Com crescimento das fintechs, bancos tradicionais criticam falta de igualdade nas condições regulatórias
Presidentes de Itaú, Bradesco e Santander já reclamaram publicamente sobre o que consideram como uma “assimetria regulatória” no setor
No mundo esotérico das altas finanças, há um código de conduta secular, marcado pela discrição nos negócios e nas relações com o poder, que não é escrito, mas costuma ser seguido à risca pela banca.
É raro, raríssimo, ver um banqueiro pontificando fora de seus domínios contra o tratamento que os bancos recebem dos políticos e das autoridades.
Nas últimas semanas, porém, os principais banqueiros do País romperam a tradição e ganharam os holofotes, ao criticar o que consideram como "assimetria regulatória" entre os bancos e as fintechs.
As startups de finanças proliferaram no sistema financeiro e conquistaram trincheiras importantes do mercado, com operações totalmente digitais, sem cobrança de tarifas, e atendimento ágil à clientela.
'Bancões' botaram a boca no trombone
"A arena competitiva mudou drasticamente com as fintechs e pseudo fintechs. Essa competição é saudável, mas é preciso que seja em igualdade de condições", afirmou recentemente Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco, em evento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
"Não temos problema com concorrência, desde que seja todo mundo tratado de maneira igual", disse o comandante do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, no encontro.
Leia Também
"É preciso um marco regulatório que permita a evolução desse processo competitivo, mas em bases mais homogêneas", acrescentou o presidente do Santander, Sergio Rial.

Baixe já o seu!
Conquiste a sua medalha de investidor com as nossas dicas de onde investir no segundo semestre de 2021 neste ebook gratuito.
Condições favoráveis
Embora dirigidas às fintechs de forma geral, as queixas dos "bancões" têm como alvo principal meia dúzia de instituições que, segundo eles, conquistaram uma musculatura expressiva, mas continuam a desfrutar dos benefícios reservados aos novos negócios do setor.
Isso lhes garante, na avaliação dos grandes bancos, condições mais favoráveis na disputa pela clientela e representa uma espécie de "intervenção estatal" no mercado.
As vantagens das fintechs, de acordo com os gigantes do sistema, incluem a possibilidade de operar sem ter de se constituir formalmente como banco, o que as favorece do ponto de vista tributário e as libera de diversas exigências feitas pelo Banco Central (BC).
Um exemplo é o recolhimento compulsório sobre os depósitos, que se reflete negativamente na oferta de crédito e nos juros.
A questão tributária ganhou tal relevância na agenda que foi tema de uma reunião do presidente da Febraban, Isaac Sidney, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, na semana passada, em Brasília.
A proposta da Febraban, segundo informações "vazadas" para a imprensa, é que o governo aproveite a reforma tributária para igualar as alíquotas dos tributos das fintechs e dos bancos, o que, na prática, deverá representar um aumento significativo de impostos para as startups financeiras.
Hoje, elas pagam no máximo 34% de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), enquanto os bancos pagam cerca de 45% e até o fim do ano vão pagar em torno de 50%, conforme decisão recente do Congresso, para compensar o corte de tributos sobre o gás de cozinha e o óleo diesel.
Com mira certa
Além da vantagem tributária e de não precisarem recolher o compulsório, as fintechs têm, de acordo com os bancos, mais liberdade de alocação de capital e gozam de benefícios na área trabalhista.
Seus funcionários não são considerados bancários e podem trabalhar oito horas por dia, enquanto os trabalhadores dos bancos se enquadram na categoria e têm jornada de seis horas — as adicionais são pagas como extras.
Apesar de não mencionarem nomes, os grandes bancos miram em fintechs como Nubank, Stone, Ebanx e Neon, que são autorizadas a operar como instituições de pagamento, mas expandiram os seus tentáculos por diferentes segmentos e hoje integram a seleta lista de unicórnios brasileiros — categoria reservada às startups com valor de mercado superior (ou bem superior, conforme o caso) a US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).
Alguns executivos de bancos tradicionais incluem no grupo a XP, o C6 Bank, o ModalMais e o Inter, mas eles já foram autorizados a operar como banco pelo BC ou estão ligados a um banco desde o princípio. Já estão inseridos, portanto, no mesmo ambiente regulatório dos bancões.
Para os grandes bancos, o exemplo mais emblemático entre as fintechs que se agigantaram, mas não se constituíram como banco e continuariam a se beneficiar da condição de startups, é o Nubank.
Estrela maior dos empreendimentos criados após a flexibilização das normas para operação de instituições de pagamento e de crédito, em 2013 e 2018, respectivamente, o Nubank tem, hoje, quase 40 milhões de clientes no País e uma fatia estimada em 8% do mercado de cartões.
Nubank defende proporcionalidade
No total, o Nubank já recebeu cerca de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,3 bilhões) em aportes de investidores, segundo a Distrito, empresa de análise de dados de startups.
Seu valor de mercado, calculado com base nos investimentos mais recentes, já alcança US$ 30 bilhões (R$ 156 bilhões), superando o da XP (US$ 23 bilhões) e o do Banco do Brasil (US$ 20,6 bilhões).
Procurado pelo Estadão para comentar as críticas dos bancos às fintechs, o Nubank enviou uma nota por e-mail, com a sua posição sobre a questão. "O Nubank considera fundamental o debate sobre a regulação proporcional do setor", diz a nota, em referência às normas que estabelecem exigências diferentes para as instituições, conforme o porte e o risco que ofereçam.
"Mas vê com atenção a comparação de conglomerados que representam quase 30% do PIB do país com instituições de pagamento com ativos que representam menos de 1% do PIB."
De acordo com a nota, o Nubank "não possui vantagens" sobre os grandes bancos e recebe "um tratamento adequado", que leva em conta a complexidade, o tamanho e os riscos envolvidos na sua operação. "É sobre proporcionalidade que deveríamos falar, e não sobre assimetria."
O advogado Bruno Magrani, presidente da Zetta, entidade criada pelo Nubank, pelo Mercado Pago e pelo Google para representar as fintechs e as empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros digitais, bate na mesma tecla.
"Os grandes bancos reclamam das regras do compulsório, mas as instituições de pagamento podem usar exatamente zero dos recursos depositados nas contas dos clientes."
Na avaliação de Magrani, isso equivale a um compulsório de 100%, porque as instituições de pagamento têm de aplicar todos os dias os saldos existentes nas contas em títulos indexados à Selic, a taxa básica de juro.
Já as sociedades de crédito direto (SCD), segundo ele, não podem alavancar o volume de empréstimos em relação ao capital, como os bancos, e só podem emprestar o capital próprio.
As sociedades de empréstimos entre pessoas (SEP), por sua vez, não podem nem usar o capital próprio para a concessão de empréstimos e têm de atuar apenas como intermediárias entre os investidores e os clientes. Isso tudo limita muito a capacidade das instituições de expandirem as suas carteiras.
'Caminho certo'
Entre as fintechs, porém, a percepção é de que as instituições que se tornarem mais corpulentas serão reenquadradas pelo BC em categorias que têm de cumprir mais exigências para operar, como já prevê a regulação em vigor.
"O sucesso das fintechs vai direcioná-las para um ambiente regulatório igual ao dos bancos", diz Jean Sigrist, presidente da Neon, que atua como instituição de pagamento e já recebeu US$ 426,3 milhões (R$ 2,2 bilhões) em aportes de investidores.
Em meio à polêmica sobre as obrigações das fintechs, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, parece adotar um tom conciliador, mas ao mesmo tempo defende a manutenção da regulação escalonada por tamanho das instituições e pelos riscos que representem para o sistema.
"Nós temos, como reguladores, de estar sempre abertos a críticas e se for o caso ajustar a regulamentação", afirmou em entrevista ao Estadão. "A carga regulatória das fintechs é mais baixa, porque elas impõem pouco risco. Agora, se algumas fintechs ficarem grandes, começarem a impor risco, automaticamente a regulação vai subir de nível."
Em sua visão, a "temperatura alta" do debate "é um sinal do sucesso" do modelo em vigor. "Hoje, há mais competição no mercado e serviços melhores e mais baratos, tanto que quem não tinha acesso ao sistema está passando a ter."
Como Pinho de Mello, Ilan Goldfajn, presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil, ex-comandante do BC e um dos principais responsáveis pela adoção de normas mais flexíveis para as fintechs, defende a ideia de que "não se pode regular os diferentes como iguais".
De acordo com Goldfajn, os resultados obtidos com o sistema estão dentro do esperado, em termos de inovação, inclusão financeira e competição. "A sensação é de que, até agora, a coisa está indo no caminho certo."
Ele sugere que, além de fazer a avaliação de tamanho pelo capital, o BC considere também se a instituição se tornou muito complexa, com operações interligadas, para reenquadrar as fintechs. "A gente pode redefinir um pouco o que é arriscado e colocar umas duas ou três instituições em outra caixinha."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Horário de verão na bolsa? B3 vai funcionar por uma hora a mais a partir desta segunda-feira (3); entenda a mudança
A Bolsa de Valores brasileira ajusta o pregão para manter sincronia com os mercados de Nova York, Londres e Frankfurt. Veja o novo horário completo
Mega-Sena começa novembro encalhada e prêmio acumulado já passa dos R$ 40 milhões
Se a Lotofácil e a Quina entraram em novembro com o pé direito, o mesmo não pode ser dito sobre a Mega-Sena, que acumulou pelo terceiro sorteio seguido
Quina desencanta e faz 19 milionários de uma vez só, mas um deles vai ficar bem mais rico que os outros
Depois de acumular por 14 sorteios seguidos, a Quina pagou o maior prêmio das loterias sorteadas pela Caixa na noite de sábado, 1º de novembro
Lotofácil entra em novembro com o pé direito a faz um novo milionário no Nordeste
Ganhador ou ganhadora Lotofácil 3528 poderá sacar o prêmio a partir de amanhã, quando vai mudar o horário dos sorteios das loterias da Caixa
De hacker a bilionário: o único não herdeiro na lista de ricaços brasileiro antes dos 30 da Forbes construiu seu patrimônio do zero
Aos 28 anos, Pedro Franceschi é o único bilionário brasileiro abaixo dos 30 que construiu sua fortuna do zero — e transformou linhas de código em um império avaliado em bilhões
Caixa abre apostas para a Mega da Virada 2025 — e não estranhe se o prêmio chegar a R$ 1 bilhão
Premiação histórica da Mega da Virada 2025 é estimada inicialmente em R$ 850 milhões, mas pode se aproximar de R$ 1 bilhão com mudanças nas regras e aumento na arrecadação
Quina acumula de novo e promete pagar mais que a Mega-Sena hoje — e a Timemania também
Além da Lotofácil e da Quina, a Caixa sorteou na noite de sexta-feira a Lotomania, a Dupla Sena e a Super Sete
Lotofácil fecha outubro com novos milionários em São Paulo e na Bahia
Cada um dos ganhadores da Lotofácil 3527 vai embolsar mais de R$ 2 milhões. Ambos recorreram a apostas simples, ao custo de R$ 3,50. Próximo sorteio ocorre hoje.
Na máxima histórica, Ibovespa é um dos melhores investimentos de outubro, logo atrás do ouro; veja o ranking completo
Principal índice da bolsa fechou em alta de 2,26% no mês, aos 149.540 pontos, mas metal precioso ainda teve ganho forte, mesmo com realização de ganhos mais para o fim do mês
Como é e quanto custa a diária na suíte do hotel de luxo a partir do qual foi executado o “roubo do século”
Usado por chefes de Estado e diplomatas, o Royal Tulip Brasília Alvorada entrou involuntariamente no radar da Operação Magna Fraus, que investiga um ataque hacker de R$ 813 milhões
Galípolo sob pressão: hora de baixar o tom ou manter a Selic nas alturas? Veja o que esperar da próxima reunião do Banco Central
Durante o podcast Touros e Ursos, Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, avalia quais caminhos o presidente do Banco Central deve tomar em meio à pressão do presidente Lula sobre os juros
A agonia acabou! Vai ter folga prolongada; veja os feriados de novembro
Os feriados de novembro prometem aliviar a rotina: serão três datas no calendário, mas apenas uma com chance de folga prolongada
Uma suíte de luxo perto do Palácio da Alvorada, fuga para o exterior e prisão inesperada: o que a investigação do ‘roubo do século’ revelou até agora
Quase quatro meses após o ataque hacker que raspou R$ 813 milhões de bancos e fintechs, a Polícia Federal cumpriu 42 mandados de busca e apreensão e 26 de prisão
Essa combinação de dados garante um corte da Selic em dezembro e uma taxa de 11,25% em 2026, diz David Beker, do BofA
A combinação entre desaceleração da atividade e arrefecimento da inflação cria o ambiente necessário para o início do ciclo de afrouxamento monetário ainda este ano.
O último “boa noite” de William Bonner: relembre os momentos marcantes do apresentador no Jornal Nacional
Após 29 anos na bancada, William Bonner se despede do telejornal mais tradicional do país; César Tralli assume a partir de segunda-feira (3)
O que falta para a CNH sem autoescola se tornar realidade — e quanto você pode economizar com isso
A proposta da CNH sem autoescola tem o potencial de reduzir em até 80% o custo para tirar a habilitação no Brasil e está próxima de se tornar realidade
Doces ou travessuras? O impacto do Halloween no caixa das PMEs
De origem estrangeira, a data avança cada vez mais pelo Brasil, com faturamento bilionário para comerciantes e prestadores de serviços
Bruxa à solta nas loterias da Caixa: Mega-Sena termina outubro encalhada; Lotofácil e Quina chegam acumuladas ao último sorteio do mês
A Mega-Sena agora só volta em novembro, mas a Lotofácil e a Quina têm sorteios diários e prometem prêmios milionários para a noite desta sexta-feira (31).
Caixa encerra pagamentos do Bolsa Família de outubro nesta quinta (31) para NIS final 0
Valor médio do benefício é de R$ 683,42; Auxílio Gás também é pago ao último grupo do mês
Não é só o consumidor que sofre com golpes na Black Friday; entenda o que é a autofraude e seus riscos para o varejo
Com o avanço do e-commerce e o aumento das transações durante a Black Friday, cresce também o alerta para um tipo de golpe cometido por consumidores