Maio termina com recuperação da bolsa, alívio no dólar e retorno de 1% na renda fixa; bitcoin tem pior desempenho do mês
Ibovespa foi o melhor investimento do mês, seguido dos títulos públicos atrelados à Selic; ativos dolarizados amargaram os piores desempenhos, e bitcoin desabou quase 20%

Tem alguns anos que o ditado "sell in May and go away" ("venda em maio e vá embora", em tradução livre) não pega no Brasil. A frase sugere que o quinto mês do ano é tipicamente de queda para os ativos de risco, mas por aqui houve espaço para a recuperação da bolsa e novo alívio no dólar após um mês de abril difícil.
Com isso, o Ibovespa teve o melhor desempenho de maio entre os principais ativos e indicadores, enquanto o dólar teve o terceiro pior desempenho.
O principal índice de ações da B3 terminou o mês em alta de 3,22%, aos 111.350 pontos, enquanto a moeda americana viu queda de 3,85%, para R$ 4,75, na cotação à vista e R$ 4,73 na cotação PTAX, totalizando uma baixa de cerca de 15% em 2022.
O recuo do dólar ante o real também afetou negativamente o desempenho de ativos dolarizados quando cotados na moeda brasileira. É o caso do ouro, segundo pior investimento do mês, com queda de 6,69%; e do bitcoin, ativo com pior desempenho de maio, com recuo de quase 20% em reais, para R$ 150.235,18, e quase 16% em dólares, para US$ 31.673,30. Mas a queda da moeda americana não foi o único fator a afetar esses ativos, como veremos adiante.
Já os juros futuros continuaram pressionados diante da alta generalizada das taxas no mundo, a inflação ainda elevada e a perspectiva de novos ajustes para cima; assim, ativos de renda fixa que tipicamente se beneficiam da queda dessas taxas se desvalorizaram; enquanto as aplicações pós-fixadas - atreladas à Selic e ao CDI - continuaram brilhando e atingiram finalmente a rentabilidade "mágica" de 1% no mês.
Os títulos Tesouro Selic, negociados pelo Tesouro Direto, ficaram em segundo lugar no ranking dos melhores investimentos do mês, seguidos das debêntures. Veja a seguir a lista completa:
Leia Também
Os melhores investimentos de maio
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
Ibovespa | 3,22% | 6,23% |
Tesouro Selic 2027 | 1,08% | 4,75% |
Tesouro Selic 2025 | 1,02% | 4,42% |
CDI* | 0,98% | 4,29% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | 0,96% | 5,24% |
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)* | 0,68% | 5,20% |
Poupança antiga** | 0,66% | 3,02% |
Poupança nova** | 0,66% | 3,02% |
Tesouro Prefixado 2025 | 0,45% | 0,28% |
Tesouro IPCA+ 2026 | 0,42% | 4,63% |
IFIX | 0,26% | 0,56% |
Tesouro Prefixado 2029 | 0,14% | - |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -0,24% | 1,48% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 | -0,25% | - |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -0,28% | -0,51% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | -0,47% | - |
Tesouro IPCA+ 2035 | -0,71% | -0,85% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -2,29% | -6,67% |
Dólar à vista | -3,85% | -14,77% |
Dólar PTAX | -3,85% | -15,25% |
Ouro | -6,69% | -15,45% |
Bitcoin | -19,78% | -41,63% |
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..
Algumas sinalizações de alívio
O desempenho da economia e dos ativos brasileiros continuou, em maio, fortemente atrelado ao cenário global; e a verdade é que pouca coisa mudou de abril para cá.
A inflação segue pressionada em todo o mundo, as perspectivas para as taxas de juros (aqui e lá fora) ainda são de alta, a covid-19 continua impactando a economia chinesa, e a guerra da Ucrânia não acabou.
Porém, neste último mês, alguma luz no horizonte começou a surgir. Os indicadores de inflação, tanto no Brasil quanto nos EUA, já indicam - ainda muito modestamente - que, em breve, podem ver algum alívio, um efeito da política monetária.
Já a China ampliou incentivos e permitiu o retorno de algumas atividades econômicas antes paralisadas pela sua política de covid zero.
Quanto à postura dos bancos centrais contra a inflação, ainda permanece dura, mas não endureceu mais, como chegou a temer o mercado em alguns momentos ao longo do mês.
Por aqui, o Banco Central elevou a Selic em 1,0 ponto percentual no início de maio, para 12,75%, sinalizando que deve haver mais uma alta de 0,5 ponto na próxima reunião, porém que o ciclo de aperto já deve estar perto do fim.
Com esse novo aumento da taxa básica de juros, os investimentos de renda fixa atrelados à Selic e ao CDI, como é o caso das aplicações mais conservadoras, atingiram finalmente a remuneração de 1% ao mês.
Já o Federal Reserve, o banco central americano, sinalizou que a próxima alta nos juros também deve ser de 0,5 ponto, sem mencionar - ao menos por enquanto - a possibilidade de algum aumento de 0,75 ponto no futuro próximo, para alívio dos investidores.
Assim, o mercado deu o benefício da dúvida aos ativos de risco, que recuperaram parte do terreno perdido em abril. A possibilidade de um aperto monetário nos EUA que não seja extremamente duro permitiu que o dólar recuasse tanto ante o real quanto em relação a outras moedas fortes.
Ações com melhor desempenho no mês
Empresa | Ação | Desempenho no mês |
Cielo | CIEL3 | 16,57% |
BRF | BRFS3 | 14,51% |
Eneva | ENEV3 | 13,27% |
Bradesco PN | BBDC4 | 13,08% |
Ultrapar | UGPA3 | 12,64% |
Banco do Brasil | BBAS3 | 11,77% |
Lojas Renner | LREN3 | 11,62% |
Bradesco ON | BBDC3 | 11,07% |
Alpargatas | ALPA4 | 10,66% |
Braskem | BRKM5 | 10,64% |
Ações com pior desempenho no mês
Empresa | Ação | Desempenho no mês |
Magazine Luiza | MGLU3 | -23,98% |
Hapvida | HAPV3 | -23,03% |
Petz | PETZ3 | -20,55% |
CVC | CVCB3 | -17,65% |
Inter | BIDI11 | -17,40% |
Marfrig | MRFG3 | -16,80% |
Americanas S.A. | AMER3 | -16,13% |
WEG | WEGE3 | -15,35% |
Banco Pan | BPAN4 | -14,26% |
Qualicorp | QUAL3 | -14,07% |
Juros e ouro continuaram pressionados
Ainda assim, a pressão sobre os juros futuros continuou, o que levou os títulos públicos prefixados e atrelados à inflação a recuarem um pouco mais em maio. Esses papéis se valorizam quando a perspectiva é de queda nos juros, mas se desvalorizam quando as taxas futuras sobem.
O ouro também assistiu a um recuo global, com a queda do dólar e a perspectiva de alta de juros nos EUA. Apesar de se beneficiar de cenários inflacionários, o metal precioso não paga juros, perdendo vantagem quando a expectativa, para a política monetária americana, é de um aperto duro, com consequente aumento da remuneração dos títulos públicos do país.
O tombo do bitcoin e o 'longo inverno cripto'
Ainda que o aperto monetário no mundo não seja radical, ele ainda assim deve ser duro, o que torna o cenário para os ativos de risco, ao menos no curto prazo, pouco animador.
Isso inclui as criptomoedas, ativos altamente voláteis e que vêm sofrendo com a perspectiva de alta de juros nos EUA.
Esse momento difícil para os ativos digitais foi apelidado de "longo inverno cripto" pelos especialistas da área, e em maio vimos a continuidade do seu movimento. Foi o terceiro mês seguido que o bitcoin, principal criptomoeda do mundo, fechou em queda.
Mas o tombo de quase 20% da cripto no último mês não se deveu apenas ao cenário macroeconômico e às questões geopolíticas que, por sua vez, também pesam sobre os indicadores.
O colapso da criptomoeda Terra (LUNA) e sua stablecoin, a TerraUSD, que perdeu sua paridade com o dólar, contaminou todo o mercado cripto, provocando um verdadeiro terremoto - com o perdão do trocadilho. A Terra chegou a ser considerada um dos projetos de criptoativos mais promissores da atualidade.
Nesta matéria especial, o repórter Renan Sousa explica com mais detalhes o que aconteceu à Terra (LUNA), hoje cotada a um preço próximo de zero.
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
XP rebate acusações de esquema de pirâmide, venda massiva de COEs e rentabilidade dos fundos
Após a repercussão no mercado, a própria XP decidiu tirar a limpo a história e esclarecer todas as dúvidas e temores dos investidores; veja o que disse a corretora
PGBL ou VGBL? Veja quanto dinheiro você ‘deixa na mesa’ ao escolher o tipo de plano de previdência errado
Investir em PGBL não é para todo mundo, mas para quem tem essa oportunidade, o aporte errado em VGBL pode custar caro; confira a simulação
De Minas para Buenos Aires: argentinos são a primeira frente da expansão do Inter (INBR32) na América Latina
O banco digital brasileiro anunciou um novo plano de expansão e, graças a uma parceria com uma instituição financeira argentina, a entrada no mercado do país deve acontecer em breve
XP Malls (XPML11) é desbancado por outro FII do setor de shopping como o favorito entre analistas para investir em março
O FII mais indicado para este mês está sendo negociado com desconto em relação ao preço justo estimado para as cotas e tem potencial de valorização de 15%
Mata-mata ou pontos corridos? Ibovespa busca nova alta em dia de PIB, medidas de Lula, payroll e Powell
Em meio às idas e vindas da guerra comercial de Donald Trump, PIB fechado de 2024 é o destaque entre os indicadores de hoje
Debêntures da Equatorial se destacam entre as recomendações de renda fixa para investir em março; veja a lista completa
BB e XP recomendaram ainda debêntures isentas de IR, CRAs, títulos públicos e CDBs para investir no mês
Vencimento de Tesouro Selic paga R$ 180 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?
Simulamos o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro Selic e em outros papéis de renda fixa
Estrangeiro “afia o lápis”, mas ainda aguarda momento ideal para entrar na bolsa brasileira
Segundo o Santander, hoje, os investidores gringos mantêm posições pequenas na bolsa, mas mais inclinados a aumentar sua exposição, desde que surja um gatilho apropriado