Quatro conselheiros informaram à Petrobras (PETR4) que não pretendem ser reconduzidos ao colegiado na próxima assembleia geral extraordinária (AGE) de acionistas que analisará a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o comando da empresa, no lugar de Roberto Castello Branco.
São eles João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha Sobrinho.
Em fato relevante divulgado na terça-feira (2) à noite, a companhia informa que Cox Neto e Ziviani alegaram razões pessoais para a decisão.
Paulo Cesar de Souza só declarou que, por conta de seu mandato ser "interrompido inesperadamente, peço, por favor, para não ser reconduzido ao conselho de administração na próxima assembleia". Ele ressalta o "excelente trabalho" desenvolvido pela diretoria e funcionários e elogia também o presidente do colegiado, Eduardo Leal.
Já a mensagem de Omar Carneiro da Cunha revela insatisfação com a decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro, de promover uma troca no comando da estatal, com a indicação de Joaquim Silva e Luna para o lugar de Roberto Castello Branco.
"Em virtude dos recentes acontecimentos relacionados às alterações na alta administração da Petrobras, e os posicionamentos externados pelo representante maior do acionista controlador da mesma, não me sinto na posição de aceitar a recondução de meu nome como conselheiro desta renomada empresa, na qual tive o privilégio de servir nos últimos sete meses", diz Cunha.
Ele faz muitos elogios a Castello Branco e ao atual conselho, que "se manteve aderente às estratégias devidamente aprovadas, e seguindo os mais altos níveis de governança e de conformidade com os estatutos da empresa, e aos mais altos padrões de gestão empresarial".
"A mudança proposta pelo acionista majoritário, embora amparado nos preceitos societários, não se coaduna com as melhores práticas de gestão, nas quais procuro guiar minha trajetória profissional", afirma o conselheiro.
A Petrobras informou que a recondução destes conselheiros havia sido proposta pela União, e que eventuais substitutos indicados pelo governo serão submetidos ao Comitê de Pessoas.
Satisfação política
Em sua primeira declaração pública a respeito da troca do comando da Petrobras promovida por Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que a medida foi a "satisfação política" que Jair Bolsonaro (sem partido) deu aos caminhoneiros, grupo de apoiadores fiéis do presidente.
Ele reconheceu que a decisão teve impactos econômicos ruins e disse ter deixado clara sua posição em conversas com Bolsonaro.
"É compreensível do ponto de vista político. Do ponto de vista econômico o efeito foi ruim, essa foi a nossa conversa interna. O presidente sabe o que eu penso, eu sei o que o presidente pensa", afirmou, em entrevista ao programa Pingos Nos Is, da Jovem Pan.
Ele relembrou uma declaração de Castello Branco, que disse, após críticas ao aumento do preço do diesel, que uma eventual greve de caminhoneiros não era problema da Petrobras.
Roberto Castello Branco foi indicado ao comando da Petrobras pelo próprio ministro. Guedes, no entanto, tentou diminuir a importância da saída do executivo, demitido por Bolsonaro pelas redes sociais no dia 19. "Indiquei Castello Branco, acho um excelente economista, mas o mandato dele está expirando", disse.
Guedes disse, porém, que Bolsonaro não pode ser acusado de controlar os preços dos combustíveis, já que um novo reajuste foi anunciado recentemente pela Petrobras.
Ele minimizou ainda as interpretações de que Bolsonaro interveio nas estatais. Guedes disse que a Petrobras foi "assaltada" por dez anos à luz do dia e que mesmo assim cumpria os critérios de governança. "Vai haver interferência nas estatais? Vamos ver, vamos observar", relativizou.
* Com informações da Estadão Conteúdo