🔴 MARATONA ONDE INVESTIR 2º SEMESTRE: ASSISTA TODOS OS PAINÉIS DO EVENTO – CLIQUE PARA LIBERAR

A ordem dos fatores altera o produto: Entenda os impactos das falas de Haddad sobre cenário fiscal

Ao final do painel com gestores, o ministro da Fazenda deu o recado que o mercado queria ouvir em discurso moderado e conciliador

16 de fevereiro de 2023
11:54
Fernando Haddad, oposição
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Imagem: Shutterstock

Nos últimos dois dias, investidores estiveram em peso no CEO Conference, evento do BTG Pactual que reuniu os principais nomes do mercado e da política. A agenda do último dia (quarta-feira) trazia na abertura o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seguido de um trio de gestores de peso: André Jakurski (JGP), Luis Stuhlberger (Verde) e Rogério Xavier (SPX).

Já não seria uma quarta-feira normal, mas os acontecimentos que vieram a seguir tornaram o dia ainda mais especial: 

Um imprevisto ocasionou uma inversão na agenda: os gestores abriram o evento e Haddad falaria a seguir. O ministro, então, esperou sua vez sentado na primeira fileira, acompanhando o debate entre Jakurski, Stuhlberger e Xavier, que juntos respondem por mais de R$ 110 bilhões em ativos sob gestão.

Foi aí que a ordem dos fatores alterou o produto final: a nova agenda provocou um “diálogo indireto” entre os três titãs e o ministro, cujo saldo final eu contarei nas próximas linhas.

O diálogo entre Haddad e os três titãs

Quando os gestores começaram a discutir a meta de inflação atual (o debate econômico mais quente do momento e que tem colocado governo e Banco Central em extremos opostos), os três foram enfáticos ao dizer que ela precisa ser revisada.

“Buscar uma meta irrealista não faz bem para o Brasil”, mas isso tem que vir junto com um arcabouço fiscal crível, disse Stuhlberger, o único dos três que não estava remotamente no debate.

Leia Também

Jakurski reforçou que a meta está errada e que a prioridade deveria ser colocá-la no lugar certo, e não perseguir PECs que só terão resultados práticos em 5 ou 10 anos: “a ordem dos fatores altera o produto”, disse o fundador da JGP, que também defendeu baixar os juros assim que rever a meta: “baixar para 12% agora não mudaria nada, mas já temos cada vez mais empresas quebrando”.

Xavier, como de costume, foi mais vocal: lembrou que desde 1999 (quando implantamos o sistema de metas) só tivemos um ano com inflação abaixo de 3%, criticou a reticência dos economistas em “stopar” um erro de avaliação (pois essa meta foi definida 2 ou 3 anos atrás, num outro contexto) e, sabendo que Haddad estava presente no local, mandou um recado direto ao ministro:

“A meta está errada, por que não pode mudar? As expectativas já estão desancoradas! (...) Sabe qual é a nossa projeção de inflação para esse ano? 6%. Não estou dizendo que a meta tem que caminhar para 6%, mas o custo pra levá-la pra baixo vai ser muito grande porque ela é irreal (...) Ninguém tem coragem de chegar no ministro Haddad e falar: ministro, sabe qual é o problema da meta de inflação? É porque as pessoas não têm confiança no pacote fiscal que você está propondo (...) não é a meta de inflação, é a execução fiscal".

A fala veio seguida de aplausos de todos os presentes - ou quase todos.

No Twitter, resumiram esse trecho do painel em uma frase:

A hora de Haddad

Ao final do painel com gestores, foi a vez de Haddad falar. Ele não respondeu diretamente ao Xavier, mas deu o recado que o mercado queria ouvir: com um discurso moderado e conciliador, o ministro abaixou a temperatura do ambiente e aproveitou pra antecipar de abril para março a agenda de reformas.

A novidade “fez preço” ontem na bolsa. É isso mesmo, vivi pra ver a inusitada manchete “Ibov sobe por causa do Haddad”:

Nós vs Eles

Não achei que tudo foram flores no discurso do ministro: a cutucada desnecessária ao definir o mercado como “uma meninada que fica apertando ‘compra’ e ‘venda’ na frente de uma tela” e novas críticas à política de juros do Roberto Campos Neto só ajudam a manter viva essa richa de “Nós vs Eles” - sendo “nós” o governo e o povo que só querem o bem comum e “eles” o mercado opressor e malvado.

Para o bom funcionamento do mercado, o Brasil precisa estar com suas contas em um nível “quitável” e com projeção de que assim se manterá. Tão simples quanto isso.

No entanto, criticamos tanto o abismo entre as ideias do governo atual e do mercado que uma “conversa indireta” como a de ontem serviu para mostrar que, havendo boa vontade, é possível chegar num meio termo. 

O Brasil e o plano fiscal

Xavier e companhia deram o recado: nos dê um plano fiscal confiável e os juros poderão cair. Haddad sinalizou que concorda com isso. 

E em complemento a isso, hoje o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, deu uma longa entrevista no Valor falando que no novo arcabouço fiscal as despesas crescerão menos que as receitas durante algum tempo e que uma será vinculada à outra.

Mas entre a sinalização e a ação existe um precipício de distância, como escreveu hoje Dan Kawa no seu morning call, e o chefe do ministro precisa estar de acordo para que isso se torne realidade.

Tivemos uma quarta-feira bem importante para os mercados. Vou lembrá-la como o dia que a ordem dos fatores alterou o produto.

Que esse dia seja o início de algo bom e não uma saudade daquilo que não vivemos.

Um forte abraço,
Thiago Salomão

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mantendo a tradição: Ibovespa tenta recuperar os 140 mil pontos em dia de produção industrial e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA

2 de julho de 2025 - 8:29

Investidores também monitoram decisão do governo de recorrer ao STF para manter aumento do IOF

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os fantasmas de Nelson Rodrigues: Ibovespa começa o semestre tentando sustentar posto de melhor investimento do ano

1 de julho de 2025 - 8:13

Melhor investimento do primeiro semestre, Ibovespa reage a trégua na guerra comercial, trade eleitoral e treta do IOF

Insights Assimétricos

Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado

1 de julho de 2025 - 6:03

Com a aproximação do calendário eleitoral, cresce a percepção de que o pêndulo político está prestes a mudar de direção — e, com ele, toda a correlação de forças no país — o problema é o intervalo até lá

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Mercado sobrevive a mais um susto… e as bolsas americanas batem nas máximas do ano

30 de junho de 2025 - 19:50

O “sangue frio” coletivo também é uma evidência de força dos mercados acionários em geral, que depois do cessar-fogo, atingiram novas máximas no ano e novas máximas históricas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo sob controle: Ibovespa precisa de uma leve alta para fechar junho no azul, mas não depende só de si

30 de junho de 2025 - 8:03

Ibovespa vem de três altas mensais consecutivas, mas as turbulências de junho colocam a sequência em risco

TRILHAS DE CARREIRA

Ser CLT virou ofensa? O que há por trás do medo da geração Z pela carteira assinada

29 de junho de 2025 - 7:59

De símbolo de estabilidade a motivo de piada nas redes sociais: o que esse movimento diz sobre o mundo do trabalho — e sobre a forma como estamos lidando com ele?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Atenção aos sinais: Bolsas internacionais sobem com notícia de acordo EUA-China; Ibovespa acompanha desemprego e PCE

27 de junho de 2025 - 8:09

Ibovespa tenta manter o bom momento enquanto governo busca meio de contornar derrubada do aumento do IOF

SEXTOU COM O RUY

Siga na bolsa mesmo com a Selic em 15%: os sinais dizem que chegou a hora de comprar ações

27 de junho de 2025 - 6:01

A elevação do juro no Brasil não significa que chegou a hora de abandonar a renda variável de vez e mergulhar na super renda fixa brasileira — e eu te explico os motivos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Trocando as lentes: Ibovespa repercute derrubada de ajuste do IOF pelo Congresso, IPCA-15 de junho e PIB final dos EUA

26 de junho de 2025 - 8:20

Os investidores também monitoram entrevista coletiva de Galípolo após divulgação de Relatório de Política Monetária

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança

25 de junho de 2025 - 19:58

Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA

25 de junho de 2025 - 8:11

Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um longo caminho: Ibovespa monitora cessar-fogo enquanto investidores repercutem ata do Copom e testemunho de Powell

24 de junho de 2025 - 7:58

Trégua anunciada por Donald Trump impulsiona ativos de risco nos mercados internacionais e pode ajudar o Ibovespa

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um frágil cessar-fogo antes do tiro no pé que o Irã não vai querer dar

24 de junho de 2025 - 6:15

Cessar-fogo em guerra contra o Irã traz alívio, mas não resolve impasse estrutural. Trégua será duradoura ou apenas mais uma pausa antes do próximo ato?

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Precisamos (re)conversar sobre Méliuz (CASH3)

23 de junho de 2025 - 14:30

Depois de ter queimado a largada quase literalmente, Méliuz pode vir a ser uma opção, sobretudo àqueles interessados em uma alternativa para se expor a criptomoedas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Nem todo mundo em pânico: Ibovespa busca recuperação em meio a reação morna dos investidores a ataque dos EUA ao Irã

23 de junho de 2025 - 8:18

Por ordem de Trump, EUA bombardearam instalações nucleares do Irã na passagem do sábado para o domingo

DÉCIMO ANDAR

É tempo de festa junina para os FIIs

22 de junho de 2025 - 8:00

Alguns elementos clássicos das festas juninas se encaixam perfeitamente na dinâmica dos FIIs, com paralelos divertidos (e úteis) entre as brincadeiras e a realidade do mercado

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tambores da guerra: Ibovespa volta do feriado repercutindo alta dos juros e temores de que Trump ordene ataques ao Irã

20 de junho de 2025 - 8:23

Enquanto Trump avalia a possibilidade de envolver diretamente os EUA na guerra, investidores reagem à alta da taxa de juros a 15% ao ano no Brasil

SEXTOU COM O RUY

Conflito entre Israel e Irã abre oportunidade para mais dividendos da Petrobras (PETR4) — e ainda dá tempo de pegar carona nos ganhos

20 de junho de 2025 - 6:03

É claro que a alta do petróleo é positiva para a Petrobras, afinal isso implica em aumento das receitas. Mas há um outro detalhe ainda mais importante nesse movimento recente. 

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Não foi por falta de aviso: Copom encontra um sótão para subir os juros, mas repercussão no Ibovespa fica para amanhã

19 de junho de 2025 - 9:29

Investidores terão um dia inteiro para digerir as decisões de juros da Super Quarta devido a feriados que mantêm as bolsas fechadas no Brasil e nos Estados Unidos

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: São tudo pequenas coisas de 25 bps, e tudo deve passar

18 de junho de 2025 - 14:40

Vimos um build up da Selic terminal para 15,00%, de modo que a aposta em manutenção na reunião de hoje virou zebra (!). E aí, qual é a Selic de equilíbrio para o contexto atual? E qual deveria ser?

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar