🔴 ONDE INVESTIR EM NOVEMBRO: AÇÕES, DIVIDENDOS, FIIS E CRIPTOMOEDAS – CONFIRA

Felipe Miranda: Se está assim pra ele, imagina pra…

Até mesmo os maiores gênios vão tropeçar e simplesmente não há motivo racional para isso. Por mera aleatoriedade ou por alguma surpresa no meio do caminho, podemos acabar num cenário diferente daquele originalmente admitido pelo gestor.

24 de julho de 2023
18:39 - atualizado às 14:54
Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital | Fed | meta de inflação
Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital - Imagem: Divulgação/Santander

Acho que esta é a primeira vez em que dedico um Day One inteiro a comentar a carta de uma gestora a seus cotistas. Faço isso por duas razões: i) a relevância que a tal mea culpa da SPX ganhou, com ao menos duas matérias em veículos de imprensa importantes (Brazil Journal e BloombergLinea) a seu respeito; ii) os ensinamentos ali constantes transbordam as circunstâncias estritas da carta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para você que ainda não leu o documento e não terá disposição para fazê-lo, ofereço um brevíssimo (e grosseiro) resumo. Basicamente, Rogério Xavier investiga a recente performance negativa de seus fundos, abordando diferentes hipóteses para o comportamento atípico das cotas. A culpa viria de uma eventual desmotivação da equipe? O crescimento cobrou seu preço? A internacionalização tem sido custosa?

A carta, com muita proficiência, ataca cada uma das alternativas e chega à conclusão de que, na verdade, o desempenho fora de seu padrão se deve a uma leitura equivocada de Brasil, mais especificamente de quanto nosso Congresso foi capaz de conservar pautas importantes e avançar em reformas favoráveis ao País, a despeito de incursões eventualmente mais extremadas do executivo.

A carta é formidável e demonstra a honestidade intelectual e a seriedade da gestora, além de um compromisso profundo com seus cotistas. Estou mais interessado, porém, nas múltiplas interpretações e nas valiosas lições dali extraídas.

  • ‘A ação mais importante que você nunca ouviu falar: parceira da Apple cresce 20% ao ano e pode surfar o “boom” da inteligência artificial. Conheça essa + 4 ações que são as melhores opções de BDRs para investir agora, segundo analistas da Empiricus Research. [LISTA GRATUITA AQUI]

A virtude é silenciosa

Muitos viram ali um exercício de humildade, de um gestor capaz de falar de maneira aberta dos erros cometidos. De fato, é uma leitura possível.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com toda a transparência de nossa relação e que se exige de qualquer Research independente (e essa é uma exigência que precisa ser total, irrestrita e inegociável para que o trabalho possa funcionar), confesso, porém, alguma divergência com essa perspectiva. 

Leia Também

Embora seja louvável a autoavaliação pública e a investigação de possíveis hipóteses para os equívocos, a visível perplexidade com os próprios erros me pareceu um pouco algo como “o que aconteceu conosco, que somos tão espetaculares e erramos?”

Eu me lembrei daquele jogo entre São Paulo e Cruzeiro, em que Rogério Ceni faltou fazer chover. Ao final da partida, falou na entrevista mais ou menos assim: “não é porque eu peguei dois pênaltis, fiz três milagres com a bola rolando e marquei um golaço de falta que fui o melhor em campo. O importante mesmo é o coletivo.” A virtude é necessariamente silenciosa.

SPX no hall of game

Isso, no entanto, é bastante irrelevante diante dos méritos do documento e da magnanimidade da SPX. A gestora é simplesmente formidável. Goza de um dos melhores track records da indústria, nível hall of game global. Suspeito que poucos cotistas foram tão felizes e ganharam tanto dinheiro quanto aqueles da SPX.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além de minha total admiração e meu respeito por esse desempenho estelar, carrego um encantamento particular por Rogério Xavier por ele ter sido um dos poucos gestores capazes não apenas de enriquecer seus clientes (o que ele também fez!), mas por ter conseguido fazer uma empresa, diferentemente daquele modelo típico das assets no Brasil, de um gênio rockstar ajudado por uma equipe de sete pessoas no time de gestão e duas secretárias. 

Como ele mesmo gosta de dizer, há dois nomes brasileiros realmente conhecidos na comunidade financeira global: Armínio Fraga e André Esteves.

Dada a muito bem-sucedida caminhada da SPX na direção da internacionalização, tenho convicção de que, com os devidos méritos, muito brevemente o pódio também será ocupado por Rogério Xavier. Se Rogério usualmente cita a necessidade de construirmos uma estátua para Luis Stuhlberger, a verdade é que uma outra de si mesmo precisaria ser construída ao lado do outro mito.

Talvez justamente por isso a tal mea culpa não faça tanto sentido. O que talvez escape à carta é que, em ambientes de alta complexidade e muito suscetíveis à aleatoriedade, erros (no sentido de desempenhos ruins) vão acontecer, em especial em janelas temporais mais curtas (sim, seis meses é curto prazo).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Até mesmo os maiores gênios vão tropeçar e simplesmente não há motivo racional para isso. Por mera aleatoriedade ou por alguma surpresa no meio do caminho, podemos acabar num cenário diferente daquele originalmente admitido pelo gestor, o que lhe fará perder dinheiro circunstancialmente.

Em sendo o caso, isso nada tem a ver com problemas estruturais da companhia ou uma necessidade de reavaliação de cenário. Perdemos um determinado jogo porque… perdemos. Simples assim. 

Vale ainda uma menção específica ao fato de que a performance dos fundos da SPX em 2022 foi simplesmente estratosférica. Então, se você combina um horizonte de 18 meses, o histórico recente ainda é espetacular.

Erros versus distribuição de probabilidades

Existe outro ponto muito importante nessa história, talvez até de epistemologia ou, no mínimo, de filosofia de investimentos. Os erros, em qualquer esfera da vida, não deveriam ser medidos pelos resultados colhidos a posteriori.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As decisões (de investimento ou qualquer outra) precisam ser avaliadas com as informações disponíveis à época da tomada de decisão. Não pode haver o benefício da retrospectiva, porque, de fato, essa retrospectiva não existia quando a decisão aconteceu.

Tudo o que um gestor pode vislumbrar é, na melhor das hipóteses, uma distribuição de probabilidades dos possíveis cenários à frente. Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer, porque o futuro está… no futuro, opaco, impenetrável, impermeável.

Então, filosófica e inexoravelmente, de tempos em tempos, contratamos um problema, porque, em caminhadas longevas (como são aqueles das gestoras bem-sucedidas), eventos de baixa probabilidade vão acontecer. E isso levará até o bom gestor (que tende a se posicionar para cenários de maior probabilidade) perder dinheiro, ainda que todos seus processos estejam devidamente calibrados.

A História oferece certos requintes de crueldade, porque ela nunca vai nos contar tudo o que poderia ter sido, mas apenas o que foi, de fato, dentro de uma infinidade de cenários possíveis, jamais revelados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Eis aqui um negócio danado sobre o risco: ele é não observável, nem mesmo a posteriori. Podemos ter percepção de risco, mas risco mesmo, de fato, nunca saberemos em que nível esteve, está ou estará. 

O próprio evento a que Rogério Xavier se refere na carta dispunha de um nível de risco que nós jamais seremos capazes de mensurar. Diante de toda aquela cacofonia do início do ano, será mesmo que não havia uma probabilidade razoável de um governo mais radical? Se havia, de quanto ela era? 

Desculpem-me os PhDs, seus modelos e todo MBA Talking, mas só há uma resposta possível: jamais saberemos. E é terrível convivermos com a terrível sensação de “eu não sei”. As coisas, por melhores que sejamos, podem dar errado. Mas… bem-vindo à vida adulta. O valor de um homem deve ser medido pelo tanto de verdade que ele pode tolerar. É do Nietzsche.

SPX: uma lição de humildade

Para aqueles que gostam de um pouco mais de pragmatismo, algumas conclusões objetivas:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
  • A SPX sempre foi, é e será tremendamente acertadora. Intervalos de tempo curtíssimos de resultados negativos trazem pouca (nenhuma) informação, desprovidos de significância estatística. 
  • Se o gênio Rogério Xavier está vindo a público para tratar de seus erros, podemos inferir que seu influenciador favorito e, claro, você mesmo também vai errar, com frequência alta. O mercado não admite super-heróis. A arrogância costuma ser penalizada cruelmente. O ato de investir não está em não errar. Admita que vamos bater o carro, mas lembre-se que não podemos cair de avião. Acerte mais do que erre ou acerte grande e erre pequeno.
  • Eu sei que o Brasil é apaixonante e todos nós gostamos de demonstrar nossa ideologia em conversas com amigos, nas redes sociais e até em velório. Tudo isso, embora de mau gosto, é legítimo. Levar a ideologia para as decisões de investimento cobra caro. Se um dos maiores gestores de investimento do Brasil e do mundo está com dificuldade de entender o país, pense duas vezes antes de ser tão incisivo em suas convicções. A chance de você estar errado e acabar passando vergonha é alta. Há um outro ponto aqui: talvez o Brasil tenha avançado mais institucionalmente do que até mesmo o smart money foi capaz de entender.
  • Apesar de sua internacionalização, a maior parte do time da SPX segue no Brasil. As origens da gestora são daqui. O Brasil ainda pertence ao seu círculo de competências, em seu núcleo duro. Imagine a complexidade de todos nós de nos aventurarmos em mercados, regiões, tecnologias que não dominamos. 

De uma forma ou de outra, a carta é uma lição de humildade.

VEJA TAMBÉM — Vale, Itaú, Petrobras e outras: o que esperar da temporada de resultados das gigantes da bolsa

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TRILHAS DE CARREIRA

Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas

9 de novembro de 2025 - 8:00

Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje

7 de novembro de 2025 - 8:14

Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde

SEXTOU COM O RUY

Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis

7 de novembro de 2025 - 7:03

Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR

6 de novembro de 2025 - 8:03

BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil

FII DO MÊS

É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar

6 de novembro de 2025 - 6:03

Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje

5 de novembro de 2025 - 8:04

Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje

4 de novembro de 2025 - 7:50

O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação

4 de novembro de 2025 - 7:10

Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998

3 de novembro de 2025 - 22:11

Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.

DÉCIMO ANDAR

Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários

2 de novembro de 2025 - 8:00

Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje

31 de outubro de 2025 - 7:58

A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi

SEXTOU COM O RUY

Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado

31 de outubro de 2025 - 6:07

A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje

30 de outubro de 2025 - 7:34

A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas

29 de outubro de 2025 - 20:00

Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje

29 de outubro de 2025 - 8:10

Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje

28 de outubro de 2025 - 7:50

A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul

28 de outubro de 2025 - 7:31

Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje

27 de outubro de 2025 - 8:09

Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo

24 de outubro de 2025 - 8:03

Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje

SEXTOU COM O RUY

Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel

24 de outubro de 2025 - 6:01

Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar