Qual a primeira coisa que você faria se um dia acordasse com a notícia de que o país onde você mora foi invadido pela Rússia? Pegaria suas economias e tentaria buscar abrigo em outro lugar? Foi o que o jovem ucraniano Fadey*, de 20 anos, fez. Mas, em vez de sacar suas grívnias (moeda ucraniana), ele fugiu para a Polônia levando bitcoins.
Fadey teve sua história detalhada no site da emissora americana CNBC. Ele contou que no fatídico 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia atacou a Ucrânia, sacar dinheiro era uma tarefa praticamente impossível.
Logo depois que o banco central ucraniano interrompeu as transferências eletrônicas, as filas dos caixas eletrônicos ficaram enormes. Por fim, quem conseguia vencer a fila se deparava com um limite equivalente a 33 dólares por transação.
Foi aí que o jovem viu a possibilidade de usar bitcoins. Fadey trocou com um amigo uma parte de suas economias em bitcoin equivalente a 600 dólares pela moeda polonesa złoty.
Com esse dinheiro, Fadey conseguiu pagar pelas passagens de um ônibus para atravessar a fronteira da Ucrânia com a Polônia. Chegando lá, foi possível alugar uma cama num hostel para ele e a namorada e comprar um pouco de comida.
O jovem ucraniano ainda levou consigo um pendrive abastecido com cerca de 2 mil dólares em bitcoin.
Fadey disse à CNBC que cerca de duas horas depois que ele havia chegado à Polônia, a Ucrânia fechou as fronteiras para todos os homens com idade para lutar.
Esse é um exemplo de aplicação de uma criptomoeda para além da mundo da especulação que estamos acostumados. Fadey ainda está impossibilitado de transferir o dinheiro que está no seu banco ucraniano para a Polônia, mas ele afirma que os bitcoins amenizaram o impacto.
Na Ucrânia, cripto já era realidade antes da guerra
Antes da guerra, a Ucrânia já se posicionava como um dos países mais abertos às criptomoedas. Uma pesquisa publicada no ano passado pela empresa de análise de blockchain Chainalysis mostrou que a Ucrânia é o quarto país que mais utiliza criptomoedas, atrás apenas do Vietnã, da Índia e do Paquistão.

De acordo com o estrategista chefe da Human Rights Foundation, Alex Gladstein, o leste europeu, de maneira geral, é bastante letrado nos ativos digitais. A Ucrânia, em específico, é uma referência da tecnologia.
“Todos eles têm celulares. É um país muito conectado, muito ligado à tecnologia da informação. Muito familiarizado com computadores. Muito familiarizado com o telefone, provavelmente mais do que o americano médio", disse Gladstein à CNBC.
*nome fictício. Ele pediu anonimato à CNBC, pois a Ucrânia está recrutando homens entre 18 e 60 anos para lutar na guerra.
Papo Cripto #015 - o programa de criptomoedas do Seu Dinheiro
O Papo Cripto também pode ser ouvido no Spotify do Seu Dinheiro. Aperte o play logo abaixo e ouça a íntegra do programa com Rodrigo Borges, membro fundador da Oxford Blockchain Foundation e estrategista em blockchain pelo MIT:
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