Um saldo dos resultados das big techs e a minha ação preferida para comprar agora
Não tenho dúvidas de que as big techs são empresas vencedoras em longo prazo e que, ainda por cima, todas negociam em patamares atrativos

Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Na semana passada, todas as big techs divulgaram seus resultados do 3T22.
Sem dúvidas, essa foi a semana de maior volatilidade nas ações em muitos anos. Google e Microsoft, por exemplo, caíram mais de 8% após os seus balanços.
A Apple, por sua vez, fez exatamente o oposto.
Já a Meta e a Amazon tiveram as reações mais agudas, com quedas de 20% e 13%, respectivamente.
Com as ações das melhores empresas do mundo caindo consideravelmente, você deveria estar se perguntando: qual delas é a melhor oportunidade para o longo prazo, aos preços atuais?
Na coluna de hoje, vou explorar essa pergunta.
Leia Também
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Lembrando que as cinco big techs possuem recibos de ações (BDRs, na sigla em inglês) negociados na B3, conforme os códigos abaixo:
- Amazon: AMZO34
- Apple: AAPL34
- Google (Alphabet): GOGL34
- Meta (Facebook): M1TA34
- Microsoft: MSFT34
Tema 1: o dólar
Um dos grandes protagonistas dos resultados das Big Techs foi o câmbio.
Como essas empresas são globais, parte relevante das suas receitas acontecem fora dos EUA. Seus resultados, porém, são reportados em dólar.
Anos como 2022, em que moedas fortes como o euro e a libra apresentam enorme volatilidade em relação ao dólar, são raros. Por isso, o câmbio não costuma ser assunto tão presente nos resultados dessas empresas.
Deixe-me ilustrar com um exemplo: imagine que um cliente alemão da Microsoft possui um contrato de 1 milhão de euros por trimestre.
Em outubro de 2021, com o euro cotado a US$ 1,20, essa receita foi reconhecida nos resultados da Microsoft com um valor de US$ 1,2 milhão.
Doze meses depois, com o euro cotado a 0,98 centavos de dólar, a contribuição do mesmo contrato para a receita reportada da empresa será de US$ 980 mil.
Essa enorme “queda” nas receitas vem sem que nenhuma alteração contratual tenha acontecido.
Nos resultados do Google, por exemplo, a receita em dólares cresceu 6% na comparação anual; se excluirmos os impactos da variação cambial, sua receita teria crescido 11%.
Nos guidances (projeções), todas as essas empresas disseram aos investidores que o câmbio será um dos grandes detratores de crescimento ao longo dos próximos meses.
A Microsoft, por exemplo, disse esperar um impacto de 5 pontos percentuais no próximo trimestre; a Amazon, de 4,6 pontos percentuais.
Agora, você deve imaginar, se anos como 2022 são raros, é de se esperar que esses movimentos do câmbio alcancem um novo equilíbrio no tempo.
O que hoje é um “vento na cara”, amanhã se transformará num “vento nas costas”, servindo como impulso aos números.
Tema 2: inflação e desaceleração
Ciclos de vendas mais longos, anunciantes menos propensos a fazer investimentos e clientes implorando por artifícios para reduzirem seus gastos.
Todos esses foram tópicos bastante martelados pelas Big Techs em seus resultados.
A Amazon, por exemplo, mencionou que tem ativamente procurado seus clientes (o que ela sempre faz), para ajudá-los a reduzir suas faturas da AWS, a plataforma de serviços de computação em nuvem da empresa de Jeff Bezos.
Um exemplo têm sido os incentivos para que seus clientes migrem parte dos seus workloads para o Graviton — o "chip" desenvolvido por ela e otimizado para o AWS.
O crescimento da AWS desacelerou para 26% neste último trimestre, ritmo similar ao de 2019.
A margem da unidade também sofreu, com mais de dois pontos percentuais de impactos vindo dos custos de energia.
Pois é: as big techs, especialmente em seus data centers, são enormes consumidores de eletricidade. Com os preços em alta, eles sentem diretamente o aumento dos custos.
O que esperar do e-commerce
Na divisão de e-commerce, os executivos da Amazon disseram esperar um final de ano forte, “pero no mucho”.
Eles afirmaram que o consumidor está bastante seletivo com seus gastos, e os feriados de final de ano devem deixar a desejar em relação a 2020 e 2021.
No caso do Google, o YouTube apresentou o primeiro trimestre com queda de receitas desde que a empresa passou a reportar seus resultados isoladamente.
Apesar de o YouTube ainda não estar monetizando o "Shorts" e esse formato estar capturando cada vez mais tempo de tela dos usuários, a empresa disse observar os anunciantes sendo muito mais conservadores com os orçamentos de marketing.
No caso da Apple, apesar de ainda estar crescendo, a divisão de serviços cresceu apenas 5% na comparação anual, uma desaceleração de mais de 10 pontos percentuais em relação a muitos trimestres de 2020 e 2021.
Ou seja, os resultados das Big Techs seguem muito fortes, porém eles estão desacelerando em relação aos anos excepcionais de 2020 e 2021.
Tema 3: as big techs estão caras?
Como eu disse, 2020 e 2021 foram anos excepcionais. Por isso, eu acredito que faz bastante sentido encarar os resultados correntes numa visão alongada. Ou seja, comparando taxas de crescimento composto no período.
O YouTube ilustra bem esse ponto.
Neste último trimestre, a receita do YouTube encolheu 1,9% em relação ao 3T21. Agora, se voltarmos três anos no tempo e calcularmos o crescimento composto entre 2019 e 2022, o ritmo é de 23% ao ano!
Ou seja, o patamar em que as Big Techs estão temporariamente estacionando é um patamar elevadíssimo.
À medida que as pressões que vemos começarem a arrefecer (como o dólar forte e a inflação, conforme o aperto monetário é sentido), os resultados dessas empresas voltarão a acelerar.
- LEIA TAMBÉM: A Netflix disparou depois do balanço: qual vai ser a próxima empresa de tecnologia a conseguir o mesmo?
A minha ação favorita entre as big techs
Não tenho dúvidas de que as big techs são empresas vencedoras em longo prazo e que, ainda por cima, estão todas negociando em patamares atrativos.
Entre elas, a minha preferida aos preços atuais é a Amazon (BDR: AMZO34).
Acredito que ela foi a que mais desapontou os investidores no último trimestre, ao passar uma mensagem de que o final de ano (marcado por Natal e Black Friday), deve ser mais fraco.
O pessimismo nas ações é tão grande que acompanhei discussões com investidores afirmando que o e-commerce da Amazon vale zero, pois apresentou margem negativa nos últimos três trimestres.
Neste momento, mantenho uma recomendação de compra para as ações na Empiricus. Acreditamos que ela possa voltar ao patamar de US$ 150 (um upside de 50%), com algumas boas notícias nos próximos meses.
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível
Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)
Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep
Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)
Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts
Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado
A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027
Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas
Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros
B3 deitada em berço esplêndido — mas não eternamente — e o que mexe com os mercados neste segunda-feira (29)
Por aqui, investidores aguardam IGP-M e Caged de agosto; nos EUA, Donald Trump negocia para evitar paralisação do governo
Pequenas notáveis, saudade do que não vivemos e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (26)
EUA aguardam divulgação do índice de inflação preferido do Fed, enquanto Trump volta a anunciar mais tarifas
A microcap que garimpa oportunidades fora da bolsa e vem sendo recompensada por isso
Há ótimas empresas fora da bolsa, mas não conseguimos nos tornar sócios delas; mas esta pequena empresa negociada na B3, sim
Mais água no feijão e o que sobra para os acionistas minoritários, e o que mexe com os mercados nesta quinta (25)
Por aqui temos prévia da inflação e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN); nos EUA, PIB do segundo trimestre e mais falas de dirigentes do Fed