Entenda por que você não deve investir o seu dinheiro apenas em Brasil — ou recusar um ‘almoço grátis’
Somados todos os mercados, nossa bolsa corresponde a 0,73% do valor total, segundo a World Federation of Exchanges

“Nascer no Brasil é destino. Investir no Brasil é opção”. Essa foi uma das últimas lições que Roberto Vinháes nos trouxe no riquíssimo episódio do Market Makers da semana passada.
Vinháes é um pioneiro do mercado de capitais no Brasil. Ainda nos anos 1980 fundou a IP Capital Partners, primeira gestora independente do Brasil, e uma das principais do mercado até hoje. Por lá também foi um dos primeiros a conseguir vencer o viés caseiro e fazer investimentos no exterior.
Hoje, baseado em Portugal, fundou e é investidor da Nextep, casa voltada exclusivamente para os investimentos globais.
Os argumentos qualitativos de Vinháes para investir fora do Brasil são bastante fortes.
“O futuro está na tecnologia aplicada às indústrias existentes”, diz. “Não vejo isso acontecendo no Brasil. Não vejo a chance de um Chat GPT acontecer no Brasil. Não vejo uma vacina contra a covid, na velocidade que aconteceu, surgindo no Brasil”, completou.
Investimento no Brasil
Por mais patriota que você seja, não pode negar que Vinháes está certo. O Brasil tem, sim, empresas boas listadas, é óbvio, mas no seu coração seguem as commodities e os bancões. Vale, Petrobras, Itaú e Bradesco são, sozinhas, nada menos que 36% do índice Ibovespa.
Empresas disruptoras e líderes tecnológicos são raridade. Nosso setor de tecnologia é ínfimo e não tem líderes globais, nem em tamanho, nem em inovação.
Por aqui não existem ações de uma das únicas fabricantes de turbinas de avião do mundo, como a GE, big techs monopolistas, como a Alphabet, tampouco a empresa do maior investidor do mundo de todos os tempos, a Berkshire Hathaway — isso para ficar apenas nos exemplos citados por Vinháes no programa.
Você pode até pensar “ah, mas aqui existem BDRs…” Sim, temos , mas o argumento do Vinháes é mais profundo.
O que ele quer dizer é que por aqui não surgem empresas assim e quando elas chegam, já é tarde. A melhor chance de quem investe no Brasil é aquele que copia o que está acontecendo lá fora.
Leia Também
17 X 0 na bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje, com disputa entre Israel e Irã no radar
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Do ponto de vista quantitativo, somos também pequenos
A B3 é a 20ª maior bolsa do mundo, com valor de mercado de US$ 770 bilhões, segundo os dados da World Federation of Exchanges de fevereiro, os últimos disponíveis.
Nossa bolsa é menor que a de Teerã, que a de Joanesburgo e que a de Taiwan, que valem entre US$ 1 trilhão e US$ 1,6 trilhão.
Para se ter noção de ordem de grandeza, NYSE e Nasdaq, as maiores bolsas do planeta valem, respectivamente, US$ 25 trilhões e US$ 17,8 trilhões.
O número de empresas listadas por aqui também é baixo. Nesse quesito, estamos em 32º lugar, atrás até da Bolsa vietnamita e da paquistanesa. São 365 companhia na B3, contra 6.567 da NYSE.
A fatia de Brasil
Mas o número mais chocante, na minha opinião, é o que mostra nossa fatia no tamanho do bolo. Somados todos os mercados, nossa bolsa corresponde a 0,73% do valor total.
Ou seja, se você investe apenas no Brasil, está ignorando 99,27% do que existe no mundo em termos de ações.
Nesse quesito, o Brasil só faz diferença depois da vírgula. Parece sensato, portanto, expor pelo menos uma parte da carteira ao que está lá fora, mesmo que você não consiga enxergar tão de perto o que acontece ou entender com tanta precisão. Os profissionais e seus fundos globais estão aí para isso.
Se nenhum desses argumentos basta, lembre-se do que disse o Bernardo Queima no episódio bônus que eu fiz com ele na semana passada: a diversificação é o único almoço grátis dos investimentos.
Você diria não para um almoço grátis?
Abraços,
Renato Santiago
Rodolfo Amstalden: Mais uma anomalia para chamar de sua
Eu sou um stock picker por natureza, mas nem precisaremos mergulhar tanto assim no intrínseco da Bolsa para encontrar oportunidade; basta apenas escapar de tudo o que é irritantemente óbvio
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais
De hoje não passa: Ibovespa tenta recuperação em dia de PIB no Brasil e índice favorito do Fed nos EUA
Resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre será conhecido hoje; Wall Street reage ao PCE (inflação de gastos com consumo)
A Petrobras (PETR4) está bem mais próxima de perfurar a Margem Equatorial. Mas o que isso significa?
Estimativas apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal”
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana