🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Jasmine Olga

Jasmine Olga

É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

Sem surpresas, mas depende...

Fim do ciclo de alta da Selic? Tudo depende da manutenção do teto de gastos e da política fiscal — e as próximas semanas devem ser decisivas

Para Marcelo Fonseca, chama a atenção o posicionamento do Copom de elevar a taxa até um patamar restritivo, mas o BC está no caminho certo. O economista vê o fim do ciclo de alta no patamar dos 7,5%, mas tudo depende do destino do teto de gastos

Jasmine Olga
Jasmine Olga
4 de agosto de 2021
21:25 - atualizado às 14:13

Assim como para boa parte do mercado financeiro, a decisão do Banco Central em elevar a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano não foi uma surpresa para Marcelo Fonseca, economista-chefe do Opportunity Total. 

Com a inflação mostrando cada vez mais sinais de que é influenciada por muito mais que apenas fatores temporários, Fonseca já trabalhava com a ideia de uma Selic de, no mínimo, 7,5% ao fim do ciclo de alta e uma inflação em cerca de 4% em 2022. Mas isso depende. 

Embora o Banco Central tenha sinalizado que está disposto a encarar os efeitos negativos na atividade econômica em nome da ancoragem das expectativas de inflação para 2022 e 2023, os riscos fiscais podem acelerar o processo de elevação dos preços e obrigar o BC a entregar um ciclo de juros mais alto. 

No momento, são diversas as preocupações do mercado financeiro com relação às contas públicas. A ameaça de um calote no pagamento de precatórios está no ar e a equipe econômica busca maneiras de fazer a reformulação do Bolsa Família caber dentro do teto de gastos. 

“Qualquer indicação ou movimento no sentido de enfraquecer ou flexibilizar o teto teria como consequência a mudança de percepção dos agentes econômicos. No fundo, o BC está sinalizando com a comunicação que as decisões são dependentes dos desdobramentos da política fiscal que a gente vai assistir nas próximas semanas”, aponta o economista. 

Em entrevista concedida logo após a divulgação da decisão, Marcelo Fonseca afirmou acreditar que o banco central está no caminho certo para controlar a inflação e também sobre os desdobramentos esperados. Veja os principais pontos da conversa do economista com o Seu Dinheiro:

Leia Também

Vocês projetavam uma alta de 1 ponto percentual na Selic e, de fato, o Banco Central seguiu esse caminho. Você não deve estar surpreso com o movimento, mas quais pontos do comunicado chamaram a sua atenção?

Sem dúvida o principal ponto foi o reconhecimento de que a taxa de juros pode encerrar o ciclo de alta em território restritivo. Ou seja, contracionista. Isso significa que ao contrário do que eles vinham indicando até então — com o ciclo de alta indo até a taxa neutra —,  agora essa sinalização é de que a Selic pode ir para um território onde tenha um impacto negativo sobre a atividade econômica e  promover alguma desaceleração sobre a economia.

Você concorda com essa posição?

É uma posição correta, que reflete um cenário amplamente conhecido e muito desafiador: a alta da inflação está se enraizando no sistema de preços. No momento, a inflação não decorre apenas dos choques que a alta internacional das commodities e a depreciação cambial trouxeram. E isso é preocupante, pois torna choques e eventos de natureza temporária em um processo mais permanente. A gente já identifica no processo inflacionário elementos que vão além disso, englobam repasses não só na cadeia de bens mas também para os serviços.. 

E temos também o balanço de riscos. Nosso cenário fiscal é complexo e representa um risco substancial para a futura alta da inflação. Temos um problema ocasionado pelo repasse dos choques iniciais, mas também temos riscos oriundos das incertezas fiscais, que podem acelerar o processo de alta da inflação. Com essa indicação mais dura, ele está combatendo tanto as pressões quanto o risco fiscal que se apresenta permanentemente no horizonte.

Já é possível observar que o mercado começa a trabalhar com uma desancoragem das expectativas de inflação para 2022. Com a decisão de hoje, o BC consegue ancorar novamente essas expectativas?

A inflação também decorre das expectativas, e na medida em que temos um cenário de inflação desafiador e riscos fiscais, você começa a ter contaminação dessas expectativas. Essa ação mais dura tem objetivo de impedir que essas pressões se propaguem e mostram a intenção de  garantir a convergência da inflação para 2022. 

A política monetária opera com defasagem e leva tempo para surtir os efeitos desejados. Assim, a meta de inflação já não é 2021, pois não é um alvo possível. O BC não tem mais controle da inflação de 2021, em grande medida, mas ele tem quando o horizonte da política monetária é 2022 e 2023. 

Após a alta de hoje, qual a projeção de vocês para a Selic? O ciclo de altas deve terminar em qual patamar?

Acreditamos que o ciclo termine na faixa de 7,5% a 8% ao ano. Conforme sinalizado no comunicado de hoje, a próxima reunião deve elevar a Selic para 6,25% (alta de um ponto percentual) em setembro. Imagino que o Copom desacelere para uma alta de 0,75 ponto percentual em outubro e eleve a taxa a 7,5% em dezembro. A dúvida é se existirá uma alta residual em janeiro para 8% ou não. 

O balanço de riscos é muito importante no processo de decisão do Banco Central, e ele dá grande peso ao risco fiscal. No fundo, o BC está sinalizando com a comunicação que as decisões são dependentes dos desdobramentos da política fiscal que a gente vai assistir nas próximas semanas: o encaminhamento da questão dos precatórios, a definição do novo Bolsa Família e como isso se encaixa no orçamento de 2022. Respeitar o teto de gastos é  fundamental para essa ideia de Selic que a gente tá discutindo. 

Qualquer indicação ou movimento no sentido de enfraquecer ou flexibilizar o teto teria como consequência a mudança de percepção dos agentes econômicos, levando o BC a entregar um ciclo de juros mais alto 

Vimos nas últimas semanas que a elevação de 1 ponto percentual já era dada como certa por grande parte dos agentes financeiros. O que esperar da reação dos mercados amanhã?

Acompanhamos em grande medida a antecipação dessa movimentação do Banco Central e o tom mais duro. Não foi uma grande surpresa. O mercado deve reagir de forma moderada, até mesmo na pesquisa semanal do Focus e outras realizadas pelas corretoras e grandes instituições financeiras.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas

21 de abril de 2025 - 17:03

Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)

METAL MAIS QUE PRECIOSO

É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano

21 de abril de 2025 - 15:01

Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street

21 de abril de 2025 - 11:16

No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022

DIA 89

Você está demitido: Donald Trump segue empenhado na justa causa de Jerome Powell

18 de abril de 2025 - 17:45

Diferente do reality “O Aprendiz”, o republicano vai precisar de um esforço adicional para remover o presidente do Fed do cargo antes do fim do mandato

DIA 88

Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell

17 de abril de 2025 - 19:55

“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta

17 de abril de 2025 - 8:36

Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.

APERTEM OS CINTOS

Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump

16 de abril de 2025 - 17:34

O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre

AGENDA DE RESULTADOS

Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências

15 de abril de 2025 - 6:47

De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar