Campanha eleitoral finalmente começa e volatilidade se avizinha, mas há meios de mitigar os riscos no mercado; aqui você aprende como
Muita volatilidade é esperada, mas o mercado já conhece Lula e também sabe quem é Bolsonaro; as eleições não representam uma ameaça concreta à bolsa e é possível capturar o potencial de valorização desse período

Hoje, terça-feira (16 de agosto), a campanha eleitoral é oficialmente iniciada, com a liberação das propagandas eleitorais, na televisão, rádio e internet, passeatas e comícios.
De maneira geral, os próximos 47 dias até as eleições (menos de 40 pregões) serão importantes para alinharmos melhor as expectativas para os próximos anos do Brasil, seja lá quem assuma a presidência em 2023.
A partir de agora, Lula terá a maior fatia do tempo de TV, com 3 minutos e 22 segundos em cada bloco de 12 minutos e 30 segundos. Bolsonaro terá 2 minutos e 35 segundos. Lula também terá de 7 a 8 aparições diárias, enquanto Bolsonaro terá de 5 a 6.
Neste contexto, gera tensão a posse do ministro Alexandre de Moraes à presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apesar de não ser um vetor de muita preocupação por enquanto.
No total, serão 12 chapas presidenciais, principalmente: Lula do PT (com Alckmin do PSB); Bolsonaro do PL (com Braga Netto do PL); Ciro Gomes do PDT (com Ana Paula Matos do PDT); Simone Tebet - MDB (com Mara Gabrilli do PSDB); e Soraya Thronicke do União Brasil (com Marcos Cintra do União Brasil). Contudo, apenas os dois primeiros pontuam como os favoritos para um eventual segundo turno.
Disputa direta entre Lula e Bolsonaro
De maneira similar a 2018, temos uma eleição consideravelmente polarizada. Depois de meses sem emplacar, um terceiro candidato viável parece improvável ao passo em que o primeiro turno está marcado para 2 de outubro. Por isso, entendo que a eleição presidencial de 2022 é atualmente uma disputa direta entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
Leia Também
Como os EUA em 2020, vivemos em meio a um eleitorado claramente dividido entre candidatos de esquerda e de direita. As chances de um caminho diferente da reeleição de Bolsonaro ou de um retorno do governo do PT parecem ter chegado a um fim.
Com isso esclarecido, escrevo as próximas palavras com cautela adicional para evitar discussões vazias, desnecessárias e impertinentes. Ou seja, este texto não tem qualquer pretensão político-partidária, tampouco vislumbra antecipar o resultado das eleições.
É prematuro antecipar o resultado
Entendo que ainda é prematura qualquer afirmação sobre o vencedor potencial, com o presidente Jair Bolsonaro sendo ainda um nome bastante competitivo, em especial depois das renúncias fiscais e dos pacotes de bondades recentes.
As últimas pesquisas, acredite-se nelas ou não, mostraram Lula bastante cristalizado na liderança, com algo um pouco acima de 40%. Bolsonaro vem logo atrás, ganhando pontos marginalmente há alguns meses e se mantendo entre 30% e 35%, ao menos em um primeiro momento.
A subida do presidente Bolsonaro nas pesquisas tem sido até aqui bem recebida pelos mercados, em especial pelas estatais, cuja performance recente tem sido bastante boa — Paulo Guedes chegou a ser ovacionado na Expert da XP.
A tendência, inclusive, é de crescimento adicional do presidente nas intenções de voto, rumo a patamares provavelmente maiores do que 35%, conforme as próximas pesquisas capturem os efeitos da PEC das Bondades e da queda dos preços dos combustíveis.
Contudo, mesmo que as próximas semanas ainda consigam ser positivas para o atual presidente, ele ainda tem uma rejeição considerável para combater, sendo que Lula, com os dados frios que temos hoje, ainda aparenta ser o favorito para levar a eleição.
Nenhuma das candidaturas é ruim para o mercado
Sem entrar no mérito moral das duas candidaturas, uma avaliação fria nos mostra que, para o mercado, nenhuma das duas candidaturas parece ser ruim para os investimentos locais. Aliás, a eleição promete ser mais um "não evento" do que qualquer outra coisa.
Veja, vale esclarecer que, historicamente no Brasil, uma eleição começa a ser precificada corretamente a partir do primeiro trimestre do ano eleitoral. Não foi o caso desta vez porque antecipamos a discussão eleitoral para o início do ano passado com a elegibilidade de Lula. Com os dois candidatos à frente nas pesquisas, pouca surpresa pode nascer em 2022.
O mercado já conhece Bolsonaro, assim como sabe quem é Lula.
Não há surpresa.
Para o mercado local e para as estatais, é possível que Bolsonaro seja um candidato mais razoável, enquanto Lula parece encantar melhor o investidor internacional e as varejistas de baixa renda (teses adjacentes poderiam contemplar incorporadoras de baixa renda e educacionais, mas não com a mesma convicção).
Como falei, os dois desfechos deveriam servir para destravar valor.
No caso de reeleição do presidente Bolsonaro, parece razoável supor algum abandono do modo eleitoral e retomada de uma agenda pró-negócios (ao menos na margem), com recuperação do discurso liberal — além disso, ao observarmos o passado, não há período melhor para a promoção de um ajuste fiscal do que o primeiro ano de um segundo mandato.
Já na eventual eleição do ex-presidente Lula, vemos sinais contundentes sobre a possibilidade de realizar um governo de centro. Aqueles que têm mantido conversas privadas com o candidato ouvem relatos sobre a ciência da necessidade de responsabilidade fiscal. Ademais, a aproximação a Geraldo Alckmin e a Luciano Bivar parece outro indicativo em direção ao centro.
Por isso, parece razoável a atribuição de uma alta probabilidade de que seja seguido caminho semelhante a alguns governos latino-americanos de esquerda (não todos, claro), como os da Colômbia, do México e do Chile, num modelo que possivelmente repetiria o governo Lula 1, com uma política mercadológica no ministério da Economia.
Em outras palavras, temos um caminho interessante para os ativos brasileiros.
Mas há riscos?
Sim, em especial dois:
- i) da não convergência ao centro do candidato vitorioso, o que acarretaria mais populismo e menos responsabilidade fiscal; e
- ii) aquilo que Luis Stuhlberger, gestor da Verde, uma das gestoras de maior sucesso do Brasil, batizou de “Risco Banana Republic”, que sintetiza a possibilidade real de que, a partir de uma eventual vitória apertada do ex-presidente Lula, possamos ter forte contestação das eleições, movimentos de rua e atos de violência, como aconteceu nos EUA.
Risco 'Banana Republic' ainda não está precificado
Dos dois cenários, pelo que escrevi acima, entendo o segundo como mais problemático, podendo gerar ruído considerável.
Até o final do ano, aliás, com Bolsonaro se tornando cada vez mais competitivo e não arrefecendo tal discurso, essa possibilidade acaba aumentando, o que não foi devidamente precificado no mercado local.
Em todo o lugar, eventuais questionamentos das instituições democráticas, ferindo a imagem internacional, deveriam penalizar os ativos de risco.
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio.
Prepare-se para forte volatilidade no mercado
O investidor precisa estar preparado para semanas de forte volatilidade, ainda que, sob uma perspectiva mais estrutural, as eleições não representem uma ameaça concreta.
Vai ter muito estresse até a eleição e, possivelmente, depois dela. Ainda assim, apesar dessa expectativa de volatilidade, o rali recente dos ativos brasileiros já nos mostra que podemos estar, para os ativos nacionais, na porta de entrada de um ciclo mais longo.
Os ativos parecem estimulados pela combinação de valuation atrativo, melhora do fluxo de notícias e posição técnica favorável (os investidores têm pouco de Bolsa brasileira).
Enxergo uma assimetria convidativa nas estatais brasileiras ao mesmo tempo em que, claro, reconheço os riscos associados, porque comportamentos políticos são sempre difíceis de se antecipar.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Uma combinação entre caixa (Tesouro Selic ou Fundo DI, por exemplo), ações locais e algumas proteções, como ouro e dólar, parece ser uma boa forma de se estruturar uma carteira.
Seria uma forma de controlar nosso downside, ao mesmo tempo em que podemos capturar um bom potencial de valorização.
Ainda tem muita água para rolar, sim, mas o desfecho me parece mais positivo hoje.
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível