Um saldo dos resultados das big techs e a minha ação preferida para comprar agora
Não tenho dúvidas de que as big techs são empresas vencedoras em longo prazo e que, ainda por cima, todas negociam em patamares atrativos
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Na semana passada, todas as big techs divulgaram seus resultados do 3T22.
Sem dúvidas, essa foi a semana de maior volatilidade nas ações em muitos anos. Google e Microsoft, por exemplo, caíram mais de 8% após os seus balanços.
A Apple, por sua vez, fez exatamente o oposto.
Já a Meta e a Amazon tiveram as reações mais agudas, com quedas de 20% e 13%, respectivamente.
Com as ações das melhores empresas do mundo caindo consideravelmente, você deveria estar se perguntando: qual delas é a melhor oportunidade para o longo prazo, aos preços atuais?
Na coluna de hoje, vou explorar essa pergunta.
Leia Também
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
Lembrando que as cinco big techs possuem recibos de ações (BDRs, na sigla em inglês) negociados na B3, conforme os códigos abaixo:
- Amazon: AMZO34
- Apple: AAPL34
- Google (Alphabet): GOGL34
- Meta (Facebook): M1TA34
- Microsoft: MSFT34
Tema 1: o dólar
Um dos grandes protagonistas dos resultados das Big Techs foi o câmbio.
Como essas empresas são globais, parte relevante das suas receitas acontecem fora dos EUA. Seus resultados, porém, são reportados em dólar.
Anos como 2022, em que moedas fortes como o euro e a libra apresentam enorme volatilidade em relação ao dólar, são raros. Por isso, o câmbio não costuma ser assunto tão presente nos resultados dessas empresas.
Deixe-me ilustrar com um exemplo: imagine que um cliente alemão da Microsoft possui um contrato de 1 milhão de euros por trimestre.
Em outubro de 2021, com o euro cotado a US$ 1,20, essa receita foi reconhecida nos resultados da Microsoft com um valor de US$ 1,2 milhão.
Doze meses depois, com o euro cotado a 0,98 centavos de dólar, a contribuição do mesmo contrato para a receita reportada da empresa será de US$ 980 mil.
Essa enorme “queda” nas receitas vem sem que nenhuma alteração contratual tenha acontecido.
Nos resultados do Google, por exemplo, a receita em dólares cresceu 6% na comparação anual; se excluirmos os impactos da variação cambial, sua receita teria crescido 11%.
Nos guidances (projeções), todas as essas empresas disseram aos investidores que o câmbio será um dos grandes detratores de crescimento ao longo dos próximos meses.
A Microsoft, por exemplo, disse esperar um impacto de 5 pontos percentuais no próximo trimestre; a Amazon, de 4,6 pontos percentuais.
Agora, você deve imaginar, se anos como 2022 são raros, é de se esperar que esses movimentos do câmbio alcancem um novo equilíbrio no tempo.
O que hoje é um “vento na cara”, amanhã se transformará num “vento nas costas”, servindo como impulso aos números.
Tema 2: inflação e desaceleração
Ciclos de vendas mais longos, anunciantes menos propensos a fazer investimentos e clientes implorando por artifícios para reduzirem seus gastos.
Todos esses foram tópicos bastante martelados pelas Big Techs em seus resultados.
A Amazon, por exemplo, mencionou que tem ativamente procurado seus clientes (o que ela sempre faz), para ajudá-los a reduzir suas faturas da AWS, a plataforma de serviços de computação em nuvem da empresa de Jeff Bezos.
Um exemplo têm sido os incentivos para que seus clientes migrem parte dos seus workloads para o Graviton — o "chip" desenvolvido por ela e otimizado para o AWS.
O crescimento da AWS desacelerou para 26% neste último trimestre, ritmo similar ao de 2019.
A margem da unidade também sofreu, com mais de dois pontos percentuais de impactos vindo dos custos de energia.
Pois é: as big techs, especialmente em seus data centers, são enormes consumidores de eletricidade. Com os preços em alta, eles sentem diretamente o aumento dos custos.
O que esperar do e-commerce
Na divisão de e-commerce, os executivos da Amazon disseram esperar um final de ano forte, “pero no mucho”.
Eles afirmaram que o consumidor está bastante seletivo com seus gastos, e os feriados de final de ano devem deixar a desejar em relação a 2020 e 2021.
No caso do Google, o YouTube apresentou o primeiro trimestre com queda de receitas desde que a empresa passou a reportar seus resultados isoladamente.
Apesar de o YouTube ainda não estar monetizando o "Shorts" e esse formato estar capturando cada vez mais tempo de tela dos usuários, a empresa disse observar os anunciantes sendo muito mais conservadores com os orçamentos de marketing.
No caso da Apple, apesar de ainda estar crescendo, a divisão de serviços cresceu apenas 5% na comparação anual, uma desaceleração de mais de 10 pontos percentuais em relação a muitos trimestres de 2020 e 2021.
Ou seja, os resultados das Big Techs seguem muito fortes, porém eles estão desacelerando em relação aos anos excepcionais de 2020 e 2021.
Tema 3: as big techs estão caras?
Como eu disse, 2020 e 2021 foram anos excepcionais. Por isso, eu acredito que faz bastante sentido encarar os resultados correntes numa visão alongada. Ou seja, comparando taxas de crescimento composto no período.
O YouTube ilustra bem esse ponto.
Neste último trimestre, a receita do YouTube encolheu 1,9% em relação ao 3T21. Agora, se voltarmos três anos no tempo e calcularmos o crescimento composto entre 2019 e 2022, o ritmo é de 23% ao ano!
Ou seja, o patamar em que as Big Techs estão temporariamente estacionando é um patamar elevadíssimo.
À medida que as pressões que vemos começarem a arrefecer (como o dólar forte e a inflação, conforme o aperto monetário é sentido), os resultados dessas empresas voltarão a acelerar.
- LEIA TAMBÉM: A Netflix disparou depois do balanço: qual vai ser a próxima empresa de tecnologia a conseguir o mesmo?
A minha ação favorita entre as big techs
Não tenho dúvidas de que as big techs são empresas vencedoras em longo prazo e que, ainda por cima, estão todas negociando em patamares atrativos.
Entre elas, a minha preferida aos preços atuais é a Amazon (BDR: AMZO34).
Acredito que ela foi a que mais desapontou os investidores no último trimestre, ao passar uma mensagem de que o final de ano (marcado por Natal e Black Friday), deve ser mais fraco.
O pessimismo nas ações é tão grande que acompanhei discussões com investidores afirmando que o e-commerce da Amazon vale zero, pois apresentou margem negativa nos últimos três trimestres.
Neste momento, mantenho uma recomendação de compra para as ações na Empiricus. Acreditamos que ela possa voltar ao patamar de US$ 150 (um upside de 50%), com algumas boas notícias nos próximos meses.
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje