Além dos super-ricos: Entenda por que o investidor comum deveria se preocupar com a taxação de fundos exclusivos — e como evitar os impostos
A nova taxação para fundos exclusivo é um sinal de alerta para além dos milionários. Afinal, há cada vez menos alternativas para que o investidor evite perder dinheiro com impostos
Não sei se algum dos três leitores desta CompolundLetter é titular de um fundo exclusivo. Acredito que não.
Mas se esse for seu caso, você provavelmente está sabendo que está próximo de tomar uma nova mordida da Receita Federal, já que a Câmara aprovou um projeto que muda a taxação desses fundos.
Hoje, fundos exclusivos só pagam impostos no resgate.
Já os fundos disponíveis no varejo para pessoas comuns levam semestralmente uma mordida, conhecida como come-cotas, que limita bastante o efeito do juros sobre juros.
Com a nova regra, os fundos exclusivos também passarão a sofrer com ele.
Se você não tem o privilégio de ser um cotista exclusivo, certamente já sofre com essa mordida periódica em seus fundos multimercados, de renda fixa e cambiais.
Leia Também
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
É a triste sina do contribuinte, que só tem duas certezas na vida: a morte e os impostos.
Taxação atinge mais do que só os fundos exclusivos
Ok, isso pode soar como um problema de super-ricos, não investidores comuns. Mas falar disso serve de alerta para algo que todo investidor deveria levar em consideração: os impostos fazem toda diferença.
E agora, com o fim da isenção de come-cotas para os fundos exclusivos, restam os fundos de previdência como instrumento para fugir desse tipo de cobrança.
Esse assunto veio à tona na conversa que tivemos há duas semanas com o Luiz Parreiras, gestor da Verde, casa fundada por Luis Stuhlberger e que tem seus fundos dessa classe.
“O fundo fechado é um Robin Hood às avessas que tem no Brasil, mas isso vai mudar", diz Parreiras.
"O que vai sobrar como um veículo de investimento que você consegue de fato compor o capital ao longo do tempo sem ser tributado no meio do caminho vão ser os fundos de previdência”, afirma o gestor.
“A estrutura de incentivos do fundo de previdência é muito interessante (...) você consegue pegar um pedaço da sua renda e em vez de dar ela para o governo instantaneamente como imposto, você poupa no fundo e com uma tabela regressiva dentro do mundo dos dos PGBL”, completa, lembrando das vantagens do regime no imposto de renda.
- VEJA TAMBÉM: A DINHEIRISTA - Fui parar no Serasa por ser fiador de um inadimplente. E agora?
Novos caminhos para fazer seu dinheiro render
Aqui você já deve estar pensando: mas os fundos de ação também não têm come-cotas, só pagamos impostos no resgate.
Sim, sei disso, mas estamos falando aqui do resto da sua carteira, daquilo que não está em ações.
Voltando.
A nossa “tribo” da renda variável talvez não preste a devida atenção aos fundos de previdência, mas deveria.
Em primeiro lugar, por que a lei mudou e hoje os gestores de fundos estão têm muito mais ferramentas para fazer seu dinheiro render.
“O que você podia comprar num fundo de previdência era basicamente título público e alguma coisa de ações", revela Luiz Parreiras
"Era muito difícil diversificar, era muito difícil fazer proteção, era muito difícil construir um portfólio diversificado com uma relação risco/retorno interessante, que é no fim do dia o que gestores de fundo multimercado buscam”, explica o gesto.
“Mais ou menos ali em 2013 a 2015 a regulação começou a ser flexibilizada e a gente conseguiu achar maneiras de replicar o que a gente fazia ou a maior parte do que a gente fazia nos multimercados nos fundos de previdência”, completa.
Sim, hoje há fundos de alta qualidade, como o Verde que têm sua versão de previdência. Mas o triste é que o brasileiro não aproveita, e acaba rasgando dinheiro nos bancões.
Evitar os impostos sem cair em furada
A Empiricus fez, no ano passado, um estudo sobre investimentos nos fundos de previdência dos maiores bancos do Brasil.
A conclusão de quem lê o trabalho é assombrosa: o brasileiro concentra o dinheiro de sua aposentadoria em fundos com taxas exorbitantes e com retornos pífios.
O trabalho, da equipe de Melhores Fundos, levantou os principais produtos desta classe dos cinco maiores maiores bancos do país — Banco do Brasil, Caixa, Santander, Itaú e Bradesco — e os avaliou segundo os critérios de rentabilidade e taxa de administração.
Os fundos que tiveram rentabilidade menor que o CDI em menos da metade dos anos de sua existência levaram cartão vermelho (o investidor deve fugir).
Já em relação à taxa, os fundos de maior diversificação levavam cartão amarelo quando cobravam entre 1% e 1,5% do patrimônio ao ano; no caso dos conservadores, a taxa aceitável é de no máximo 0,5% a 1%.
Taxas acima de 1,5% resultavam em cartão vermelho.
Cerca de 200 fundos foram avaliados e quase todos levaram cartão vermelho da equipe de analista. Alguns poucos — apenas 14 — saíram apenas com um cartão amarelo.
O dado mais sombrio do estudo é o que vem a seguir: ao todo, esses fundos dos bancões tinham R$ 490 bilhões em ativos, o que representava na época quase metade de toda a indústria de fundos de previdência (R$ 1,1 trilhão).
A única conclusão possível de tudo isso é a de que o investidor deve, sem dúvida nenhuma, fugir dos impostos na medida do possível (pelo amor de Deus, não estou pregando sonegação).
Portanto alocar em fundos de previdência como parte de uma carteira faz todo sentido.
Ao mesmo tempo, isso não pode ser feito de qualquer jeito, pois o que não falta no mercado, principalmente nos grandes bancos são fundos ruins.
O ideal, portanto, é agir como os super-ricos: fugindo do come-cotas e investindo em produtos melhores e mais sofisticados. Sim, eles estão disponíveis.
Um abraço,
Renato Santiago
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento