Pequenas notáveis: as microcaps voaram em maio e isso pode ser apenas o começo
Mesmo com resultados corporativos ainda patinando, muitos fatores que afetam o preço das ações mudaram para melhor nas últimas semanas
Quem acompanha o mercado acionário deve ter se espantado com a valorização de algumas ações nas últimas semanas. Vimos ativos subirem mais de 100% em questão de dias.
Com grande parte dos resultados corporativos do primeiro trimestre de 2023 (1T23) mostrando redução drástica de lucros, ou até prejuízos em alguns casos, parece contraditório o fato de essas ações terem subido tanto em tão pouco tempo.
Mas saiba que não há nada de estranho nesse desempenho do mercado. Na verdade, mesmo com resultados corporativos ainda patinando, muitos fatores que afetam o preço das ações mudaram para melhor nas últimas semanas.
Hoje eu vou mostrar para você um pouco mais sobre esses avanços macroeconômicos e, mais importante, porque ainda há espaço para mais valorizações pela frente.
- O mercado está otimista para o segundo semestre – e você pode ser um dos investidores a lucrarem MUITO com a possível alta das ações. DESCUBRA AQUI O PLANO para ter a chance de ganhar até R$ 500 mil em 36 meses investindo nos papéis certos agora.
Ações: o que mudou?
Poucas empresas brasileiras realmente apresentaram alguma melhora operacional no 1T23. Basicamente toda, ou quase toda, a reprecificação das ações que vimos até agora, especialmente nas small caps (empresas com baixo valor de mercado), pode ser atribuída à melhora dos indicadores macroeconômicos e sinais importantes vindos de Brasília.
Para começar, o primeiro grande risco para investir no Brasil parece cada vez mais próximo de uma solução: a situação fiscal. Tudo bem, sabemos que a aprovação do Arcabouço Fiscal na Câmara não resolve os problemas de endividamento do país para sempre, mas, cá entre nós, quem esperava isso não conhece como as coisas funcionam no Brasil.
Leia Também
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
Em termos práticos, em questão de semanas passamos de um país sem qualquer regra de controle sobre os gastos para um país com uma regra fiscal que, se não é perfeita, pelo menos afasta a possibilidade de uma trajetória explosiva da dívida por alguns anos. Isso já ajuda bastante na redução da percepção de riscos, e também explica a queda do dólar desde abril.

Praticamente ao mesmo tempo, depois de anos de preocupação, a inflação finalmente começou a ceder, e não foi pouco. Os indicadores de preços mais importantes (IPCA e IGP-M) mostraram forte desaceleração nas últimas semanas, com números bem abaixo do que o mercado vinha esperando.

Mais importante do que mostrar uma desaceleração dos preços agora, é que essa queda da inflação dos últimos 12 meses, junto ao dólar mais baixo e um recuo no preço das commodities, tem levado o mercado a projetar uma inflação bem mais comportada para frente também, o que podemos observar no relatório Focus.

PIBão dos sonhos
Para encerrar a bateria de notícias positivas, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre trouxe uma combinação praticamente perfeita para os investidores.
O número muito forte (crescimento de 4% na comparação anual) ajuda na redução do endividamento do país, medido pela relação dívida/PIB. Mas essa expansão aconteceu majoritariamente no segmento agro, o que significa que o consumo e a indústria ainda permanecem em ritmo lento e, consequentemente, a inflação tem boas chances de permanecer comportada nas próximas leituras.
Todos esses novos "inputs" indicam que, muito em breve, o Banco Central do Brasil terá condições propícias para finalmente iniciar um corte de juros. Ou seja, em menos de dois meses passamos de um Brasil com chances de ver uma Selic "descambar" para cima de 15% para outro Brasil com possibilidades reais de vislumbrar uma taxa básica de apenas um dígito.
Tudo o que comentamos está refletido no gráfico abaixo, que mostra a curva de juros futuros no Brasil. Uma curva mais alta significa que os investidores estão pedindo rendimentos (juros) mais altos para investir aqui, o que também significa que eles estão com mais medo de investir.

Por outro lado, uma curva mais baixa indica que eles estão pedindo rendimentos menores – em outras palavras, que eles estão com menos receios de investir no Brasil.
O gráfico mostra como estava a curva no início de abril (linha preta) e onde ela foi parar nesta semana (linha vermelha). Repare como os juros dos contratos de todos os vencimentos simplesmente desabaram no período, o que mostra que o apetite aumentou dramaticamente.
Outro indicador interessante é o risco-Brasil (CDS, ou Credit Default Swap), que voltou para os menores níveis desde 2021.

Obviamente, todos esses fatores produzem impactos muito relevantes sobre o valuation das empresas, mas lembre-se que elas ainda nem começaram a sentir essa melhora em seus resultados.
Primeiro o macro, depois o micro
Esse efeito que estamos vendo no valor das ações é apenas uma resposta aos primeiros sinais de melhora que podemos ter pela frente (menos juros, menor dificuldade para captar empréstimos, maior atividade econômica, etc), mas esses avanços ainda nem chegaram.
A Selic segue próxima de 14%, inibindo o consumo, e as despesas com juros seguem elevadíssimas para as empresas.
Ou seja, os resultados das empresas ainda nem começaram a melhorar – longe disso, eles pioraram no 1T23. Mesmo assim, vimos várias ações voarem nas últimas semanas.

E se realmente estivermos diante de uma mudança estrutural das condições de mercado (Selic abaixo de 10% e dólar abaixo de R$ 5,00 por um longo período), a alta recente será apenas o início de uma longa trajetória de valorização para os ativos, não só porque os resultados vão melhorar, mas porque os múltiplos também seguem muito atrativos.
Como podemos ver no gráfico abaixo, que mostra o índice preço/lucros das Small Caps brasileiras, mesmo com a alta recente as ações ainda seguem bastante descontadas.

Eu mostrei o índice de Small Caps não por acaso. São justamente as empresas com menor valor de mercado que têm maior potencial de valorização nesses momentos.
Repare que o fundo que replica a série Microcap Alert, que traz as melhores pequenas empresas da bolsa, subiu 31% desde o início de maio, muito acima do Ibovespa no período.

Obviamente, não é para você colocar todo o seu patrimônio nessas empresas menores, afinal de contas, sempre podemos ter imprevistos no mercado.
Mas faz todo o sentido ter pelo menos uma parcela do seu patrimônio aplicado nessas empresas, como por exemplo a Lojas Quero-Quero (LJQQ3). Depois de resultados muito ruins, atrapalhados pela inflação e pelos juros elevados, a empresa viu suas ações caírem cerca de 80% nos últimos anos. Sob condições econômicas mais favoráveis, companhia passa a ter capacidade de recuperar uma boa parte desse valor perdido.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
- As microcaps podem ser responsáveis por multiplicar seu patrimônio em até 5x dentro de apenas 36 meses – mas desde que você saiba escolher as melhores para adicionar ao portfólio agora. Confira AQUI a seleção de ações feita pela Empiricus Research para quem busca alcançar valorizações de até 400% com a “virada” da bolsa que se aproxima.
VEJA TAMBÉM — Socorro, Dinheirista! Inter saiu da Bolsa Brasileira e eu perdi 50% do meu patrimônio: e agora? Veja detalhes do caso real abaixo:
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano