Há destroços incinerados e pertences pessoais espalhados por uma ampla área montanhosa e de difícil acesso, mas nenhum sinal de sobreviventes. Esta foi a observação predominante entre as equipes de resgate enviadas ao local da queda do Boeing 737-800 da China Eastern Airlines que caiu ontem no sul da China com 132 pessoas a bordo.
“Destroços do avião foram encontrados no local, mas até agora, nenhuma das pessoas que estavam foi encontrada”, noticiou a CCTV.
O avião decolou de Kunming às 13h11 de ontem, hora local, com 132 pessoas a bordo, sendo 123 passageiros e nove tripulantes. O pouso estava previsto para as 15h05 em Guangzhou. Porém, a aeronave deixou de emitir sinal às 14h22, quando sobrevoava a região de Wuzhou, segundo sites de monitoramento de voo.
Como as chances de se encontrar sobreviventes diminuem a cada hora que passa, o mais provável é que em breve venha a confirmação deste como o pior acidente aéreo ocorrido na China em quase três décadas.
Um mistério a ser desvendado
Enquanto as operações de busca prosseguem, as autoridades locais iniciaram as investigações para elucidar um mistério: como um dos aviões mais seguros já construídos pela Boeing caiu de bico em um momento no qual ainda deveria estar em voo de cruzeiro?
Ordenada pessoalmente pelo presidente Xi Jinping, a investigação é liderada pela agência chinesa de aviação civil. Um investigador sênior da agência homóloga dos Estados Unidos foi enviado à China para colaborar. Já a Boeing e a fabricante de turbinas CFM International atuarão como consultores técnicos.
Os investigadores tentarão determinar por que o avião despencou de uma altitude de quase 10 mil metros e em poucos minutos caiu em uma área montanhosa e remota de Wuzhou, no sul da China.
Além dos dados técnicos do voo e do áudio da cabine de comando, eles provavelmente examinarão também os voos anteriores da aeronave, o histórico de manutenção, as condições climáticas no momento da queda e a saúde do piloto.
Boeing 737-800 é um dos aviões mais seguros do mundo
O Boeing 737-800 é considerado um dos aviões mais seguros já construídos.
De acordo com a Cirium, empresa de análise de viagens, há mais de 4.200 Boeings 737-800 em operação no mundo. Destes, 1.177 compõem frotas de companhias aéreas chinesas.
Por precaução, a China Eastern estacionou todos os seus 737-800, o que levou ao cancelamento de mais de 8.700 voos apenas hoje, segundo a agência Bloomberg.
“Estamos falando de uma aeronave que compõe toda a frota da Ryanair [companhia aérea europeia de baixo custo]. Uma aeronave em serviço com a American Airlines, Qantas, FlyDubai, Ethiopian, KLM”, disse Alex Macheras, um analista independente de aviação, à CNBC.
Além disso, a aeronave envolvida na tragédia era relativamente nova. Estava em operação há pouco mais de seis anos.
Para Macheras, não há precedentes para um acidente como o de ontem. “Especialmente em altitude de cruzeiro. Estamos falando da fase mais segura do voo. É por isso que essas respostas serão necessárias o mais rápido possível”, acrescentou.
O que aconteceu com esse Boeing?
No momento do acidente, o voo MU5735 estava no ar havia mais de uma hora e encontrava-se prestes a iniciar a operação de descida. O avião executava ainda a fase de voo de cruzeiro quando despencou repentinamente.
De acordo com o site FlightRadar24, em apenas dois minutos e 15 segundos, o avião saiu de cerca de 9 mil metros de altitude para pouco mais de 3 mil antes de perder contato.
Emissoras chinesas de televisão transmitiram imagens que parecem mostrar um avião a jato caindo de bico em uma área montanhosa.
As imagens foram capturadas pela câmera de painel de um carro e foram reproduzidas pela mídia no mundo tudo, mas não é possível confirmar se referem-se ao acidente ocorrido ontem.
A expectativa é de que os investigadores analisem diversas causas possíveis para a tragédia.
As hipóteses mais prováveis a serem abordadas são:
- ação deliberada;
- erro do piloto;
- problemas técnicos;
- falha estrutural; ou
- colisão aérea.
Os investigadores trabalham no momento nas buscas pelas chamadas “caixas pretas”. Elas contêm as gravações de voz da cabine e dos dados de voo.
*Com informações da BBC, da Bloomberg e da CNBC.