Inflação nos Estados Unidos: Qual vai ser o próximo passo do Fed sobre a taxa de juros? Veja o que esperar da decisão do BC norte-americano
Uma nova Super-Quarta dos BCs mundiais se aproxima, com a decisão do Federal Reserve sobre a taxa de juros no radar dos investidores
*Por José Faria Júnior
A inflação nos Estados Unidos segue caindo e finalmente observamos queda mais expressiva nos custo de moradia (shelter).
Em 13 de setembro foi divulgado o CPI de agosto e a tabela abaixo mostra a variação mensal e anual do CPI “headline” (inflação “cheia”), do CPI Core (que exclui alimentos e combustível), do CPI Median (mediana) e da inflação da moradia (shelter):

Observe que o núcleo da inflação quando se considera a média dos últimos três meses se aproxima do objetivo do Fed de 2% ao ano.
Além disso, note que a perspectiva para a inflação do mês de setembro (em verde) está abaixo da inflação observada no mês de setembro do ano passado (em amarelo), fato que sugere redução dos índices acumulados dos últimos 12 meses e praticamente manutenção da média trimestral.
Petróleo: novo vilão?
O petróleo entrou em tendência de alta de longo prazo segundo o modelo da Wagner Investimentos na semana passada, conforme o gráfico abaixo.
Leia Também

Não acredito em muita pressão na inflação, mesmo com expectativa de WTI perto de $100 e explico: (1) este é o preço médio aproximado observado há um ano e (2) os preços de bens e serviços relacionados a energia na inflação equivalem a 7% e sem eletricidade apenas 4,5%.
Além disso, observando o passado como guia, o preço do petróleo subiu quase 10 vezes entre 1998 e 2008 e a inflação americana ficou muito próxima da meta do Fed no período. Em todo caso, petróleo mais caro ajudará manter a inflação mais resistente (tecnicamente -> sticky).
Reunião do Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) do dia 20 de setembro
Nesta quarta-feira teremos reunião do FOMC e não há chance dos juros subirem agora e, por isso, acreditamos que o mais importante será a divulgação das novas projeções dos membros do Fed, com destaque para o gráfico de pontos (Dot Plot), que indica a intenção dos mesmos com relação à taxa de juros.
Atenção: as projeções têm a participação dos 18 membros do Fed, o FOMC conta com apenas 11 membros devido a rotação das regionais.
Abaixo o gráfico de pontos mais recente, divulgado na reunião de junho. Lembro que este é atualizado a cada duas reuniões e os atuais discursos são mais favoráveis a nova alta de juros.

1. Projeção sobre a taxa de juros para 2023
Será mantida com juros a 5,6%, ou seja, mais uma alta. Segundo a curva de juros futura publicada pela CME, há 33% de chance dos juros terminarem o ano sem sofrerem nova alta.
A questão é: 6 membros do Fed votaram em junho para os juros não subirem do patamar atual e se a totalidade ou grande parte destes 6 membros mudarem de ideia, qual o impacto no mercado?
2. Projeção sobre a taxa de juros para 2024
Indica 4 quedas de 25 bps nos juros. Pela curva de juros futura da CME, os juros irão terminar o ano que vem no nível previsto pelo Dot Plot.
A questão é: 8 membros do Fed projetam juros abaixo de 4,6% e se a mediana subir para 4,85%, indicando uma queda a menos do que o projetado pelo mercado? Qual será a reação?
3. Projeção sobre a taxa de juros para o longo prazo
Há anos que não há alteração nesta taxa de 2,5% e cresce o temor de que a mesma pode subir nesta reunião.
Este é o resumo do que mais observaria nesta reunião:
Aumento na projeção dos juros deve fortalecer o dólar e os juros das Treasuries, trazendo impactos negativos, ao menos no primeiro momento, para os ativos de risco.
No caso do Dollar Index, o mesmo fechou no dia 15 de setembro marcando a 9ª alta semanal seguida, evento apenas observado mais 5 vezes desde maio de 1972, quando este contrato passou a existir e ser negociado na bolsa CME em resposta ao “Nixon Shock”, evento que culminou com o fim da conversibilidade do dólar em ouro.
Ou seja, em mais de 2.600 semanas, o DXY fechou apenas 6 vezes com 9 ou mais semanas seguidas em alta.
PIB do 3º trimestre: escolha um número entre 2,27% e 4,90% e provavelmente acertará!
A impressão dos dados recentes do emprego (Payroll) e da inflação (CPI) é que o Fed terá sucesso em reduzir a inflação sem provocar uma recessão, cenário conhecido por “soft landing” (ou “pouso suave” da economia).
A princípio, mais uma alta de juros não deveria alterar muito esta expectativa, isto porque seria a última alta, ou como o mercado está dizendo, a última milha do ciclo de alta dos juros (em analogia ao termo da entrega porta a porta em logística).
A discussão do soft landing está “quente”, ainda mais quando modelos preditivos de recessão indicam que não escaparemos da mesma. Entre estes modelos se destaca o diferencial de juros entre as Treasuries de 10 anos e 3 meses e segundo o Fed de Nova York, há 61% de chances de termos em recessão nos próximos 12 meses.
No momento, acompanhamos a projeção do PIB do 3º trimestre, que será divulgado no dia 26 de outubro, uma semana antes da reunião do FOMC de novembro.
A atual projeção do Fed é de PIB crescendo 1% este ano e a mesma deverá ser revista nesta semana, ou seja, teremos que analisar atentamente as novas projeções que o Fed divulgará dia 20 de setembro.
Porém, acompanhamos projeções dinâmicas e destacamos, pela ordem: 1) Fed de Atlanta; 2) média do mercado; e 3) Fed de Nova York (que voltou a fazer projeções após 2 anos). Abaixo o resumo:

A pergunta que fica é qual a melhor projeção para acompanhar dos dois modelos do Fed: Atlanta ou NY? Pelos estudos que fizemos, Atlanta é muito mais assertivo, conforme o gráfico abaixo:

Se o PIB deste trimestre estiver mesmo rodando próximo de 5%, conforme Atlanta, acreditamos que o FOMC subirá os juros em novembro. Caso o PIB esteja rodando mais próximo de 2%, conforme NY, acreditamos que o FOMC poderá não subir os juros.
Além do PIB, teremos Payroll de setembro (dia 06 de outubro) e CPI de setembro (dia 12 de outubro) como dados fundamentais a serem analisados.
Importante comentar que Atlanta (4,9% atualmente) e NY (2,27% atualmente) rodam seus modelos com muita frequência, ao menos semanalmente, e, assim, daqui a 40 dias, as informações podem estar muito diferentes.
Conclusão sobre juros nos EUA
A inflação americana deve continuar caindo, mas ainda irá demorar um tempo até atingir o objetivo do Fed de núcleo (core) em 2%, e a criação de novas vagas de trabalho começa a convergir para um número mais próximo do normal, que seria a criação de 120.000 vagas de trabalho ao mês.
Caso o PIB siga crescendo, e para os próximos meses não acreditamos em PIB negativo, a economia poderá ter aterrissagem suave, algo muito raro em ser observado em um processo de alta de juros.
Neste caso, seria natural acreditarmos em mais uma alta de juros e manutenção da taxa até que o núcleo da inflação convirja para a meta de 2% ao ano, algo factível apenas em meados de 2024. Enfim, nos resta acompanhar atentamente os dados e projeções para tomarmos decisões.
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas