Por que o fundo da Verde Asset, de Stuhlberger, reduziu a exposição à bolsa? Veja as apostas da gestora
No mês passado, as perdas do fundo Verde vieram do ouro, da bolsa local e de posições em juros em mercados desenvolvidos
O movimento de gestoras como a Verde Asset, de Luis Stuhlberger, está sempre no radar dos investidores e, desta vez, após o desempenho do fundo Verde em setembro, a decisão foi por reduzir a posição na bolsa de valores.
“O fundo está com uma exposição menor em ações, tendo reduzido a carteira no Brasil e aumentado os hedges no mercado global”, disse a Verde, na carta deste mês.
No mês passado, o fundo Verde ganhou com a posição de inflação implícita no Brasil, nos hedges (operações de proteção) de bolsa global, no petróleo e nas posições de moedas.
Já as perdas, vieram do ouro, da bolsa local e de posições em juros em mercados desenvolvidos.
O rendimento do fundo Verde foi de 0,85% em setembro, acumulando ganhos de 8,17% em 2023. O rendimento segue abaixo do CDI no mesmo período, que foi de 0,97% no mês passado e de 9,93% de janeiro a setembro.
O que os juros dos EUA têm a ver com a bolsa?
A própria gestora afirmou que os investidores podem se perguntar por que falar dos juros dos EUA agora se o banco central norte-americano já vem subindo a taxa há mais de um ano?
A resposta está no fato de que só agora as taxas de longo prazo subiram de maneira significativa.
A taxa do Treasury (título público norte-americano) com vencimento de dez anos, por exemplo, subiu 46 pontos base em setembro e já acumula alta de 115 pontos base em cinco meses.
Nos primeiros dias de outubro esta taxa ainda continuou a subir. Isso significa que os treasurys de 10 anos chegaram a beirar os 5,0% ao ano na primeira semana de outubro. Trata-se do maior patamar desde 2007, quando os Estados Unidos estavam às vésperas da crise financeira.
Essa forte alta refletiu em todos os ativos, com contratos de juros subindo em vários países, dólar avançando frente a diversas moedas e bolsas de valores caindo mundo afora.
Vale lembrar que quando os juros estão mais altos nos Estados Unidos, a tendência é que os investidores retirem dinheiro aplicado em mercados emergentes como o Brasil e em ativos de renda variável como ações — que são mais arriscados —, para investir em ativos que podem lucrar mais com esses juros, como os títulos públicos norte-americanos.
É por isso que a reação das bolsas de valores costuma ser de queda quando os juros sobem.
ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? Analistas da Empiricus Research revelam suas principais recomendações para o mês em entrevista completa para o Youtube do Seu Dinheiro. Assista agora:
Quais razões estão por trás da piora do desempenho da bolsa?
A Verde Asset também listou três motivos principais que fizeram as taxas dos Tresurys dispararem só agora e, consequentemente, impactarem negativamente as bolsas de valores e mercados de ações.
São eles:
- Resiliência da economia norte-americana: desde o início do ciclo de alta de juros nos EUA, o mercado em geral discute uma possível recessão econômica, mas ela insiste em não acontecer. Os dados econômicos nos últimos dois meses têm mostrado uma economia bastante pujante (embora haja bons argumentos para uma desaceleração nos próximos meses);
- Incerteza fiscal: o aumento substancial dos déficits fiscais norte-americanos após a pandemia faz com que a quantidade de títulos que têm que ser emitida aumentasse substancialmente. Em grandes números, a quantidade em circulação de Treasurys saiu de US$ 5 trilhões em 2007 para US$ 25 trilhões hoje, e projeções conservadoras apontam que esse número vai dobrar nos próximos dez anos;
- Oferta x demanda por Treasurys: em paralelo ao aumento da oferta de títulos, vários compradores tradicionais reduziram sua demanda. O Fed (banco central dos EUA) passou a concorrer como vendedor de títulos. Além disso, o sistema financeiro está sofrendo com maiores restrições de capital e os bancos centrais globais não acumulam reserva se o dólar se valoriza globalmente. Com as curvas de juros invertidas, outros investidores ainda acabam sendo incentivados a comprar títulos de curto prazo.
Diante desse cenário e olhando para a frente, a gestora acredita que os níveis de preço atuais (próximos ou acima de 5% em toda extensão da curva de juros norte-americana) já embutem os principais riscos.
Por isso, manteve a posição aplicada — ou seja, que ganha com taxas menores do que as esperadas pelo mercado — em juros reais nos EUA e voltou a ter posições aplicadas em juros reais no Brasil.
- VEJA TAMBÉM: Renda diária com dólar? Aprenda em tutorial gratuito como você pode ter ganhos médios de R$ 1.1103 por dia com modalidade de investimento envolvendo a moeda americana
Impacto nos mercados de juros e ações no Brasil
A gestora de Luis Stuhlberger destacou ainda que os períodos de alta violenta de taxas de juros norte-americanas “costumam ser bastante perniciosos para mercados emergentes”, e setembro seguiu este padrão.
A avaliação é que o cenário para o Brasil não mudou, mas as condições globais estão impondo restrições mais fortes.
Por isso, a gestora decidiu reduzir a posição vendida no dólar contra o real. O fundo também diminuiu “marginalmente” a exposição na bolsa e aumentou o risco em juros.
A posição em ouro, por sua vez, foi zerada, enquanto no petróleo o Verde continua com uma pequena alocação.
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais operam sem sinal único após decisão de juros do Fed; Ibovespa acompanha balanços e IDP
RESUMO DO DIA: Na volta do feriado, as bolsas internacionais começam o dia sem um sinal definido. Enquanto os futuros de Nova York sobem, as bolsas da Europa operam sem direção e o encerramento da sessão na Ásia foi majoritariamente negativo. Os investidores digerem a decisão de juros de ontem do Federal Reserve, que manteve […]
O dólar já era? Campos Neto diz quem vence a disputa como moeda da vez no mundo — e não é quem você pensa
O presidente do BC brasileiros avaliou a possibilidade de o yuan substituir a moeda norte-americana e sugere qual caminho o mundo vai escolher daqui para frente
Agrogalaxy (AGXY3) aprova aumento de capital de até R$ 277 milhões com preferência para atuais acionistas; veja como participar
Acionistas do bloco de controle garantiram a subscrição de R$ 150 milhões em novas ações; saiba quem terá direito à preferência
Teve de tudo em Nova York hoje: o sobe e desce das bolsas na carona dos juros e do Fed
A virada dos principais índices de ações dos EUA foi proporcionada pelas declarações de Jerome Powell, mas não durou muito tempo
As horas que precedem o Fed: bolsas em Nova York em compasso de espera de um sinal sobre os juros
O cenário corporativo está movimentado lá fora, com ações de algumas empresas que divulgaram balanço recuando quase 20%; indicadores importantes também foram publicados nesta quarta-feira (1)
Futuros de Nova York operam em baixa com cautela pré-Fed em dia cheio de indicadores econômicos no exterior
A bolsa brasileira permanece fechada, assim como vários outros mercados ao redor do mundo, mas Wall Street opera normalmente e está de olho na decisão de juros
Bolsa hoje: Na véspera do Fed, Ibovespa recua e acumula queda de quase 2% em abril; dólar avança 3,5% no mês
RESUMO DO DIA: Na véspera do feriado do Dia do Trabalho e da decisão sobre os juros nos Estados Unidos, a aversão ao risco permaneceu nos mercados e pressionou o desempenho do principal índice da bolsa brasileira. O Ibovespa terminou o dia em baixa de 1,12%, aos 125.924,19 pontos. No mês, o índice acumulou queda […]
Fundos imobiliários sentem o “efeito Campos Neto” e Fed nos juros, mas queda abre oportunidade para comprar FIIs com desconto
O IFIX iniciou o segundo trimestre da forma exatamente oposta à que começou o ano: o índice registra queda de 1% em abril
Quando a bolha da inteligência artificial vai estourar? Esta consultoria britânica tem uma previsão
Há quem diga que o entusiasmo dos investidores com a inteligência artificial tenha levado à formação de mais uma bolha no mercado de ações — e ela já está com prazo contado para estourar
Bolsa hoje: Ibovespa fecha na máxima do dia, aos 127.351 mil pontos; Casas Bahia (BHIA3) é destaque, mas VALE (VALE3) puxa índice; dólar cai a R$ 5,11
RESUMO DO DIA: A semana começou agitada e, enquanto o feriado de quarta-feira (1º) não chega, o cenário corporativo roubou a cena e atraiu a atenção dos investidores. O Ibovespa fechou com alta de 0,65%, aos 127.351 pontos, na máxima do dia. Já o dólar terminou a sessão próximo da estabilidade, com recuo de 0,02%, […]
Leia Também
-
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais operam sem sinal único após decisão de juros do Fed; Ibovespa acompanha balanços e IDP
-
Ouro e dólar foram os melhores investimentos de abril, que viu queda nas bolsas e títulos públicos; bitcoin recuou no mês do halving
-
Bradesco (BBDC4) tem nova queda no lucro no 1T24, mas supera previsões; veja os destaques do balanço
Mais lidas
-
1
O dólar já era? Campos Neto diz quem vence a disputa como moeda da vez no mundo — e não é quem você pensa
-
2
Subsidiária da Oi (OIBR3) anuncia emissão de 14,9 bilhões de ações a um preço total de R$ 4; operação renderá economia de R$ 1,78 bi à tele
-
3
O futuro dos juros no Brasil: o que Campos Neto pensa sobre possíveis cenários, inflação, crescimento e questão fiscal