A notícia de que a Vale (VALE3) e a Tesla (TSLA34) fecharam um acordo secreto já havia vazado no final de março. Mas, mesmo sem conseguir manter o segredo, as duas companhias ainda esperaram até esta sexta-feira (06) para confirmar que de fato assinaram um contrato de longo prazo.
A intenção por trás do misterioso acordo também foi confirmada: a montadora de Elon Musk está atrás do níquel extraído pela mineradora brasileira no Canadá. “Temos o prazer de ter a Tesla, líder em produção de veículos elétricos, entre nossos clientes” declarou, em nota, Deshnee Naidoo, Vice-Presidente Executiva da divisão de metais básicos da brasileira.
Segundo a Vale, o acordo está em linha com a estratégia de ampliar a exposição à indústria de veículos elétricos. A mineradora já havia declarado anteriormente que vende 5% de sua produção para o setor e planeja aumentar esse percentual para a faixa entre 30% e 40%.
A qualidade dos produtos entregues pela Vale - que, segundo a empresa, têm alguns dos menores níveis de emissão de carbono do mundo - atraiu a Tesla. "Esse acordo reflete um compromisso compartilhado com sustentabilidade e mostra muito claramente que somos o fornecedor preferencial para produtos de níquel de baixa emissão de carbono e alta pureza”, destaca Naidoo.
Por que a Tesla (TSLA34) quer o níquel da Vale (VALE3)
O níquel explorado por mineradoras como a Vale é essencial para a fabricação de baterias para veículos elétricos — o principal ramo de atuação da Tesla (TSLA34).
A empresa de Elon Musk tem uma meta ambiciosa de aumentar sua produção em 50% este ano e, para isso, vai precisar cada vez mais de níquel. Confira a produção da Tesla nos últimos dois trimestres:
Tesla | 1T22 | 4T21 |
Entregas | 310.048 | 308.600 |
Produção | 305.407 | 305.840 |
Para garantir o níquel necessário para atingir essa meta, uma das principais opções seria recorrer à China. Analistas ouvidos pelo Financial Times estimam que mais de 80% do processamento mundial do metal é feito no país asiático. Além disso, cerca de 60% das minas de níquel que existem no planeta são de propriedade chinesa.
Mas, com a crise na cadeia de suprimentos que afeta o setor, a montadora de Elon Musk teve de optar por outro caminho. Componentes críticos como semicondutores continuam em falta, e os preços aumentaram para matérias-primas como o próprio níquel e o alumínio depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro.
Para driblar o problema, a Tesla tem colocado "esforço significativos" na produção interna de seus produtos, assim como na diversificação de fornecedores, o que abriu espaço para o acordo com a Vale (VALE3).