Há alguns meses, a Weg foi considerada a empresa com mais chance de se beneficiar com a crise de energia na Europa e a com a guerra de Vladimir Putin contra a Rússia. Mas parece que o cenário mudou — e WEGE3 já não tem mais tanto espaço para continuar a escalada de ganhos como antes.
Pelo menos é isso que acha o Bank of America (BofA), que rebaixou a recomendação das ações para neutra e cortou o preço-alvo de R$ 44 para R$ 42, o que representa um potencial de valorização de 12% com relação ao fechamento de segunda-feira (29).
Os papéis da Weg fecharam hoje em alta de 0,56%, cotados a R$ 37,71. No mês, no entanto, WEGE3 acumula baixa de 6%; no ano, o ganho é de 18%.
Não há mais espaço para a Weg (WEGE3)?
O múltiplo de preço/lucro (P/E) das ações da Weg (WEGE3) saltou para 32 vezes, sendo que, há alguns meses, estava em torno de 29 vezes — níveis muito acima da média histórica para o papel, de 25 vezes.
Nas projeções do BofA, a tendência agora é que a receita da empresa desacelere em 2023 na comparação com os anos anteriores e que, após o recente bom desempenho, as ações da Weg não tenham mais espaço para manter o ritmo, pelo menos nos próximos 12 meses.
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Dois fatores principais explicam essa possível desaceleração da companhia em 2023, segundo o Bank of America:
- Várias divisões da Weg alcançaram um platô de curto prazo, devido a uma demanda mais fraca ou ao atingimento da capacidade máxima das plantas;
- Repasse parcial dos aumentos de custos de matérias-primas para os consumidores nos próximos trimestres.
Pedidos firmes, mas exterior fraco
Assim como outras empresas que atuam em nível global, a Weg (WEGE3) não deve escapar dos efeitos de uma economia mundial em desaceleração, segundo o BofA.
Enquanto a carteira de pedidos de produtos de ciclo longo da Weg permanece robusta ao longo de 2023 — cerca de 35% da receita consolidada —, a força da demanda de produtos de ciclo curto — cerca de 65% da receita — depende da economia global.
Segundo o banco, se as incertezas aumentam lá fora, o crescimento pode ser impactado e surpreender negativamente.
Vale lembrar que a própria Weg alertou no terceiro trimestre que já percebeu menos pedidos de países europeus específicos, embora ainda não seja relevante. A Europa representa de 14% a 15% da receita da empresa — a grande maioria é proveniente de exportações do Brasil e da China.
No longo prazo, o BofA espera que a Weg continue registrando forte crescimento de receita, expandindo a presença de seu portfólio, bem como ganhando participação em mercados no exterior.