Ibovespa em 132 mil pontos: ainda vale a pena investir na bolsa brasileira ou ela está cara demais?
À primeira vista, nas máximas históricas, o Ibovespa realmente parece caro. Mas precisamos lembrar que o preço é um número que diz muito pouco. Se fosse assim, você compraria qualquer coisa olhando apenas o preço. Por que pagar R$ 4 em uma Heineken se dá pra comprar uma latinha de Glacial pela metade do preço, não é mesmo?
Com a quebra do recorde do Ibovespa, tenho recebido muitas perguntas sobre se "a bolsa já não estaria cara demais" para investir, depois de passar recentemente dos 132 mil pontos.
À primeira vista, nas máximas históricas, o Ibovespa realmente parece caro. Mas precisamos lembrar que o preço é um número que diz muito pouco.
Se fosse assim, você compraria qualquer coisa olhando apenas o preço.
Por que pagar R$ 4 em uma Heineken se dá pra comprar uma latinha de Glacial pela metade do preço, não é mesmo?
Para saber se estamos fazendo um bom negócio, é preciso ir além do preço; tentar entender se o que estamos recebendo em troca vale a pena.
Por exemplo, no caso de uma cerveja, eu topo pagar um pouco mais porque sei que não vou acordar no dia seguinte com uma ressaca do diabo.
No caso de um investimento, a melhor forma de analisar o custo versus benefício é através do múltiplo Preço/Lucros, que mede a relação entre o que você está pagando e quanto de resultado você está recebendo.
Quanto maior a relação Preço/Lucro, mais caro você está pagando pelo que recebe. Por outro lado, uma relação Preço/Lucro baixa indica que você está pagando pouco pelo que recebe, o que também indica um ativo barato.
Sob essa ótica, você pode notar que o Ibovespa ainda está bastante descontado, bem abaixo dos patamares históricos.
Você já olhou a Índia?
É por isso que toda vez que alguém vem me falar que o Ibovespa já está caro, eu sempre faço questão de fazer duas observações.
A primeira é: "em termos de Preço/Lucro ainda estamos em um dos menores patamares dos últimos anos".
Mas a segunda observação costuma ser ainda mais estarrecedora para quem não acompanha muito o mercado global: "Você já olhou a Índia?"
Enquanto o ETF MSCI Brasil, que mede o desempenho das ações mais importantes do país está negociando por 9x preço/lucros, o MSCI da Índia hoje está acima de 24x (!).
É verdade que a Índia virou a nova aposta global de crescimento agora que a China mostra sinais de desaceleração.
Mas dizer que o Brasil está caro por 9x preço/lucros, enquanto a Índia negocia por 24x me parece bastante contraditório.
Além disso, mesmo na comparação com outros emergentes que estão menos na moda, o Brasil provavelmente é o mais barato entre eles.
Agora, lembre-se de um outro fator importante: vivemos um momento de queda da Taxa Selic, que está prestes a chegar no patamar de um dígito, o que deveria deixar as nossas ações ainda mais "apetitosas" aos olhos dos investidores globais.
Bolsa: máximas podem ser renovadas
Por isso, eu até entendo o desconforto de quem está com receio de entrar na bolsa agora que ela está nas máximas históricas, mas isso não significa que o Ibovespa está caro.
Além disso, às vezes eu tenho a impressão de que as pessoas olham para as máximas históricas como se fossem um teto, e ao bater lá a bolsa deveria voltar a cair, assim como aconteceria se você jogasse uma bola de tênis para cima na sala da sua casa...
Lembre-se do que aconteceu em 2017, quando o Ibovespa bateu o recorde de 72 mil pontos que durou muitos anos. Quem vendeu ali porque a bolsa estava próxima das máximas e, portanto, perto de um "teto", perdeu o enorme rali que veio em seguida, que levou o índice até os 120 mil.
Mas será que existe alguma possibilidade do que aconteceu entre 2017 e 2019 se repetir?
A resposta é sim. Para começar, assim como agora, naquela época os ativos brasileiros também estavam bastante descontados, depois de anos de recessão e um governo Dilma bastante atribulado.
Mas há outras similaridades também, como o recuo da inflação e um movimento de corte de juros (Taxa Selic), que desabou naquele período e foi preponderante para a valorização das ações.
É claro que eu não espero que a Selic caia tanto desta vez, mas um patamar de 8% já seria bastante favorável para os ativos de risco.
Pode ser só o começo
O que eu quero que você entenda é que é meu dever como analista alertar os meus leitores sobre possíveis bolhas e perigos no mundo dos investimentos.
Mas esse não parece ser o caso do Ibovespa neste momento. Apesar de ter renovado a máxima histórica recentemente, o índice segue negociando por múltiplos atrativos e com uma série de ventos favoráveis, como a queda de juros pela frente. Para quem ainda não investe, comprar bolsa agora está longe de ser uma má ideia.
Agora, se você já investe, esta é uma boa hora para apimentar a carteira com empresas desconhecidas, de baixo valor de mercado – as chamadas microcaps.
Essas empresas costumam sofrer mais quando o mercado está ruim, mas isso também quer dizer que quando as coisas melhoram elas são as maiores beneficiadas.
Repare que naquele período entre 2017 e 2019 o índice SMLL (laranja), que mede o desempenho delas, subiu muito mais do que o Ibovespa (preto).
Obviamente, não é para você lotar a carteira dessas empresas, mas ter algumas delas me parece bastante interessante neste momento.
Na série Microcap Alert a nossa missão é encontrar justamente as microcaps que ainda estão longe dos holofotes, e que têm muito potencial de valorização. Aliás, uma das empresas que colocamos no portfólio em maio deste ano já subiu mais de 100%.
Mas com a melhora do mercado devem surgir muitas outras oportunidades como essa, e os assinantes da série vão poder aproveitar.
Se quiser conferir a lista com as melhores microcaps da bolsa e ainda receber em primeira mão as novas oportunidades quando elas surgirem, deixo aqui o convite.
- Essas 10 ações de qualidade não acompanharam o rali como poderiam e ainda estão BARATAS na Bolsa brasileira: acesse relatório gratuito com as recomendações dos analistas da Empiricus Research clicando aqui.
Um grande abraço e um Feliz Natal!
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