🔴 SELECIONAMOS AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DO BTG PACTUAL PARA VOCÊ – ACESSE GRATUITAMENTE

Estadão Conteúdo

A revolta dos 'bancões'

Com crescimento das fintechs, bancos tradicionais criticam falta de igualdade nas condições regulatórias

Presidentes de Itaú, Bradesco e Santander já reclamaram publicamente sobre o que consideram como uma “assimetria regulatória” no setor

Estadão Conteúdo
22 de julho de 2021
14:14 - atualizado às 18:59
Cartões Banco Inter C6 Bank Nubank
Imagem: Shutterstock

No mundo esotérico das altas finanças, há um código de conduta secular, marcado pela discrição nos negócios e nas relações com o poder, que não é escrito, mas costuma ser seguido à risca pela banca.

É raro, raríssimo, ver um banqueiro pontificando fora de seus domínios contra o tratamento que os bancos recebem dos políticos e das autoridades.

Nas últimas semanas, porém, os principais banqueiros do País romperam a tradição e ganharam os holofotes, ao criticar o que consideram como "assimetria regulatória" entre os bancos e as fintechs.

As startups de finanças proliferaram no sistema financeiro e conquistaram trincheiras importantes do mercado, com operações totalmente digitais, sem cobrança de tarifas, e atendimento ágil à clientela.

'Bancões' botaram a boca no trombone

"A arena competitiva mudou drasticamente com as fintechs e pseudo fintechs. Essa competição é saudável, mas é preciso que seja em igualdade de condições", afirmou recentemente Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco, em evento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

"Não temos problema com concorrência, desde que seja todo mundo tratado de maneira igual", disse o comandante do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, no encontro.

Leia Também

"É preciso um marco regulatório que permita a evolução desse processo competitivo, mas em bases mais homogêneas", acrescentou o presidente do Santander, Sergio Rial.

Onde Investir no 2o semestre de 2021

Baixe já o seu!

Conquiste a sua medalha de investidor com as nossas dicas de onde investir no segundo semestre de 2021 neste ebook gratuito.

Condições favoráveis

Embora dirigidas às fintechs de forma geral, as queixas dos "bancões" têm como alvo principal meia dúzia de instituições que, segundo eles, conquistaram uma musculatura expressiva, mas continuam a desfrutar dos benefícios reservados aos novos negócios do setor.

Isso lhes garante, na avaliação dos grandes bancos, condições mais favoráveis na disputa pela clientela e representa uma espécie de "intervenção estatal" no mercado.

As vantagens das fintechs, de acordo com os gigantes do sistema, incluem a possibilidade de operar sem ter de se constituir formalmente como banco, o que as favorece do ponto de vista tributário e as libera de diversas exigências feitas pelo Banco Central (BC).

Um exemplo é o recolhimento compulsório sobre os depósitos, que se reflete negativamente na oferta de crédito e nos juros.

A questão tributária ganhou tal relevância na agenda que foi tema de uma reunião do presidente da Febraban, Isaac Sidney, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, na semana passada, em Brasília.

A proposta da Febraban, segundo informações "vazadas" para a imprensa, é que o governo aproveite a reforma tributária para igualar as alíquotas dos tributos das fintechs e dos bancos, o que, na prática, deverá representar um aumento significativo de impostos para as startups financeiras.

Hoje, elas pagam no máximo 34% de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), enquanto os bancos pagam cerca de 45% e até o fim do ano vão pagar em torno de 50%, conforme decisão recente do Congresso, para compensar o corte de tributos sobre o gás de cozinha e o óleo diesel.

Com mira certa

Além da vantagem tributária e de não precisarem recolher o compulsório, as fintechs têm, de acordo com os bancos, mais liberdade de alocação de capital e gozam de benefícios na área trabalhista.

Seus funcionários não são considerados bancários e podem trabalhar oito horas por dia, enquanto os trabalhadores dos bancos se enquadram na categoria e têm jornada de seis horas — as adicionais são pagas como extras.

Apesar de não mencionarem nomes, os grandes bancos miram em fintechs como Nubank, Stone, Ebanx e Neon, que são autorizadas a operar como instituições de pagamento, mas expandiram os seus tentáculos por diferentes segmentos e hoje integram a seleta lista de unicórnios brasileiros — categoria reservada às startups com valor de mercado superior (ou bem superior, conforme o caso) a US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).

Alguns executivos de bancos tradicionais incluem no grupo a XP, o C6 Bank, o ModalMais e o Inter, mas eles já foram autorizados a operar como banco pelo BC ou estão ligados a um banco desde o princípio. Já estão inseridos, portanto, no mesmo ambiente regulatório dos bancões.

Para os grandes bancos, o exemplo mais emblemático entre as fintechs que se agigantaram, mas não se constituíram como banco e continuariam a se beneficiar da condição de startups, é o Nubank.

Estrela maior dos empreendimentos criados após a flexibilização das normas para operação de instituições de pagamento e de crédito, em 2013 e 2018, respectivamente, o Nubank tem, hoje, quase 40 milhões de clientes no País e uma fatia estimada em 8% do mercado de cartões.

Nubank defende proporcionalidade

No total, o Nubank já recebeu cerca de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,3 bilhões) em aportes de investidores, segundo a Distrito, empresa de análise de dados de startups.

Seu valor de mercado, calculado com base nos investimentos mais recentes, já alcança US$ 30 bilhões (R$ 156 bilhões), superando o da XP (US$ 23 bilhões) e o do Banco do Brasil (US$ 20,6 bilhões).

Procurado pelo Estadão para comentar as críticas dos bancos às fintechs, o Nubank enviou uma nota por e-mail, com a sua posição sobre a questão. "O Nubank considera fundamental o debate sobre a regulação proporcional do setor", diz a nota, em referência às normas que estabelecem exigências diferentes para as instituições, conforme o porte e o risco que ofereçam.

"Mas vê com atenção a comparação de conglomerados que representam quase 30% do PIB do país com instituições de pagamento com ativos que representam menos de 1% do PIB."

De acordo com a nota, o Nubank "não possui vantagens" sobre os grandes bancos e recebe "um tratamento adequado", que leva em conta a complexidade, o tamanho e os riscos envolvidos na sua operação. "É sobre proporcionalidade que deveríamos falar, e não sobre assimetria."

O advogado Bruno Magrani, presidente da Zetta, entidade criada pelo Nubank, pelo Mercado Pago e pelo Google para representar as fintechs e as empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros digitais, bate na mesma tecla.

"Os grandes bancos reclamam das regras do compulsório, mas as instituições de pagamento podem usar exatamente zero dos recursos depositados nas contas dos clientes."

Na avaliação de Magrani, isso equivale a um compulsório de 100%, porque as instituições de pagamento têm de aplicar todos os dias os saldos existentes nas contas em títulos indexados à Selic, a taxa básica de juro.

Já as sociedades de crédito direto (SCD), segundo ele, não podem alavancar o volume de empréstimos em relação ao capital, como os bancos, e só podem emprestar o capital próprio.

As sociedades de empréstimos entre pessoas (SEP), por sua vez, não podem nem usar o capital próprio para a concessão de empréstimos e têm de atuar apenas como intermediárias entre os investidores e os clientes. Isso tudo limita muito a capacidade das instituições de expandirem as suas carteiras.

'Caminho certo'

Entre as fintechs, porém, a percepção é de que as instituições que se tornarem mais corpulentas serão reenquadradas pelo BC em categorias que têm de cumprir mais exigências para operar, como já prevê a regulação em vigor.

"O sucesso das fintechs vai direcioná-las para um ambiente regulatório igual ao dos bancos", diz Jean Sigrist, presidente da Neon, que atua como instituição de pagamento e já recebeu US$ 426,3 milhões (R$ 2,2 bilhões) em aportes de investidores.

Em meio à polêmica sobre as obrigações das fintechs, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, parece adotar um tom conciliador, mas ao mesmo tempo defende a manutenção da regulação escalonada por tamanho das instituições e pelos riscos que representem para o sistema.

"Nós temos, como reguladores, de estar sempre abertos a críticas e se for o caso ajustar a regulamentação", afirmou em entrevista ao Estadão. "A carga regulatória das fintechs é mais baixa, porque elas impõem pouco risco. Agora, se algumas fintechs ficarem grandes, começarem a impor risco, automaticamente a regulação vai subir de nível."

Em sua visão, a "temperatura alta" do debate "é um sinal do sucesso" do modelo em vigor. "Hoje, há mais competição no mercado e serviços melhores e mais baratos, tanto que quem não tinha acesso ao sistema está passando a ter."

Como Pinho de Mello, Ilan Goldfajn, presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil, ex-comandante do BC e um dos principais responsáveis pela adoção de normas mais flexíveis para as fintechs, defende a ideia de que "não se pode regular os diferentes como iguais".

De acordo com Goldfajn, os resultados obtidos com o sistema estão dentro do esperado, em termos de inovação, inclusão financeira e competição. "A sensação é de que, até agora, a coisa está indo no caminho certo."

Ele sugere que, além de fazer a avaliação de tamanho pelo capital, o BC considere também se a instituição se tornou muito complexa, com operações interligadas, para reenquadrar as fintechs. "A gente pode redefinir um pouco o que é arriscado e colocar umas duas ou três instituições em outra caixinha."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
Bancos digitais

Quer investir no Banco Inter (INBR31) ou no Nubank (NUBR33)? Itaú BBA vê um deles disparando 190%

21 de julho de 2022 - 13:31

Itaú BBA decidiu retomar nesta quinta-feira (21) a cobertura das ações do Banco Inter, que havia deixado na prateleira por meses

ANALISTAS OTIMISTAS

Inter recua 18% desde estreia na Nasdaq, mas o JP Morgan acredita que as ações e BDRs podem saltar até 160% nos próximos meses; veja por quê

27 de junho de 2022 - 14:04

Os analistas confiam que o banco tem capacidade para superar as dificuldades impostas pela mudança e pelo cenário macroeconômico

Estreia amarga

Ações do banco Inter levam tombo no primeiro dia de negociação na Nasdaq

23 de junho de 2022 - 16:36

As ações da holding do banco Inter, a Inter&Co, chegaram a cair mais de 7% ao longo das negociações na estreia do papel em NY

DESEMBARQUE INICIADO

Com Inter (INBR31) cada vez mais perto do desembarque no Nasdaq, BDRs estreiam em alta na B3

20 de junho de 2022 - 13:44

As ações do banco Inter deixaram de ser negociadas na última semana e a companhia se prepara para a estreia no Nasdaq

MALAS FEITAS!

New York, New York! Inter (BIDI11) se despede da B3 hoje rumo à Nasdaq; confira como estão as units no último dia de negociação

17 de junho de 2022 - 12:56

A conversão para a bolsa norte-americana deve acontecer na segunda-feira (20), para que as ações sejam listadas e comecem a ser negociadas nos EUA a partir do dia 23 de junho

PROJEÇÕES ATUALIZADAS

Inter corta projeção para o Ibovespa em 2022, mas ainda vê o copo meio cheio para a bolsa

1 de junho de 2022 - 13:53

Inter Research chama a atenção para riscos externos, principalmente para a pressão inflacionária, mas vê bolsa brasileira 8% acima do nível atual

DISPUTA DIGITAL

Abre o olho, Nubank (NUBR33)! Inter (BIDI11) chega aos 20 milhões de clientes, mas tem um desafio pela frente

31 de maio de 2022 - 16:45

Apesar do avanço, o número de clientes ativos do Inter cresce em um ritmo menor que a base total, o que representa um problema para o banco digital na disputa com o Nubank

SOBE E DESCE

Cosan (CSAN3) lidera as altas do Ibovespa e Banco Inter (BIDI11) vai em direção oposta ‒ saiba o que foi destaque na bolsa na semana

28 de maio de 2022 - 9:22

A semana começou com mudanças na presidência da Petrobras (PETR4). Apesar disso, o Ibovespa fechou a semana em leve alta

INTER OU NÃO TER

De malas prontas pra Nasdaq: será que é hora de comprar Inter (BIDI11)? O Bank of America responde pra você

27 de maio de 2022 - 13:23

O BofA cortou o preço-alvo das units de R$ 36 para R$ 17 — o que representa um potencial de valorização de 29,5% com relação ao fechamento de quinta-feira (26)

PENDÊNCIAS DE VIAGEM

Inter (BIDI11) desembarca na Nasdaq em junho, mas antes fará rateio a acionistas que pediram dinheiro de volta; entenda

24 de maio de 2022 - 12:46

Os pedidos de cash-out voltaram a ultrapassar o limite estabelecido pela instituição financeira; mas, desta vez, há um gatilho de segurança para garantir a mudança

BALANÇO

De mudança para os EUA, Inter (BIDI11) lucra R$ 27,5 milhões no primeiro trimestre; confira os destaques do banco digital

16 de maio de 2022 - 18:55

O Inter também ultrapassou a marca dos 18 milhões de clientes entre janeiro e março, alta de 82% na comparação com o mesmo período de 2021

SINAL VERDE

Acionistas do Inter (BIDI11) aprovam planos de migração para os EUA e devem decidir entre BDRs e cash-out até a próxima semana; entenda

12 de maio de 2022 - 20:00

Agora, os acionistas terão até o próximo dia 20 para escolher entre os BDRs ou o cash-out, ou seja, troca dos ativos por dinheiro

APOSTAS DO BANCO

O que esperar dos shoppings no primeiro trimestre? Inter revisa estimativas e elege suas ações favoritas no setor; veja quais são

27 de abril de 2022 - 15:53

As administradoras não têm mais de lidar com as restrições de horário e lotação, mas novos desafios surgem na fase mais branda da pandemia de covid-19

FECHAMENTO DO DIA

Ibovespa inicia semana no vermelho e fecha no menor patamar dos últimos 30 dias; dólar também segue em queda, a R$ 4,64

18 de abril de 2022 - 17:41

A liquidez reduzida pela semana mais curta e o desempenho negativo das bolsas de NY são dois dos fatores que atrapalharam o índice hoje

boas novas

Inter (BIDI11) dispara na bolsa após retomada dos planos de migrar suas ações para os Estados Unidos

18 de abril de 2022 - 12:22

No feriado da Sexta-Feira Santa, o banco comunicou ao mercado o envio de um aditivo ao regulador do mercado financeiro americano, a SEC, com novos termos para seguir com uma reorganização societária que objetiva levar suas ações para a Nasdaq

Agora vai?

Inter (BIDI11) retoma planos de migração para Nasdaq e atualiza proposta de reorganização societária; veja o que mudou

16 de abril de 2022 - 12:11

Inter protocolou aditivo à declaração de registro de emissor estrangeiro com novos termos para seguir com a reorganização societária

AQUI E NOS EUA

Inter (BIDI11) ultrapassa a marca de 18 milhões de clientes no primeiro trimestre; confira os destaques operacionais do banco

11 de abril de 2022 - 19:51

Com a conclusão da aquisição da fintech norte-americana USend, essa é a primeira prévia da empresa como uma companhia global

Nova aposta

O “monstro” voltou ao Inter (BIDI11). Fundo Ponta Sul compra mais de 5% das ações do banco digital

25 de março de 2022 - 9:26

O fundo do gestor Flavio Gondim, também conhecido como “Monstro do Leblon” chegou a ter mais de 15% dos papéis do Inter, mas liquidou as posições após fortes perdas

BALANÇO

Lucro do Inter (BIDI11) salta para R$ 78,5 milhões em 2021, mas com rentabilidade de apenas 1%; ações caem forte

22 de fevereiro de 2022 - 8:14

Apesar do avanço, o Inter segue com o desafio de entregar uma rentabilidade mais atraente para o capital dos acionistas; veja os números do quarto trimestre e de 2021

Contas para jovens

Vale a pena abrir uma Conta Kids do banco Inter para o seu filho?

17 de fevereiro de 2022 - 13:25

Inter disponibiliza uma conta digital específica para crianças e adolescentes, com acesso a investimentos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar