Uma Nova Era na China? Para onde o terceiro mandato de Xi Jinping deve levar o gigante asiático
Enquanto Xi Jinping caminha para seu terceiro mandato, a China entra na terceira década do século em uma posição curiosa

Nesta semana, o Partido Comunista da China realiza seu 20º Congresso Nacional em Pequim. O evento ocorre duas vezes por década e deverá oficializar o terceiro mandato do atual presidente, Xi Jinping. É a primeira vez que isso acontece desde Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping.
O momento é paradigmático para o gigante asiático e tem grandes desdobramentos para o mundo, uma vez que falamos da segunda maior economia do planeta.
A China entra na terceira década do século em uma posição curiosa.
O país acaba de encerrar um ciclo de 30 anos de crescimento, um dos mais rápidos e impactantes que o mundo já viu, tendo impulsionado proezas notáveis de produção, como a construção de suas megacidades imponentes, trens de alta velocidade e capacidade de produção que rivalizava com todo o mundo desenvolvido. Isso sem falar no desenvolvimento que proporcionou ao redor do mundo.
A situação agora, porém, é um pouco diferente.
O crescimento, especialmente o importante crescimento da produtividade, desacelerou muito, mesmo antes do Covid, e agora basicamente parou.
A queda se deve em grande parte à insistência na política de "Covid Zero" (que também tem uma dimensão de controle social), à disposição de deixar o importante setor imobiliário quebrar e à repressão sobre as empresas de tecnologia.
No âmbito internacional, a Nova Rota da Seda foi insuficiente até agora, largando um rastro de obras faraônicas inacabadas, dívidas em países sem capacidade de pagamento e sentimento de rivalidade com os países ocidentais.
Leia Também
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
Sobre o último ponto, inclusive, muito tem se questionado nos últimos tempos: a tomada de Hong Kong, a pressão sobre Taiwan, a aliança com os russos e as denúncias de atentado aos direitos humanos (caso dos campos de concentração e vigilância totalitária em Xinjiang).
Em outras palavras, os erros já começam a se acumular.
Há quem diga que parte disso tem a ver com a própria dinâmica que Xi Jinping impôs ao partido, que antes funcionava bem como oligarquia burocrática na qual a política industrial era distribuída entre as províncias, a competência era recompensada, sucessões ocorriam por consenso e o líder era apenas o primeiro entre iguais.
Sob Xi, contudo, as coisas mudaram.
Hoje, o partido funciona como uma extensão de sua pessoa.
- COMBO DAS ELEIÇÕES: essas 3 opções de ações são as mais recomendadas para você buscar lucros durante as eleições, independente do cenário. Libere seu acesso à estratégia completa e gratuita neste link.
A consequência?
Começamos a ver a lealdade recompensar mais que competência, a falta de crítica construtiva para a formação de consenso dentro do partido e a centralização da decisão na figura de uma pessoa. Qualquer semelhança com as iniciativas populistas ocidentais não é mera coincidência.
Ou seja, é possível que o que trouxe a China até aqui possa estar se perdendo.
Ainda assim, nada parece tirar Xi de seu terceiro mandato.
No fim de semana, inclusive, o presidente chinês apresentou sua visão de uma China com maior poder, influência e apelo no mundo ao oferecer seu país como uma alternativa aos EUA e seus aliados.
A rivalidade foi notada.
Aliás, como um bom ditador com viés populista, Xi Jinping deu contornos de sucesso aos recentes fracassos, enunciados acima.
Em seu discurso de quase duas horas, Xi Jinping deu contornos históricos e culturais às palavras proferidas, citando o tema de um suposto irreversível rejuvenescimento da nação chinesa.
Ficou clara a provocação ao Ocidente e a disposição da China sob seu comando de enfrentar os EUA, econômica e tecnologicamente. Exemplo disso foi a recente iniciativa do governo Biden que visava restringir o acesso de Pequim à tecnologia de semicondutores — essa guerra comercial só está começando.
Algumas palavras bonitas e acenos ao partido, porém, não pagam as contas. Seguindo para um terceiro mandato, Xi não terá descanso e precisará traçar um caminho para a China em seu período econômico mais desafiador em décadas, com poucas perspectivas de alívio no curto prazo.
Os principais fatores de risco continuam em cena na China
Para piorar, foi dito que não há mudança de direção para dois principais fatores de risco que arrastam a economia da China; isto é, as regras estritas da Covid e políticas econômicas relativas ao mercado imobiliário.
Com isso, há pouco espaço para projetarmos qualquer impulso de crescimento. Xi prometeu que o PIB per capita subiria ao nível de um país de desenvolvimento médio até 2035, o que nos parece difícil, uma vez que demandaria uma taxa média de crescimento do PIB de 4,7%.
Nos próximos anos, portanto, precisaremos acompanhar de perto o crescimento da China. As lideranças parecem permanecer com o tema de desenvolvimento econômico ligado à "prosperidade comum" (igualdade de oportunidades, elevação da renda das pessoas de baixa renda e expansão do tamanho da classe média).
É muito bonito, realmente, mas na teoria até o socialismo funciona.
Notadamente, entendo que a China deva continuar a crescer e se desenvolver, embora em um ritmo mais lento do que antes. Para o resto do mundo, estamos experimentando os primeiros momentos de uma recessão global, a qual a China está experimentando desde o início de 2022 (em formato de desaceleração mais aguda).
No curto prazo, o movimento pode ser marginalmente negativo para o mercado de commodities e para as economias emergentes mais ligadas ao mercado chinês, como a brasileira. Um processo de normalização de 2024 em diante poderia ser promissor para que voltássemos a ver otimismo sobre o crescimento global, hoje abalado pelo processo de aperto monetário em resposta à escalada da inflação mundial.
Sim, o curto prazo é desafiador, mas há espaço para uma recuperação em um segundo momento, contando com o fato de que o conflito entre EUA e China permaneça na retórica e em medidas econômicas. A desglobalização ou a desaceleração da globalização vivida até aqui é um fato e precisamos aprender a lidar com ele.
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado