Rodolfo Amstalden: Tentando alargar a concepção do agora
O calmante de Volpon talvez seja suficiente para mascarar o ataque de nervos de um governo de esquerda moderada, mas não atuará sobre os sintomas de uma esquerda radical, que remete à gestão econômica de Dilma Rousseff

"Quanto mais estreita a sua concepção do agora,
mais tênue você se torna".
(Thomas Pynchon)
O dicionário lista 7 definições possíveis para o adjetivo "tênue".
Entre as mais usadas, estão a (tênue/fina) teia de aranha ou o (tênue/fraco) fio de esperança.
Contudo, aquela definição que mais se encaixa à frase de Thomas Pynchon em "O Arco-Íris da Gravidade" é, para mim, a tênue faculdade das coisas e pessoas que não persistem; que se pretendem eternas, mas acabam se provando fugazes.
Na visão original desse grande romance moderno, a densidade pessoal é uma função diretamente proporcional de quanto tempo útil você carrega consigo.
Indivíduos que conseguem acumular porções generosas de passado (Delta T) — e, mais importante do que isso, que conseguem empregar esse acúmulo em favor das decisões presentes — terão as personalidades mais grossas, mais fortes e mais perenes.
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Uma visão mais quântica
Sem prejuízo dessa importante visão, gostaria de propor uma outra, menos newtoniana e mais quântica, que aborda a concepção estreita do agora não apenas a partir de um passado raso, mas também com base em um presente determinístico.
Presente determinístico é aquele que não admite nuances. Antes do início da Copa, nada poderia ser diferente de uma semifinal entre Brasil e Argentina, que levaria então à grande final entre Brasil e França.
Os torcedores — e, sobretudo, os investidores — que trabalham com uma concepção estrita e estreita do agora são os que mais sofrem, os que mais se sentem revoltados, injustiçados, pois a realidade os traiu, desviando-se da única versão sensata dos fatos.
São torcedores e investidores tênues — e que, portanto, desistem ao menor sinal de que o mundo não se curvou às suas expectativas perfeitamente razoáveis.
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Lenha pra queimar
Conforme disse Tony Volpon, "o mercado tem que tomar um calmante e aceitar que é um governo de esquerda".
Essa aceitação se dá através de novos patamares de precificação, punindo os múltiplos e as expectativas de lucro.
Com 10% de queda para o Ibov no último mês, e quedas muito maiores para o IBOV cíclico, estamos justamente nesta fase, ainda com lenha para queimar.
No entanto, convém já ponderar: quais outras nuances nos aguardam em uma próxima fase?
O calmante de Volpon talvez seja suficiente para mascarar o ataque de nervos de um governo de esquerda moderada, mas não atuará sobre os sintomas de uma esquerda radical, que remete à gestão econômica de Dilma Rousseff.
Nesse último caso, o paciente será encaminhado à unidade de terapia intensiva, caso restem vagas disponíveis. Tomará picadas na veia tênue, em busca de um tênue fio de esperança.
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