Chegou a hora da virada de mão para os fundos imobiliários de tijolo?
Os fundos imobiliários (FIIs) de tijolo tendem a se beneficiar com o ambiente econômico mais ameno que parece surgir no horizonte
Pela primeira vez no ano, o Índice de Fundos Imobiliários (Ifix) registrou alta em uma janela mensal. A composição subiu 3,5% em abril, com destaque para os fundos de tijolos.
As condições econômicas melhoraram ligeiramente nas últimas movimentações, a partir da divulgação do arcabouço fiscal pelo Ministério da Fazenda. Pode não ter sido o plano ideal, mas ao menos removeu parte da incerteza envolvendo a saúde financeira do país nos próximos anos.
Vale citar que o texto ainda está suscetível a ajustes e aprovação do Legislativo.
Além disso, por três divulgações consecutivas, os dados de inflação (IPCA e IGP-M) vieram abaixo das expectativas do mercado, abrindo margem para otimismo em torno da condução da política monetária.
Isto é: por mais que ainda tenhamos ameaças envolvendo o nível de preços, o mercado enxerga com mais clareza uma eventual queda dos juros a partir de agora. Na última quarta-feira (3), o Copom manteve os juros em 13,75% ao ano, mas amenizou o tom conservador, reduzindo a possibilidade de voltar a subir a taxa básica.
Ou seja, a conjuntura tem caminhado para o fim de um ciclo da Selic a 13,75%. Tenho recebido algumas dúvidas sobre este tema, no que diz respeito à alocação do portfólio de FIIs com um cenário de corte de juros chegando.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Os fundos imobiliários de tijolo, pela sua característica e modelo de precificação, são mais sensíveis a mudanças nos juros e, consequentemente, seriam os grandes beneficiados em um movimento de queda estrutural da taxa.
De todo modo, entendo que uma forte alta só viria em um eventual arrefecimento contundente da curva de juros. Isto é, quando as estimativas do mercado para os juros de médio/longo prazo sejam revisadas para baixo.
Essa dinâmica foi observada nas últimas semanas, mas a ponta longa permanece elevada mesmo quando comparada com outubro do ano passado.


Caso o cenário otimista se concretize, seus efeitos seriam notados gradualmente pelo mercado, dado que a performance dos juros está atrelada à saúde fiscal do país. Diante das dúvidas em torno da execução do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária, ainda temos um grande trabalho pela frente.
No curto prazo, o risco se concentra num cenário em que a inflação permanece em patamares desconfortáveis. Esta conjuntura seria péssima para os ativos de risco, pois implicaria em uma conduta mais conservadora do Banco Central. O mercado ainda considera esta hipótese, tanto que o DI esperado para jan/24 se encontra na casa de 13%.
Da nossa parte, é possível que a queda da Taxa Selic venha no segundo semestre, com variação marginal. Em outras palavras, quando a flexibilização vier, ela será lenta e gradual.
Fundos imobiliários de tijolo: o que fazer?
Portanto, não considero uma "virada de mão" imediata para os fundos imobiliários de tijolos. Em termos de alocação de carteira, pretendo seguir em uma transição gradual, mesmo que limite a rentabilidade. Como dizia Tancredo Neves: "Esperteza, quando é muita, come o dono".
Neste momento, uma alocação próxima do Ifix me parece adequada, com ligeiro favorecimento para os FIIs de tijolo de qualidade. Isto é, algo em torno de 45% em papel e 55% em tijolo – a depender do perfil de risco, é claro.
Vale lembrar que, para boa parte dos fundos de papel, um eventual arrefecimento da curva de juros também seria interessante, dado que a marcação a mercado dos CRIs geraria um movimento favorável em suas carteiras, que hoje negociam com desconto em relação ao valor patrimonial.
Por mera questão de fluxo de investidores, é possível que a alta do Ifix persista no curtíssimo prazo, visto que sua remuneração se tornou mais competitiva em relação à renda fixa. Lembrando que o dividend yield do índice (últimos 12 meses) segue muito próximo da máxima histórica, na casa de 11,75%, com bom prêmio sobre a NTN-B.

Ainda sobre a alocação em tijolos, é importante mencionar que a estratégia se concentra em portfólios de maior qualidade, diversificados e tocados por gestoras renomadas. Por mais que existam FIIs mais descontados, os riscos inerentes a atividade econômica e endividamento ainda são bastante pertinentes para o curto prazo.
- Entre FIIs de papel e FIIs de tijolo: veja 5 fundos imobiliários baratos e que podem pagar ótimos dividendos, segundo o colunista Caio Araujo e o analista João Piccioni, ambos da equipe de análise da Empiricus Research. Clique aqui para acessar o relatório gratuito.
HGPO11: um fundo de tijolo de qualidade para adicionar ao portfólio
Nascido em outubro de 2010, o CSHG Prime Offices (HGPO11) é um fundo de lajes corporativas administrado pela Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG).
O fundo possui um portfólio totalmente alocado em dois imóveis: o Edifício Metropolitan e o Edifício Platinum, ambos localizados na cidade de São Paulo, totalizando uma ABL de 12,6 mil metros quadrados.
| Ativo | Região | ABL | Classificação Buildings | Participação | Vacância | Tipo de contrato | Locatários |
| Edifício Metropolitan | SP | 10.216 m² | A | 100% | 0% | Típico | Constellation, Votorantim, etc. |
| Edifício Platinum | SP | 2.398 m² | A | 100% | 0% | Típico | Gávea Investimentos, Veritas, etc. |
Os empreendimentos são categorizados como edifícios boutiques, ou seja, com espaços menores, variando entre 218 e 327 metros quadrados — um segmento que ganhou destaque nos últimos anos. Ambos são localizados na Faria Lima, centro corporativo de alto padrão da cidade de São Paulo, e possuem classificação A pela Buildings.
Em outubro do ano passado, a gestão concluiu a reforma de modernização da área comum do edifício Metropolitan, o que reforça o cuidado tomado pela equipe do fundo para manter a alta qualidade dos empreendimentos e possibilitar a elevação do preço pedido de aluguel.
Para se ter uma ideia da atratividade dos imóveis, foram assinadas duas renovações de contratos em janeiro, sendo uma referente a um andar do Edifício Metropolitan e outra no Platinum, ambas no valor de R$ 300 por metro quadrado.
Isso contribui para elevar o aluguel médio do portfólio para R$ 236 por metro quadrado – o indicador registra uma alta de 62,8% desde o início da pandemia.

Em dezembro, foi realizada a reavaliação do valor justo do seu portfólio, que resultou em uma elevação de aproximadamente 12% da sua cota patrimonial, passando para R$ 299,3 por cota, o que equivale a um valor por metro quadrado de R$ 41,5 mil – no patamar atual, suas cotas registram desconto de 16% em relação ao VP.
Mesmo tendo uma carteira com somente dois ativos imobiliários, o fundo possui um risco de crédito bem pulverizado entre 32 locatários, incluindo gestoras de recursos, escritórios de advocacia e empresas do ramo financeiro.
No geral, o HGPO11 possui um portfólio bem interessante, com locatários de baixo risco de crédito e ativos de qualidade, dando destaque para sua excelente localização, favorecendo a estratégia de elevação do aluguel médio do fundo.
Vale citar que o portfólio FII foi alvo de propostas de aquisição durante o ano passado. Não desconsidero a continuidade desse interesse no curto/médio prazo, mas trato apenas como uma opcionalidade da tese.
Entre os riscos, as cotas do HGPO11 apresentam um nível de liquidez restrito, negociando cerca de R$ 500 mil diariamente nos últimos 90 dias, necessitando uma maior cautela na negociação de grandes posições.
Vale mencionar que o FII possui uma concentração em sua base de cotistas, composta por outros fundos imobiliários (RBRF11 é o maior cotista com 25% das cotas, aproximadamente).
No modelo, assumimos uma taxa de desconto real e líquida de 7,2%, já incluindo os prêmios de risco tradicionais. Com o potencial de geração de caixa das operações, chegamos a um valor justo de R$ 288 para o HGPO11, que representa um potencial de valorização de 16% em relação à última cotação.
No caso da distribuição de rendimentos, estimo um provento mensal de R$ 1,60 por cota para o fundo (conforme guidance divulgado pela gestão) e um yield médio de 7,7% para os próximos 12 meses, valor levemente abaixo da média do mercado, mas compreensível em função da qualidade elevada dos ativos e da gestão.
Conforme abordado ao longo do relatório, o HGPO11 possui uma tese de investimento bem distinta do restante da indústria de tijolos, muito em função da qualidade e localização dos seus ativos. É possível que a oferta de escritórios boutiques aumente nos próximos anos, mas as características únicas do Metropolitan e Platinum sustentam uma posição.
Mesmo com a evolução da sua performance operacional nos últimos meses, as cotas do FII registram queda de quase 6% no ano, o que me parece uma oportunidade.
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi