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Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

CORREIO ELEGANTE

Vai ter cartinha: Banco Central admite o óbvio e avisa que a meta de inflação para 2022 está perdida

Com uma semana de atraso, Banco Central divulgou hoje uma versão ‘enxuta’ do Relatório Trimestral da Inflação

Campos neto escalando montanha
Meta de inflação de 2022 está fora do alcance das medidas do Banco Central. - Imagem: Shutterstock / Agência Brasil / Montagem Brenda Silva

Quando o teto da meta de inflação é superado, o Banco Central (BC) tem por obrigação divulgar uma carta pública explicando as razões.

Se você acompanha o noticiário econômico, já viu isso acontecer há pouco tempo.

Em janeiro deste ano, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tentou explicar o estouro da meta em 2021 por meio de carta.

Na ocasião, Campos Neto eximiu o BC de responsabilidade e atribuiu o estouro da meta ao aumento dos preços de commodities, da energia e da falta de insumos.

No ano passado, o IPCA acumulou alta de 10,06%, o maior índice desde 2015 - fechando bem acima do teto da meta para 2021 (5,25%).

Hoje, quando finalmente divulgou hoje seu tão aguardado Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central já deixou sinalizado: vai ter cartinha de novo no início de 2023.

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Inflação vai estourar a meta pelo segundo ano seguido

É verdade que a autoridade monetária já vinha sinalizando essa possibilidade. Agora em junho, o BC elevou a taxa básica de juro (Selic) para 13,25% ao ano, maior nível desde 2016.

No comunicado da decisão, além de indicar que a taxa Selic ficará alta por um período maior de tempo do que o previsto anteriormente, o Banco Central antecipou que a intenção seria manter a inflação de 2023 dentro da meta.

Hoje, o Banco Central admitiu oficialmente no RTI de junho que a meta de inflação será descumprida pelo segundo ano seguido em 2022.

A probabilidade de a inflação superar o teto da meta deste ano passou de 88% em março para 100% em junho, segundo o relatório.

Qualidade da inflação piorou

Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, chama a atenção para o fato de a projeção para a inflação de 2022 ter sido elevada de 6,3% no RTI anterior, de março, para 8,8% no de junho. A meta de inflação de 2022 está na faixa de 2% e 5%.

Do ajuste de 2,5 pontos porcentuais, 2,2 p.p. vêm do grupo de preços livres. “Trata-se de uma qualidade muito pior de inflação”, afirma Mirella. O mesmo vale para as projeções para os anos seguintes, prossegue a economista.

Em relação a 2023, a meta está fixada na banda entre 1,75% e 4,75% enquanto a projeção do BC passou de 3,1% para 4% do relatório anterior para o atual. O BC estima que a probabilidade de superação do teto da meta do ano que vem saltou de 12% para 29%.

Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest
Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest

Projeção do PIB já havia sido antecipada

Embora o RTI tenha sido divulgado somente hoje,o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, antecipou na semana passada alguns números do documento.

Na ocasião, ele informou que o Banco Central elevou de 1% para 1,7% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

A previsão do Banco Central para o crescimento da economia brasileira supera a divulgada pelo governo federal. Pelas projeções do Ministério da Economia, o PIB deve crescer 1,5% neste ano.

De acordo com Mirella Hirakawa, a revisão é justificada por uma atividade mais forte que a esperada no primeiro trimestre.

Além disso, a liberação de parte do FGTS e a antecipação do 13º devem ter impacto relevante sobre o resultado do segunto trimestre.

Em contrapartida, o Banco Central espera desaceleração da atividade econômica na segunda metade de 2022.

Segundo a instituição, a incerteza permanece maior do que a usual em razão da guerra na Ucrânia e dos riscos crescentes de desaceleração da economia global.

O Banco Central e os efeitos da greve

O atraso na divulgação do Relatório Trimestral de Inflação foi uma das consequências da greve dos servidores do BC, a segunda mais longa da história do serviço público no Brasil.

Originalmente, o RTI deveria ter sido divulgado na quinta-feira da semana passada, mas só veio a público hoje.

Outro efeito evidente da greve é a extensão do relatório. O RTI de junho de 2022 saiu muito mais enxuto que de costume, com 57 páginas. As divulgações anteriores continham em torno de 90 páginas.

Algumas informações do documento já haviam sido abordadas na semana passada, em uma entrevista coletiva concedida por Roberto Campos Neto e pelo diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen.

O que se esperava do RTI era um pouco mais de detalhamento. E isso não ocorreu.

Mirella Hirakawa cita como exemplo a revisão da taxa de juro neutra, elevada de 3,5% para 4,0% ao ano pelo BC.

Agentes do mercado financeiro aguardavam detalhes em boxes que costumam acompanhar as projeções e revisões, mas nada encontraram.

BC deixa de lado o impacto do pacote de bondades

Também salta aos olhos a ausência de aprofundamento quanto ao impacto fiscal de medidas articuladas pelo governo que têm sido criticadas por confrontarem leis que as proíbem em anos de eleição.

Na coletiva da semana passada, a autoridade monetária havia antecipado que o impacto do PLP 18, que impõe um teto ao ICMS cobrado sobre os combustíveis e compõe o chamado “pacote de bondades”, não seria contemplado nas projeções do RTI.

Isso ocorre apesar de os agentes de mercado preverem um impacto negativo de dois pontos porcentuais sobre as projeções para o PIB de 2022, salientou Mirella Hirakawa nos comentários feitos ao Seu Dinheiro.

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