Economistas já projetam inflação a 10% pelo segundo ano seguido, primeira vez desde o Plano Real; gastos eleitorais no Orçamento corroboram com pessimismo
Governo define “prioridades” do Orçamento, mas elas se restringem ao ano eleitoral, de acordo com analistas

A possibilidade de o Brasil registrar uma inflação acima de 10% em 2022, pelo segundo ano seguido, começa a ser aventada pelos economistas. Após o IPCA fechar 2021 em 10,06%, é a vez de novos fatores reajustarem as previsões — um deles tem a ver com eleições e Orçamento federal.
Os motivos por trás desse novo cálculo da rota são os mesmos que vem pressionando as bolsas nos últimos dias: os impactos da guerra na Ucrânia, dúvidas sobre o efeito da política de "covid zero" da China nas cadeias produtivas, aumento dos juros nos Estados Unidos e disseminação das altas de preços no Brasil.
Para finalizar, o cenário eleitoral aparece como fator de pressão adicional.
Prioridades do Orçamento para o presidente
Depois de o governo bloquear R$ 1,7 bilhão do Orçamento em março para encaixar as despesas no teto de gastos, o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse na quinta-feira (05) que novos cortes serão necessários para compensar as "prioridades" definidas pela administração.
Entre elas, está o reajuste que o presidente da República Jair Bolsonaro quer dar ao funcionalismo público. Em participação no Broadcast Live, Valle disse que existe uma preocupação com a paralisação da máquina pública por falta de recursos.
"Existe essa preocupação, mas vamos trabalhar para não ter shutdown [termo técnico para a paralisação]. Parar a Receita Federal ou o Tesouro Nacional não é desejável, teremos de cortar outras despesas. Não tem cabimento a máquina parar por falta de orçamento."
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Orçamento contra o relógio
Até o dia 22 deste mês, a equipe econômica precisa enviar ao Congresso relatório sobre receitas e despesas do ano, mostrando como serão cumpridas as regras fiscais, a meta de resultado primário e o teto de gastos, que limita o crescimento dos gastos à inflação do ano anterior.
“Maio ainda é um mês desafiador. Vamos ter de achar espaço para o aumento dos servidores, temos o desafio de eleger despesas a serem cortadas para compensar as que já estão priorizadas."
Política na frente da economia
Com a pressão de servidores públicos por aumento de salário, o secretário disse que a decisão sobre o reajuste é política. Na semana passada, Bolsonaro confirmou que pretende dar um reajuste de 5% a todo o funcionalismo. Isso teria um custo de R$ 6,5 bilhões aos cofres públicos. "É bem provável que isso seja definido em breve."
Valle disse ainda que a equipe econômica iniciou estudos sobre a possibilidade de criar uma meta para a dívida pública. Valle afirmou que a estimativa da equipe econômica é de que a dívida pública termine o ano correspondendo a 79% do Produto Interno Bruto (PIB).
Histórico da inflação
Se a previsão dos economistas se confirmar, será a primeira vez, desde o início do Plano Real, que o País terá inflação de dois dígitos por dois anos seguidos. Com esse cenário, a taxa de juros básica, elevada pelo Banco Central (BC) anteontem para 12,75% ao ano, teria provavelmente de subir acima dos patamares hoje projetados e se manter alta por mais tempo.
E voltam os temores de inércia inflacionária e indexação, "doenças" da época da hiperinflação em que as altas de preços passadas se refletiam nos preços futuros e mantinham a inflação em alta.
O que dizem os especialistas sobre o IPCA
O banco BNP Paribas foi o primeiro a elevar, oficialmente, a projeção de IPCA em 2022 para 10% - o dobro do teto da meta.
"Esperamos pressão dos mesmos setores, mas com impacto mais forte e duradouro", escreveram em relatório Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do BNP, e Laiz Carvalho, economista para Brasil da instituição.
Já a projeção do BNP Paribas para o IPCA fechado em 2023 subiu de 4,5% para 5% (o teto da meta no ano que vem é de 4,75%).
Inflação na ponta do lápis
Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, a probabilidade de o IPCA atingir dois dígitos em 2022 aumentou de 10% para 30% nos últimos dois meses.
"Há alguns meses, imaginávamos que essa inflação mais elevada tinha a mesma característica da de 2021. Hoje, vemos uma situação diferente, com espalhamento preocupante e núcleos afetados, sem a evolução esperada para os itens que o BC tem maior condição de controlar", diz.
"Nossa expectativa para o IPCA 2022 está em 8,4%, mas pode chegar a um patamar até mais elevado que o de 2021. É uma possibilidade que não é remota."
João Fernandes, economista da Quantitas, elevou a projeção de IPCA de 2022 de 8,8% para 9% e alertou que os riscos ainda são para cima. Um novo reajuste dos combustíveis por parte da Petrobras, por exemplo, adicionaria até 0,2 ponto porcentual à estimativa.
O governo anunciou em março uma estimativa de 6,55% para o IPCA no ano. Esse dado será atualizado neste mês.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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