O que a volta dos IPOs de tecnologia revela para o investidor que busca multiplicar seu capital
Os IPOs vêm, como sempre, na esteira de uma enorme valorização no mercado de ações. E o primeiro semestre de 2023 foi o melhor da história do Nasdaq
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia.
Nas últimas semanas, tenho escrito com recorrência sobre o sentimento geral de mercado em alguns nichos de tecnologia, como semicondutores (inteligência artificial) e meios de pagamentos (as fintechs).
O interessante nesses dois casos é que ambos representam extremos: a euforia infinita no segmento de inteligência artificial contrasta com o enorme pessimismo no segmento de meios de pagamentos.
Em ambos os casos, eu acredito que a resposta esteja no meio do caminho. Mas isso não é assunto para hoje.
Hoje, quero falar de um elemento que é estruturalmente positivo para o mercado, mas passou praticamente dois anos desaparecido: os IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial) na bolsa.
Os IPOs de tech voltaram
Na Reuters, há algumas semanas:
Leia Também
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
A Instacart é uma espécie de iFood americano, com uma diferença crucial: ela contrata diretamente seus mais de 600 mil entregadores.
No auge do financiamento barato (e da demanda induzida pela pandemia), ela foi mais uma das várias empresas a receberem cheques astronômicos do Softbank.
A contraparte desses cheques era um compromisso de crescer a qualquer custo, independente das operações serem lucrativas ou não.
Ao longo da sua história, foram cerca de US$ 3 bilhões levantados, sendo que a última rodada em tempos de bull market avaliou a empresa em US$ 39 bilhões.
Em dezembro do ano passado, porém, há notícias de que seu valuation foi reduzido para US$ 10 bilhões em operações internas.
De todo modo, duas coisas me chamaram a atenção no prospecto.
Tech com lucro
Primeiro, hoje a Instacart é lucrativa sem a necessidade de se fazer nenhum ajuste contábil.
Antes de 2021, isso era absolutamente impensável.
Segundo, mesmo três anos depois, ainda é bem difícil analisar as demonstrações contábeis das empresas que se beneficiaram muito da pandemia.
Por exemplo, veja o gráfico abaixo.
Esse gráfico compila os diferentes clusters de clientes entre 2017 e 2022 e o seu gasto consolidado ao longo dos anos.
Idealmente, as empresas se esforçam para que os clientes que permanecem gastem cada vez mais, todos os anos.
O crescimento hoje, apesar de ser obviamente menor que durante a pandemia, ainda segue maior do que 20% ao ano, com os clusters de clientes de 2021 tendo um comportamento parecido com os anteriores à pandemia (ou seja, com uma taxa de retenção de receitas da ordem de 129%).
Apesar do boom em termos de números totais de clientes na plataforma, a pandemia parece não ter alterado significativamente o padrão de consumo dos clientes ao longo do tempo.
Além do Instacart…
Outro IPO de tecnologia muito aguardado e que deve chegar ao mercado nas próximas semanas é o da inglesa ARM.
A ARM — que também é uma empresa do Softbank — é responsável pela arquitetura padrão de semicondutores presentes em praticamente todos os smartphones no mercado atualmente.
Além disso, é com base na arquitetura da ARM que empresas como Apple, Google e Amazon criaram seus chips proprietários, como o M1 da Apple que deu nova vida ao Macbook desde 2021.
Assim como a Instacart, a ARM é lucrativa, mas apresenta resultados em queda desde 2021.
Seu maior mercado — o de smartphones — é um segmento maduro e sem grandes oportunidades de crescimento.
Além disso, cerca de 25% dos resultados vêm da subsidiária chinesa da ARM. Essa subsidiária opera de maneira independente e não compartilha informações com a companhia.
De acordo com os fatores de risco no prospecto, houve momentos no passado em que a subsidiária chinesa simplesmente suspendeu pagamentos à ARM durante meses, sem apresentar muitas justificativas do motivo.
Diferente da Instacart, que é um nome de crescimento e facilmente compreensível, a ARM é dona de um conjunto de ativos que gera um valor muito maior do que o que ela é capaz de capturar enquanto companhia.
Essa particularidade torna bem difícil precificar as ações e entender seu verdadeiro propósito de longo prazo.
Clientes e sócios
A natureza "social" da ARM é tamanha que, ao que tudo indica, seus maiores clientes (Amazon, Google, Apple, Nvidia e outros), irão todos participar do IPO, formando um consórcio de acionistas interessados em garantir que, no longo prazo, a ARM trabalhe em benefício do ecossistema.
Esse é um IPO que deverá movimentar algo como US$ 5 bilhões, e será o maior no segmento de tecnologia desde 2021.
O que o retorno dos IPOs de tecnologia significa?
Os IPOs vêm, como sempre, na esteira de uma enorme valorização no mercado de ações.
O primeiro semestre de 2023 foi o melhor da história do Nasdaq.
Quando voltei a escrever para o Seu Dinheiro, em abril de 2022, o sentimento era outro.
O início do ciclo de aperto monetário provocava estragos em todo o segmento de tecnologia.
Várias ações caiam 80% das máximas e algumas bolhas específicas — sobre as quais escrevi neste espaço como os SPACs, as empresas de veículos elétricos e outros — começam a estourar.
Ainda sim, a mensagem que eu tentei passar foi sempre a de otimismo com o futuro da tecnologia e das oportunidades de investimentos.
O retorno dos IPOs e a performance neste ano são lembretes ao investidor: é no setor de tecnologia onde ainda existem as maiores oportunidades de crescimento e multiplicação de capital.
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.