XP estuda a criação de plataforma de bitcoin e outras criptomoedas
A ideia da empresa é pegar carona em um tipo de ativo que está atraindo cada vez mais interesse entre investidores brasileiros
A corretora XP, de Guilherme Benchimol, tem na mesa de projetos a criação de uma plataforma de criptomoedas. A ideia da empresa é pegar carona em um tipo de ativo que está atraindo cada vez mais interesse entre investidores brasileiros, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
Na maior plataforma de investimentos do País, o assunto não é exatamente uma novidade: as criptomoedas já estavam havia alguns anos na mira, mas acabaram abandonadas. Agora, podem fazer um retorno - em condições mais favoráveis.
Os sócios da XP, que fazem parte da XP Controle, chegaram a montar uma corretora de criptomoedas, a Xdex, em 2018. No começo do ano passado, porém, a operação encerrou atividades.
Os motivos citados foram as dificuldades de empreender em um mercado não regulado. Agora, com esse investimento se popularizando ainda mais, atingindo milhões de investidores, a ideia é que a XP retome o projeto.
Saída do Itaú destrava projeto
Outra questão que teria afastado a XP da plataforma de cripto no passado seria um "veto" de seu sócio Itaú Unibanco, detentor de 49% das ações da XP.
Agora, com o maior banco da América Latina começando a se desfazer dessa posição na XP e perto de repassar a participação para que seus acionistas possam deter os papéis diretamente, as portas abriram-se de vez para o investimento.
A XP ainda não bateu o martelo sobre o assunto nem o formato da aposta nas criptomoedas, comentou uma fonte, mas uma movimentação é esperada para o curto prazo. De qualquer forma, a visão é que, em relação à regulação, a visão do Banco Central sobre o tema está mais "pacificada".
Acesso
Atenta ao maior interesse de seus investidores para o mercado de criptoativos, a XP, nesse meio tempo, tem adicionado fundos de investimento desses ativos em sua plataforma, com valores de entrada acessíveis às pessoas físicas.
O mercado de bitcoin, a criptomoeda mais famosa em todo o mundo, vem crescendo ano a ano, impulsionado pela valorização do ativo - que, de qualquer forma, é visto por especialistas, como volátil.
Além do bitcoin, há atualmente uma gama de criptoativos disponíveis para investimentos. Mesmo no Brasil, a quantidade de corretoras especializadas nessa área está em forte expansão.
O assunto ficou ainda mais quente dentro da XP depois da abertura de capital da Coinbase, a maior plataforma desse tipo nos Estados Unidos - a operação ocorreu na bolsa norte-americana Nasdaq, voltada a negócios de tecnologia.
Após uma forte valorização desde sua estreia, em abril, a companhia já tem valor de mercado na casa de US$ 100 bilhões, montante superior ao de quase todas as empresas listadas na Bolsa brasileira.
Por aqui, uma das maiores desse mercado, o Mercado Bitcoin, que estava acompanhando de perto essa operação no exterior, já está com bancos contatados para fazer seu IPO (oferta inicial de ações) ainda este ano. A estimativa é de que essa oferta poderá girar até R$ 10 bilhões.
A leitura é de que a operação da Coinbase, a primeira plataforma de criptomoedas a abrir capital, servirá para criar "massa" crítica para outras transações ao redor do mundo.
Conflito à vista?
Os estudos em torno da criação da plataforma teria sido a razão para que o presidente do Banco XP, José Berenguer, que comandou por anos a operação no Brasil do JP Morgan, renunciasse ao cargo de conselheiro da Bolsa brasileira, a B3, cadeira que ocupava desde 2013.
Segundo fontes, a renúncia ocorreu para se evitar potenciais futuros conflitos que podem surgir entre os dois cargos com a possível criação dessa plataforma de criptoativos.
A saída do executivo do colegiado criou tensão na quarta entre investidores, que passaram a acreditar que a decisão poderia ter relação com a chegada de uma competidora ao mercado de bolsas no Brasil.
Em relatório na manhã da quarta-feira, o JP Morgan afirmou que a saída do executivo, "mesmo que não esteja ligada à competição no curto prazo, poderia facilitar tal empreendimento, uma vez que não representa mais conflito de interesses.".
Procurada, a XP não comentou o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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