Debate nacionalizado: Defesa de Lula e Bolsonaro marca confronto entre Haddad e Tarcísio
Assuntos como orçamento secreto e decretos presidenciais sob sigilo de 100 anos, sem nenhuma relação com os temas estaduais, foram discutidos insistentemente pelos candidatos

O debate envolveu os candidatos ao governo do Estado de São Paulo. Entretanto, as propostas e mensagens levadas ao público pelo ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ontem à noite no debate da Band eram constantemente associadas à disputa presidencial.
Isso não ocorreu sem razão. Além do enfrentamento direto pelo Palácio dos Bandeirantes, os desempenhos de Haddad e Tarcísio nas urnas podem ser decisivos para o confronto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Com o maior colégio eleitoral brasileiro, com 34,6 milhões de votos - 22,15% do total -, São Paulo é cortejado por Bolsonaro, que terminou o primeiro turno com 47,71% dos votos no Estado, e Lula, que teve na primeira rodada de votação 40,89% entre os paulistas.
No cenário estadual, Tarcísio terminou o primeiro turno à frente, com 42,32% (9,8 milhões dos votos válidos), contrariando todas as pesquisas. Haddad teve 35,7% dos votos válidos (8,3 milhões). No segundo turno, sondagens de intenção de voto apontam o ex-ministro de Bolsonaro com até dez pontos porcentuais de dianteira.
O debate
Assuntos como orçamento secreto e decretos presidenciais sob sigilo de 100 anos, sem nenhuma relação com os temas estaduais, foram discutidos insistentemente pelos candidatos.
No cenário local, Tarcísio e Haddad repetiram promessas, como redução de impostos, câmeras nos uniformes dos policiais militares e até a mudança da sede do governo para o centro da capital.
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No primeiro e no terceiro bloco, Tarcísio e Haddad fizeram perguntas diretas entre si com um banco de tempo, o que elevou a temperatura. O tema inicial foi econômico: a redução da alíquota do ICMS para manter a redução do preço do combustível.
Para Tarcísio, o debate sobre o ICMS foi uma "briga comprada pelo presidente Bolsonaro". Após agradecer ao atual chefe do Executivo, ele se comprometeu a manter a redução do ICMS no combustível, além de alongar os prazos de pagamento para o pequeno empreendedor e reduzir o imposto na aquisição de bens de capital. "Isso vai gerar emprego", pontuou.
Já o petista rebateu atacando e disse que a redução foi uma "caridade com o chapéu alheio" e afirmou que o presidente "tirou dinheiro dos governadores". Mas apesar das críticas, Haddad afirmou que, caso eleito, irá manter a alíquota do ICMS e se juntar com os governadores para que o veto de Bolsonaro à compensação aos Estados pelas perdas de arrecadação com o tributo seja derrubado.
Em seguida, foi Tarcísio que subiu o tom no tema da segurança pública ao lembrar o que chamou de "frase infeliz" do ex-presidente Lula, que em um discurso afirmou que Bolsonaro "não gosta de gente, gosta de policial".
"O presidente Lula se desculpou pela frase. Ele quis usar milícia, e não polícia. O Bolsonaro celebrou o aumento de suicídio de pessoas, ofendeu chefes de Estado e jornalistas, mas não pede perdão por nada", respondeu Haddad.
A artilharia entre os dois candidatos seguiu nas perguntas seguintes sobre câmeras no uniforme dos policiais, cultura, vacinação e fake news, orçamento secreto e sigilo de 100 anos, sempre seguindo a mesma dinâmica de ataque à defesa dos respectivos presidenciáveis apoiados pelo ex-prefeito e o ex-ministro.
"Tarcísio, confesse aqui, o que está acontecendo com o seu orçamento na infraestrutura. O que é decisão sua executar e o que é decisão do relator?", perguntou o petista.
O candidato do Republicanos fez críticas às gestões do PT e a Lula, e evitou críticas diretas ao mecanismo. "Hoje tem muito mais autonomia, tem emenda impositiva, as ferramentas do passado já não funcionam mais", justificou Tarcísio.
Em resposta, o petista voltou a tecer críticas à medida e perguntou se Tarcísio emularia o orçamento secreto no Estado, caso eleito.
"O que a gente defende para o orçamento é menos vinculação de receita, é um orçamento mais livre para que os gestores possam definir a política pública e levá-la para a ponta", respondeu.
Críticas indiretas a Garcia
Após Rodrigo Garcia (PSDB) declarar apoio "incondicional" a Tarcísio e Bolsonaro no segundo turno, a gestão do tucano foi alvo de críticas indiretas do candidato bolsonarista em temas como transporte e segurança pública.
"Nós não podemos ter o bandido em uma situação de vantagem com relação ao policial. Então, tirar a câmera é uma coisa simbólica, que mostra que o Estado está amparando esse policial", afirmou Tarcísio sobre o uso de câmeras corporais em agentes da Polícia Militar, medida iniciado durante a gestão do tucano.
Coube a Haddad defender a medida, afirmando que a política já se mostrou eficiente, com a redução das mortes de agentes, além da letalidade policial. "Como você, que se diz técnico, vai desafiar os dados que são da própria polícia", disse. "As câmeras precisam ser mantidas e reavaliadas", destacou.
Em outro momento, porém, o candidato de Bolsonaro fez um gesto para os tucanos. "Nosso governo não vai ser do cavalo de pau".
Quando falou sobre a revitalização do centro da capital do Estado de São Paulo, o candidato do Republicanos defendeu a transferência do centro administrativo do governo para o “Campo dos Elíseos”, errando o nome do bairro. "Quando você leva o poder pro centro, você fica comprometido com o problema", disse Tarcísio, criticado por opositores por demonstrar desconhecimento sobre São Paulo.
Para Haddad, a prioridade é recuperar o centro da cidade, mas discordou com a ideia do ex-ministro da Infraestrutura. "Você vai gastar um dinheirão para fazer outro Palácio, e não vai acontecer nada no centro de São Paulo porque o centro de São Paulo precisa de morador", disse o petista.
Ao falar sobre a proposta de mudar a sede do Palácio dos Bandeirantes, hoje localizado no Morumbi, Tarcísio disse em mais de uma ocasião que levaria o prédio para o "Campo dos Elíseos".
Carioca, o candidato tem cometido gafes que mostram falta de conhecimento sobre o Estado que deseja governar. Uma das que mais gerou repercussão foi quando não soube responder a jornalistas onde fica seu local de votação em São José dos Campos.
Pandemia
Haddad ainda criticou a gestão do atual presidente durante a pandemia de covid-19 e questionou se Tarcísio tinha a mesma postura de Bolsonaro em relação à vacina contra a doença.
O ex-ministro da Infraestrutura defendeu o chefe do Executivo e afirmou que as acusações seriam fake news. "A fake news está em você fazer um recorte de uma gravação, recorte de um filme", disse, declarando que, se os vídeos fossem exibidos na íntegra, veria que Bolsonaro estava fazendo um alerta.
Tarcísio ainda defendeu as medidas econômicas do governo na pandemia. "A mão do governo federal salvou milhares de empresas", afirmou, ao dizer também que o Brasil está em recuperação com o arrefecimento dos números da covid-19.
Considerações finais
Nas considerações finais do debate, o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apostou em um discurso com foco em mudanças sociais no Estado.
Já Fernando Haddad, nome do PT ao governo do Estado, também citou projetos de interesse social, mas aproveitou para exaltar a necessidade de um alinhamento entre o Executivo estadual e nacional.
Tarcísio apostou em negar a imagem de "político profissional", mas um "engenheiro mão na massa" que aprendeu com "os mais simples".
Ao finalizar suas considerações, o candidato do Republicanos aproveitou para fazer palanque para o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). "Vote Bolsonaro", disse, citando o número da urna do presidente.
Apesar de adversários, as considerações de Tarcísio e Haddad convergiram com foco em habitação.
"No fundo, o que a gente quer é que as pessoas nos conheçam um pouco mais, conheçam as soluções que a gente tem a apresentar", afirmou o candidato petista.
Ao fazer palanque para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa com Bolsonaro o segundo turno presidencial, o ex-prefeito de São Paulo defendeu a importância de um maior diálogo com o Executivo nacional.
"Ter as portas do Palácio do Planalto abertas", disse, criticando o atual Executivo com o orçamento secreto e com o decreto de diversos sigilos.
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