O Nubank pode até ser um banco digital com o DNA da América Latina, mas no momento segue um ditado bem irlandês como sua estratégia de negócio — a busca de um pote de ouro no fim do arco-íris.
E não se trata de qualquer pote de ouro. É um particularmente graúdo, alimentado pelo bolso das classes A e B — a famosa “alta renda” — e que, até o momento, está bem longe dos cofres do Nubank.
A notícia de que a fintech demitiu o seu corpo de assessores de investimentos e deixou de oferecer o serviço para os clientes do Nu Invest parece ter comprovado a teoria de que a empresa ainda está muito longe de conseguir atingir as suas metas de capturar “peixes grandes” do mercado.
Pelo menos é isso que pensam os analistas Eduardo Rosnam, Ricardo Buchpiguel e Thiago Pura, do BTG Pactual. Em relatório divulgado nesta quarta-feira (01), o banco de investimentos aponta que, até o momento, a meta de atingir o público de alta renda fracassou — ainda que o projeto de assessoria tenha sido apenas um “piloto” de outras iniciativas que devem ser anunciadas ainda em 2023.
Nubank: pote cheio de desafios
Na visão dos analistas, o encerramento desse braço de atuação reforça os desafios enfrentados para que a companhia atinja os seus objetivos. Vale lembrar que o cartão Ultravioleta — voltado a clientes de renda mais elevada e com maior exclusividade nos benefícios oferecidos — não decolou.
“Parece que o Nubank ainda tem problemas para atrair e engajar os clientes mais ricos para a sua base, mesmo sendo uma fintech bem sucedida e com grande diversidade de produtos para a baixa renda”, aponta o BTG.
O fracasso momentâneo, no entanto, precisa ser monitorado. Isso porque, para o banco de investimentos, o Nubank precisa atrair as classes mais altas para continuar justificando o seu valor de mercado de mais de US$ 22 bilhões e expandir o seu mercado potencial de atuação. “É preciso subir na pirâmide e atrair mais e mais os indivíduos mais ricos da população”.
A recomendação para os papéis do Nubank se mantiveram neutras pelo banco de investimento. O preço-alvo para os próximos 12 meses é de US$ 4,65, um potencial de queda de 3,2%.