Nem Warren Buffett mantém ações pra sempre: Saiba como investir nos diferentes cenários do mercado
O mercado muda, e, Buffett já mostrou, precisamos ser capazes de mudar de opinião e agir o mais rápido possível para não amargar prejuízos desnecessários
Um dos perigos de ser um investidor famoso demais é que sua imagem acaba tomando vida própria. Seus métodos, conforme percebidos, viram um conjunto de lendas, as quais, a depender da proporção do estrelato, não conversam com o modus operandi real.
Veja um exemplo de como a situação pode virar um problema: na carta aos acionistas da Berkshire Hathaway de 1988, Warren Buffett diz que “quando possuímos porções de negócios extraordinários com gestores extraordinários, nosso período favorito para estar comprado é para sempre”.
Ao olhar superficial, essa frase parece descrever um método em que o investidor escolhe ótimos negócios, com um time de gestão fora da curva, compra suas ações e as segura a perder de vista — ou melhor, para sempre.
Mas isso não é verdade, não no caso de Buffett, pelo menos.
Warren Buffett e as ações
No estouro da pandemia, o Oráculo de Omaha, como por vezes ele é chamado, foi um dos primeiros a vender todas as ações que possuía no setor aéreo.
Logo em abril de 2020, a Berkshire Hathaway vendeu mais de US$ 4 bilhões em ações que incluíam United Airlines, American Airlines, Southwest Airlines e Delta Airlines.
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Apesar de Buffett ter mantido essas ações por vários anos, ele não hesitou em mudar de opinião sobre elas após ter ficado claro que o mundo passaria por um período de pouca mobilidade.
Commodities no radar
Em um momento posterior, alguns dias depois do estouro da guerra na Ucrânia, observamos uma outra mudança de Buffett: deixamos de ver notícias dele comprando empresas de tecnologia e passamos a ver manchetes sobre ele ter comprado ações da petroleira Occidental Petroleum.
Entre montagem e aumento de posição, o megainvestidor colocou cerca de US$ 7 bilhões nessas ações — por ora.
No momento dessa mudança, tudo aponta para um cenário aquecido em commodities.
Guerra e alta das commodities
Choques negativos na oferta (gargalos nas cadeias produtivas, guerra), aliados à demanda aquecida pela reabertura pós-pandemia, produzem condições ideais para a subida de preço desses produtos, como petróleo, minério de ferro, aço, etc.
Olhando à frente, contudo, podemos estar diante de uma nova inversão de cenário. Uma potencial necessidade de novamente mudar de opinião.
Isso porque esses mesmos choques que produzem o viés altista para as commodities geram, também, um problemão para os bancos centrais ao redor do mundo: a inflação.
Bancos centrais e a inflação
A missão primeira dessas entidades é, via de regra, controlar o nível de preços.
A primeira e mais clássica arma usada nessa missão é o aumento da taxa de juros básica da economia, o que aumenta o custo do dinheiro, desestimula a demanda agregada por bens e, por conseguinte, deveria arrefecer a pressão altista sobre os preços.
Ontem, o presidente do Fed (o banco central americano) reafirmou que a autoridade monetária deve subir os juros por lá, mas o discurso imprimiu um tom de alta mais intenso do que o esperado.
“Se concluirmos que é necessário agir de forma mais agressiva, o faremos.”
Pergunto-me qual será a movimentação do Oráculo de Omaha após essa nova mudança de cenário.
Escalada dos juros
O fato é que, se os juros ao redor do mundo subirem o suficiente, a demanda pelas commodities pode ser afetada de uma forma que as pressões inflacionárias existentes do lado da oferta não serão suficientes para sustentar os atuais preços elevados desses produtos.
Sem demanda, não há escassez que forje a manutenção de preços tão altos.
Lembremos que esse tipo de produto tem um perfil cíclico: a demanda por minério, aço, petróleo e papel, por exemplo, depende da disposição das empresas para investir e/ou das famílias para consumir.
E mais: se os juros subirem de forma expressiva demais, poderíamos até observar uma recessão global. Nesse cenário, quem teria disposição para aumentar muito mais o consumo de commodities?
Menos commodities, mais bancos
É justamente dessa possibilidade que buscamos nos proteger ao recomendar a última mudança na Carteira Empiricus: redução parcial das posições compradas em certas exportadoras e concomitante compra das ações de um grande banco brasileiro.
Se, por um lado, a alta exagerada dos juros prejudicaria a demanda por commodities, por outro, os spreads dos bancos seriam beneficiados.
Com efeito, estamos, na margem, com menos exposição a commodities e mais a bancos.
Com que frequência você muda de opinião?
Da frase do Oráculo de Omaha de que “nosso período favorito para estar comprado é para sempre”, minha interpretação é que ele prefere segurar uma boa empresa por muito tempo, o que não significa ser sempre possível fazer isso.
Por um acaso você come seu prato preferido todos os dias? Pois bem.
O cenário muda, e, como o próprio Buffett já mostrou, precisamos ser capazes de mudar de opinião de acordo e agir o mais rápido possível.
Caso contrário, ou seja, se formos conservadores demais com nossas visões originais, corremos o risco de sermos os últimos a perceber as coisas, amargando prejuízos desnecessários.
Esse é um exercício diário. Já pecamos pelo conservadorismo. Também já mudamos de opinião erroneamente. O fato é que colocamos nossas convicções à prova a cada abertura de pregão.
E você, com qual frequência muda de opinião?
Um abraço,
Larissa
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