iPhone vs. iphone: entenda como a Gradiente (IGBR3) foi ao STF para tentar um pedaço da maçã da Apple
Numa briga com a Apple pelo uso da marca iPhone, a Gradiente (IGBR3) conseguiu que seu recurso seja julgado pelo Supremo. Entenda a briga

"Hoje, a Apple (AAPL34) vai reinventar o telefone". A frase, dita por Steve Jobs em 9 de janeiro de 2007, mostrou-se profética: ao apresentar a primeira versão do iPhone, a empresa da maçã realmente revolucionou as telecomunicações, dando início à era do smartphone. Mas, enquanto o mundo voltava os olhos ao vale do Silício, uma companhia da Zona Franca de Manaus observava tudo com desconfiança — a Gradiente (IGBR3).
Afinal, sete anos antes de a Apple mostrar ao mundo o seu aparelho, a empresa brasileira já tinha registrado o termo "iphone" (em letras minúsculas) no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. E, sendo assim, a Apple precisaria pagar pelo uso da marca por aqui, já que a Gradiente também batizou sua linha de telefones com esse nome.
Pode parecer um caso absurdo à primeira vista, mas saiba que ele não é inédito: ainda em 2007, a companhia de Steve Jobs precisou fazer um acordo nos EUA para usar a marca, uma vez que ela tinha sido registrada pela Cisco. Em 2012, no México, uma empresa chamada 'iFone' foi à Justiça com uma tese semelhante à da Gradiente e saiu vencedora.
Pois a Gradiente tem motivos para acreditar que essa batalha a la Davi versus Golias poderá pender para o seu lado. Após ser derrotada nas instâncias inferiores, a empresa recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) — e, por unanimidade, os ministros decidiram que o caso tem fundamento e, portanto, será analisado pela Corte.
O imbróglio judicial com a Apple é quase uma questão de vida ou morte para a Gradiente, que está em recuperação judicial desde 2018. Uma eventual vitória nos tribunais e um possível acordo com a gigante americana significaria uma injeção de recursos no caixa da companhia, resgatando-a da beira da falência.
A notícia de que o caso será julgado pelo STF faz as ações da Gradiente operarem em alta nesta terça-feira (22). Por volta de 13h, os papéis IGBR3 avançavam 3,41%, a R$ 51,00, nas máximas em 2022 — desde o começo do ano, os ativos da companhia na B3 quase dobraram de valor.
Leia Também
Ainda assim, é importante lembrar que a briga está longe de uma decisão: ainda não há data para o julgamento no Supremo, e o fato de o recurso ter sido aceito não quer dizer que a vitória na instância máxima da Justiça brasileira esteja garantida. De qualquer forma, é um sinal animador para a Gradiente.
- IMPORTANTE: liberamos um guia gratuito com tudo que você precisa para declarar o Imposto de Renda 2022; acesse pelo link da bio do nosso Instagram e aproveite para nos seguir. Basta clicar aqui
Gradiente vs. Apple: uma longa (e improvável) polêmica
Como é possível que a Gradiente (IGBR3) — e outras empresas do mundo, como dito acima — tenha registrado o termo 'iphone' e suas variantes antes de a Apple lançar o seu aparelho?
Bem, o xis da questão é o caráter genérico do nome: 'iphone' nada mais é que uma junção entre as palavras "internet" e "phone" (telefone, em inglês). Portanto, sob o ponto de vista linguístico, qualquer aparelho que faça ligações telefônicas e possua conexão à internet poderia receber esse nome.
Ou seja: a Cisco, a Gradiente e a iFone do México não se aproveitaram da explosão em popularidade do iPhone da Apple, correndo para registrar o nome antes que a empresa da maçã o fizesse. Por incrível que pareça, é só uma espécie de estranha coincidência, fruto da abrangência do termo — mas que, obviamente, abre uma brecha jurídica quanto ao uso da marca.
É um caso mais ou menos parecido com o da Xerox, do cotonete ou do jet ski: há outros fabricantes de máquinas de fotocópia, há outros players no mercado de hastes flexíveis e há outros nomes no segmento de motos aquáticas. Mas a Xerox, o cotonete da J&J e o jet ski da Kawasaki tornaram-se sinônimos desses produtos no imaginário coletivo.
O iPhone da Apple foi pelo mesmo caminho, mas com o agravante de que o termo era genérico a ponto de já ter sido registrado por outras empresas, em diversos lugares do mundo.
Seja como for, a companhia brasileira continuou lançando os seus próprios iphones, em paralelo à empresa da maçã. É difícil traçar um histórico da linha de telefones da Gradiente — o próprio site da companhia não traz informações nesse sentido —, mas há registros espalhados pela internet.
Uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo em abril de 2000 já fazia menção a um aparelho da Gradiente batizado de 'iphone'. O último telefone da empresa com esse nome, aparentemente, foi o C600, lançado em outubro de 2013: um smartphone que, ironicamente, usava o sistema operacional Android e contava com 8 GB de armazenamento interno, além de câmera com 13 megapixels de definição.
Apenas um mês antes, a Apple lançou o seu iPhone 5S, com até 64 GB de armazenamento e câmera de 8 MP — a versão mais completa chegou ao mercado brasileiro ao valor de R$ 3.600. O iphone C600 da Gradiente, por sua vez, estreou nas lojas com o preço sugerido de R$ 1.400.

O calvário da Gradiente
A Gradiente é controlada pela IGB Eletrônica — daí o código de suas ações ser IGBR3. E, por mais que tente se manter no mercado, a situação do grupo não é nada animadora, tanto no lado financeiro quanto no operacional.
No primeiro semestre de 2021, por exemplo, a empresa teve receita líquida de R$ 2,8 milhões, alta de 13% em um ano. Pode não parecer o pior dos mundos, mas vale ressaltar que, atualmente, a maior parte dessa cifra se deve à locação e administração de imóveis em seu parque industrial, na Zona Franca de Manaus.
Ou seja: a venda de produtos rende pouco — e, com a pandemia de Covid-19, os custos operacionais das instalações fabris dispararam. Como resultado, a IGB/Gradiente teve prejuízo líquido de R$ 37,4 milhões no período em questão, uma perda 23% maior que a registrada nos primeiros seis meses de 2020.
A coisa fica ainda pior quando olhamos para o lado do endividamento. Em junho de 2021, a empresa tinha compromissos da ordem de R$ 524 milhões com seus credores; dívidas com bancos e com fornecedores são o grosso desse montante.
Isso, no entanto, não quer dizer que a companhia esteja apostando todas as suas fichas num parecer favorável do STF no caso do iPhone. Em fevereiro de 2021, a IGB/Gradiente conseguiu avançar com o seu plano de recuperação judicial, vendendo parte de seus ativos ao BTG Pactual por R$ 120 milhões e ganhando fôlego na relação com os credores.
E o que exatamente poderia interessar ao BTG? Bem, o alvo da compra foi a RJS, uma unidade da IGB que se dedica "à industrialização de produtos que fazem uso de realidade aumentada e realidade virtual", além de outros itens mais ligados à alta tecnologia e à automação.
Dadas as condições operacionais e financeiras da empresa, parece improvável que um óculos para acesso ao Metaverso estivesse sendo produzido na Zona Franca de Manaus; mas, de qualquer maneira, a tecnologia e a expertise — e, talvez, o volume da dívida — foram suficientes para atrair o BTG.
Mais um detalhe insólito numa história cheia de particularidades.
Gradiente (IGBR3): uma mordida na maçã
Dito tudo isso, fato é que os papéis da Gradiente (IGBR3) estão nas máximas do ano, e isso numa época não tão animadora para o mercado de ações. Ainda assim, vale fazer algumas ponderações — veja o gráfico abaixo:

Repare que as ações da companhia passaram bastante tempo ao redor do patamar de R$ 20 — a cada novidade jurídica mais favorável à empresa, os ativos reagiam positivamente; a cada derrota na Justiça, os papéis recuavam. Há, no entanto, uma enorme distorção a partir do segundo semestre de 2020.
A disparada nas cotações de IGBR3 ocorreu em paralelo à venda dos ativos ao BTG Pactual; o processo foi anunciado em novembro de 2020, sendo concluído em fevereiro de 2021 — e foi justamente nesse mês que as ações chegaram ao pico histórico, ao redor de R$ 180.
Esse movimento salta aos olhos, especialmente quando levamos em conta que a Gradiente ainda estava em recuperação judicial e que, portanto, suas ações carregavam um alto risco. Quem se posicionou nos papéis nessa época, apostava numa resolução rápida entre a empresa e seus credores, o que não se verificou.
Pouco menos de um ano após a máxima histórica, as ações IGBR3 voltaram a ser negociadas abaixo dos R$ 20. E, agora, com o avanço do caso no STF, os papéis novamente dão sinal de vida, embora a própria companhia admita que não há nenhuma garantia de que a decisão do Supremo lhe será favorável.
E, mesmo num cenário em que a empresa brasileira saia vitoriosa, ainda restaria a dúvida: que tipo de acordo seria firmado com a Apple? A gigante americana pagaria para usar a marca iPhone a partir de agora, ou há um cálculo retroativo a ser considerado? Há indenizações a serem quitadas? É possível que a empresa da maçã firme uma parceria operacional com a IGB?
Vale lembrar, afinal, que estamos falando de duas companhias brutalmente diferentes em termos de escala: apenas no último trimestre de 2021, a Apple teve uma receita líquida de US$ 124 bilhões; apenas as vendas de iPhones no mundo somaram US$ 71,6 bilhões no período em questão.
A IGB/Gradiente tem um valor de mercado de R$ 61,6 milhões, o que equivale a cerca de US$ 12,4 milhões, no câmbio atual. A Apple tem um market cap de US$ 2,76 trilhões e ocupa o posto de empresa mais valiosa do mundo.
O que resta?
Se a maior parte da receita líquida da Gradiente vem da locação de imóveis, o que resta no lado da venda de produtos? Uma visita à loja online da empresa nos mostra que, de fato, não há muito a ser comprado — atualmente, a Gradiente tem foco em aparelhos sonoros: caixas, mini systems, torres de áudio e outros dispositivos do tipo.
E os celulares?
Bem, não há mais nenhum iphone a venda na loja da Gradiente; o site conta apenas com o modelo Neo S, em duas cores diferentes, a R$ 379. Enquanto isso, a Apple lançou o iPhone 13 no ano passado — o modelo Pro Max, o mais avançado, passa dos R$ 13 mil em algumas lojas.

Câmara chama Gabriel Galípolo para explicar possível aval do Banco Central à compra do Master pelo BRB
Operação já foi aprovada pela Superintendência-Geral do Cade e agora aguarda autorização da autoridade monetária
Oi (OIBR3) entra com pedido de recuperação judicial para duas subsidiárias
Segundo o fato relevante divulgado ao mercado, o movimento faz parte do processo de reestruturação global do grupo
Roubo do século: Banco Central autoriza C&M a religar os serviços após ataque hacker; investigações continuam
De acordo com o BC, a suspensão cautelar da C&M foi substituída por uma suspensão parcial e as operações do Pix da fintech voltam ao ar nesta quinta-feira
Embraer (EMBR3) ganha ritmo: entregas e ações da fabricante avançam no 2T25; Citi vê resultados promissores
A estimativa para 2025 é de que a fabricante brasileira de aeronaves entregue de 222 a 240 unidades, sem contar eventuais entregas dos modelos militares
Banco do Brasil (BBAS3) decepciona de novo: os bancos que devem se sair melhor no segundo trimestre, segundo o BofA
A análise foi feita com base em dados recentes do Banco Central, que revelam desafios para alguns gigantes financeiros, enquanto outros reforçam a posição de liderança
WEG (WEGE3) deve enfrentar um segundo trimestre complicado? Descubra os sinais que preocupam o Itaú BBA
O banco alerta que não há gatilhos claros de curto prazo para retomada da queridinha dos investidores — com risco de revisões negativas nos lucros
Oi (OIBR3) propõe alteração de plano de recuperação judicial em busca de fôlego financeiro para evitar colapso; ação cai 10%
Impacto bilionário no caixa, passivo trabalhista explodindo e a ameaça de insolvência à espreita; entenda o que está em jogo
Exclusivo: Fintech afetada pelo ‘roubo do século’ já recuperou R$ 150 milhões, mas a maior parte do dinheiro roubado ainda está no “limbo”
Fontes que acompanham de perto o caso informaram ao Seu Dinheiro que a BMP perdeu em torno de R$ 400 milhões com o ataque cibernético; dinheiro de clientes não foi afetado
Gol (GOLL54) encerra capítulo da recuperação judicial, mas processo deixa marca — um prejuízo de R$ 1,42 bilhão em maio; confira os detalhes
Apesar do encerramento do Chapter 11, a companhia aérea segue obrigada a enviar atualizações mensais ao tribunal norte-americano até concluir todas as etapas legais previstas no plano de recuperação
Vale (VALE3) mais pressionada: mineradora reduz projeção de produção de pelotas em 2025, mas ações disparam 2%; o que o mercado está vendo?
A mineradora também anunciou que vai paralisar a operação da usina de pelotas de São Luís durante todo o terceiro trimestre
Natura começa a operar com novo ticker hoje; veja o que esperar da companhia após mudança no visual
O movimento faz parte de um plano estratégico da Natura, que envolve simplificação da estrutura societária e redução de custos
Casas Bahia (BHIA3): uma luz no fim do túnel. Conversão da dívida ajuda a empresa, mas e os acionistas?
A Casas Bahia provavelmente vai ter um novo controlador depois de a Mapa Capital aceitar comprar a totalidade das debêntures conversíveis em ações. O que isso significa para a empresa e para o acionista?
Empresas do Novo Mercado rejeitam atualização de regras propostas pela B3
Maioria expressiva das companhias listadas barra propostas de mudanças e reacende debate sobre compromisso com boas práticas corporativas no mercado de capitais; entenda o que você, investidor, tem a ver com isso.
O roubo do século: Hacker leva mais de R$ 1 bilhão em ataque a empresa de software que presta serviços a bancos
Um ataque cibernético à empresa de software C&M, que presta serviços ao sistema financeiro, resultou em um roubo estimado em R$ 1 bilhão
Azul (AZUL4) ratifica pedido de recuperação judicial nos EUA e homologação de aumento de capital
Com isso, o número total de ações também foi ajustado para 3,025 bilhões de papéis, sendo 2,129 bilhões de ações ordinárias e 896 milhões de preferenciais
Tesla perde tração em 2025: ações e BDRs caem com desgaste da imagem de Elon Musk
A companhia tem enfrentado grandes desafios na disputa pela liderança global no setor de veículos elétricos com boicotes ao redor do mundo
BYD atrasa abertura de fábrica brasileira, mas diz que quer transformar a Bahia no “Vale do Silício da América Latina”
Chinesa fabricante de carros elétricos apresentou sua estrutura de produção no local onde um dia operou a Ford; montadora aguarda licenças para dar pontapé inicial
Raízen (RAIZ4) dá mais um passo para melhorar suas contas e anuncia cisão parcial da subsidiária Resa
Operação busca otimizar estrutura de capital e gestão, concentrando a participação societária em entidades no exterior
Banco Master nega irregularidades em venda de ativos ao BRB após reportagem sobre auditoria do BC
O colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiou que autarquia teria identificado problemas nas transações realizadas desde o final de 2023
Embraer (EMBR3) lidera ganhos do Ibovespa depois de acordo multibilionário para venda de 45 jatos
A Embraer assinou acordo de US$ 4 bilhões com a Scandinavian Airlines (SAS) para a venda de 45 jatos E195-E2 da companhia brasileira