Em 24 de março, quando a última rodada de sanções contra a Rússia havia sido anunciada, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já sinalizava que poderia aumentar a pressão caso Vladimir Putin continuasse a avançar.
Nesta semana, o que era apenas uma hipótese se tornou realidade. Isso porque nesta quarta-feira (06), Estados Unidos e Reino Unido anunciaram novas sanções contra a Rússia, com impactos para as principais instituições financeiras do país. O acesso do Kremlin a fundos para o pagamento da dívida pública também está comprometido.
O anúncio não é surpresa, já que, ainda no domingo (03), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que Washington e seus aliados estariam analisando novas sanções “todos os dias”.
Já na segunda-feira (04), um porta-voz do governo alemão disse que novas sanções seriam decididas “nos próximos dias” e ainda afirmou que a proibição da importação de gás russo seria discutida.
O Reino Unido também já demonstrava a intenção de intensificar seus esforços contra Putin. Na terça-feira (05), Liz Truss, ministra de Relações Exteriores do Reino Unido, foi até a Polônia para discutir a atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e uma nova rodada de medidas punitivas.
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EUA partem para cima
Os Estados Unidos apresentaram o maior número de sanções desta quarta-feira. O Tesouro norte-americano já havia anunciado que iria proibir a Rússia de efetuar pagamentos com qualquer fundo sob sua jurisdição, o que poderia resultar em um calote russo, com implicações duradouras para a economia do país.
Agora a coisa foi ainda mais longe e ficam proibidos novos investimentos no país, com sanções contra o Sberbank, maior instituição financeira russa, e o Alfa Bank, quarta maior instituição financeira e maior banco privado da Rússia. Contudo, transações relacionadas a venda de energia não estão sujeitas às medidas.
Familiares de membros do alto escalão do governo russo também não escaparam das punições: as duas filhas de Putin, a esposa e a filha de Sergei Lavrov, Ministro das Relações Exteriores da Rússia, e parentes dos membros do conselho de segurança do país foram afetados.
Os bens que estiverem sob jurisdição dos EUA ficarão congelados; esses cidadãos, assim, ficam impedidos de realizar qualquer transação com pessoas ou empresas norte-americanas.
Na quinta-feira (07), devem ser anunciadas novas medidas contra as principais empresas estatais russas, com o objetivo de impedir que elas continuem a movimentar fundos pelo sistema financeiro mundial.
Segundo comunicado emitido pela Casa Branca, as medidas são uma resposta à brutalidade que tem sido observada em Bucha. Joe Biden escreveu no twitter que havia deixado claro que a Rússia pagaria, rapidamente, um preço alto pelas atrocidades que vinha cometendo.
Pressão britânica e o clima na Europa
O Reino Unido usou a mesma justificativa dos norte-americanos para anunciar novas medidas contra o Sberbank e se comprometeu a parar de importar carvão e petróleo da Rússia até o final deste ano.
Pouco antes do anúncio das novas sanções por parte de Estados Unidos e Reino Unido, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia afirmado que ele não poderia “tolerar nenhuma indecisão”.
A fala aconteceu em discurso ao parlamento irlandês e Zelensky não perdeu a oportunidade de cutucar os colegas europeus, ao dizer que alguns ainda acreditavam que a “guerra e os crimes de guerra não são tão horríveis quanto os prejuízos financeiros”.
Alguns membros da União Europeia, como a Alemanha, têm na Rússia uma fonte importante de energia e, por isso, o setor vem sendo poupado das sanções. Mas a coisa pode estar mudando de figura, uma vez que a Comissão Europeia propôs, na terça-feira, que o carvão russo fosse banido do continente.
A avaliação é de que a mudança de clima acontece em meio ao aparecimento de evidências que comprovariam o cometimento de crimes de guerra por parte da Rússia, como é o caso das imagens de corpos de civis nas ruas de Bucha, cidade próxima a Kiev.
Até o presidente francês, Emmanuel Macron, se juntou aos que defendem que a Europa pare completamente de importar carvão russo.
Também existe a expectativa de que membros da União Europeia proíbam transações envolvendo as principais instituições financeiras russas e acabem com as importações de uma vasta gama de produtos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a União Européia pretende fechar seus portos para embarcações russas, além de impedir que empresas de transporte rodoviário da Bielorússia acessem seu território.
Von der Leyen acusou a Rússia de empreender uma guerra cruel e impiedosa contra civis e defendeu que a União Europeia imponha a maior pressão possível a Putin e seu governo no que chamou de “ponto crítico”.