial de alta dessa classe de ativos, resolvi fazer um exercício simples com as ações presentes na série Microcap Alert, cujo foco é investir justamente em empresas com baixo valor de mercado.
Pegamos todas as ações do portfólio e buscamos qual foi o múltiplo médio de EV/Ebitda ou Preço/Lucro de cada um desses papéis nos últimos cinco anos.
Em seguida, calculamos quais seriam os potenciais de valorização considerando apenas o retorno dos múltiplos atuais de cada um para suas respectivas médias do período considerado. Os resultados são mostrados na tabela abaixo.

Reforçando que essas não são estimativas de valorização das ações. Esses são apenas cálculos simples e objetivos de quanto cada papel teria para subir se apenas voltassem a negociar de acordo com seus múltiplos médios.
Com poucas exceções, vemos que a maioria das empresas negocia hoje com múltiplos muito abaixo do que costumavam negociar poucos anos atrás, não porque viraram companhias piores, mas porque as condições de mercado hoje são mais difíceis e acabaram afugentando os investidores.
Obviamente, o cenário ainda pode continuar ruim por algum tempo — pode até piorar, nunca se esqueça disso. Mas o exercício nos ajuda a entender que as magnitudes de valorização envolvidas em um simples retorno para a média não são nada modestas.
Bull markets vão além da média
Mas a verdade é que nos bull markets as valorizações das microcaps costumam ser ainda maiores. Primeiro, porque os múltiplos não costumam simplesmente voltar para a média — eles vão além.
Por exemplo: se a média de múltiplo de uma empresa foi de 7,5x EV/Ebitda nos últimos anos e, agora, ela negocia por 5x EV/Ebitda, é provável que em um bull market esse múltiplo ultrapasse a média e chegue a, digamos, 10x EV/Ebitda.
Mas não para por aí. Bull markets também trazem crescimento nos lucros corporativos, o que potencializa a capacidade de valorização das ações. Uma expansão de 5x EV/Ebitda para 10x EV/Ebitda nos múltiplos de uma ação causaria uma valorização de +100% em seu valor justo.
Mas se esse "re-rating" viesse combinado com um aumento de 50% no lucro da companhia no período — o que não é nada difícil para as microcaps, que são bastante sensíveis ao ambiente macro — esse upside sobe para +200%.

Esses são apenas exercícios simples, mas que já ajudam a mostrar como muitas microcaps seguem extremamente descontadas e com muito potencial para capturar uma melhora, quando ela vier.
Obviamente, existe o risco de as coisas piorarem ainda mais, o que torna a escolha de suas microcaps extremamente importante neste momento. É preciso saber separar aquelas que vão conseguir atravessar a tempestade daquelas que têm riscos sérios de naufragar.
Em nossa série Microcap Alert, buscamos empresas descontadas e com grande potencial de valorização, mas com capacidade de superar as adversidades. Prova disso é que, mesmo nesse início difícil de 2023, o portfólio entrega um retorno 6 pontos percentuais acima do índice Small Caps.
Se quiser conferir a nossa seleta lista de pequenas notáveis da bolsa, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos