Fim do ciclo de alta da Selic? Tudo depende da manutenção do teto de gastos e da política fiscal — e as próximas semanas devem ser decisivas
Para Marcelo Fonseca, chama a atenção o posicionamento do Copom de elevar a taxa até um patamar restritivo, mas o BC está no caminho certo. O economista vê o fim do ciclo de alta no patamar dos 7,5%, mas tudo depende do destino do teto de gastos
Assim como para boa parte do mercado financeiro, a decisão do Banco Central em elevar a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano não foi uma surpresa para Marcelo Fonseca, economista-chefe do Opportunity Total.
Com a inflação mostrando cada vez mais sinais de que é influenciada por muito mais que apenas fatores temporários, Fonseca já trabalhava com a ideia de uma Selic de, no mínimo, 7,5% ao fim do ciclo de alta e uma inflação em cerca de 4% em 2022. Mas isso depende.
Embora o Banco Central tenha sinalizado que está disposto a encarar os efeitos negativos na atividade econômica em nome da ancoragem das expectativas de inflação para 2022 e 2023, os riscos fiscais podem acelerar o processo de elevação dos preços e obrigar o BC a entregar um ciclo de juros mais alto.
No momento, são diversas as preocupações do mercado financeiro com relação às contas públicas. A ameaça de um calote no pagamento de precatórios está no ar e a equipe econômica busca maneiras de fazer a reformulação do Bolsa Família caber dentro do teto de gastos.
“Qualquer indicação ou movimento no sentido de enfraquecer ou flexibilizar o teto teria como consequência a mudança de percepção dos agentes econômicos. No fundo, o BC está sinalizando com a comunicação que as decisões são dependentes dos desdobramentos da política fiscal que a gente vai assistir nas próximas semanas”, aponta o economista.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADECONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em entrevista concedida logo após a divulgação da decisão, Marcelo Fonseca afirmou acreditar que o banco central está no caminho certo para controlar a inflação e também sobre os desdobramentos esperados. Veja os principais pontos da conversa do economista com o Seu Dinheiro:
Leia Também
Vocês projetavam uma alta de 1 ponto percentual na Selic e, de fato, o Banco Central seguiu esse caminho. Você não deve estar surpreso com o movimento, mas quais pontos do comunicado chamaram a sua atenção?
Sem dúvida o principal ponto foi o reconhecimento de que a taxa de juros pode encerrar o ciclo de alta em território restritivo. Ou seja, contracionista. Isso significa que ao contrário do que eles vinham indicando até então — com o ciclo de alta indo até a taxa neutra —, agora essa sinalização é de que a Selic pode ir para um território onde tenha um impacto negativo sobre a atividade econômica e promover alguma desaceleração sobre a economia.
Você concorda com essa posição?
É uma posição correta, que reflete um cenário amplamente conhecido e muito desafiador: a alta da inflação está se enraizando no sistema de preços. No momento, a inflação não decorre apenas dos choques que a alta internacional das commodities e a depreciação cambial trouxeram. E isso é preocupante, pois torna choques e eventos de natureza temporária em um processo mais permanente. A gente já identifica no processo inflacionário elementos que vão além disso, englobam repasses não só na cadeia de bens mas também para os serviços..
E temos também o balanço de riscos. Nosso cenário fiscal é complexo e representa um risco substancial para a futura alta da inflação. Temos um problema ocasionado pelo repasse dos choques iniciais, mas também temos riscos oriundos das incertezas fiscais, que podem acelerar o processo de alta da inflação. Com essa indicação mais dura, ele está combatendo tanto as pressões quanto o risco fiscal que se apresenta permanentemente no horizonte.
Já é possível observar que o mercado começa a trabalhar com uma desancoragem das expectativas de inflação para 2022. Com a decisão de hoje, o BC consegue ancorar novamente essas expectativas?
A inflação também decorre das expectativas, e na medida em que temos um cenário de inflação desafiador e riscos fiscais, você começa a ter contaminação dessas expectativas. Essa ação mais dura tem objetivo de impedir que essas pressões se propaguem e mostram a intenção de garantir a convergência da inflação para 2022.
A política monetária opera com defasagem e leva tempo para surtir os efeitos desejados. Assim, a meta de inflação já não é 2021, pois não é um alvo possível. O BC não tem mais controle da inflação de 2021, em grande medida, mas ele tem quando o horizonte da política monetária é 2022 e 2023.
Após a alta de hoje, qual a projeção de vocês para a Selic? O ciclo de altas deve terminar em qual patamar?
Acreditamos que o ciclo termine na faixa de 7,5% a 8% ao ano. Conforme sinalizado no comunicado de hoje, a próxima reunião deve elevar a Selic para 6,25% (alta de um ponto percentual) em setembro. Imagino que o Copom desacelere para uma alta de 0,75 ponto percentual em outubro e eleve a taxa a 7,5% em dezembro. A dúvida é se existirá uma alta residual em janeiro para 8% ou não.
O balanço de riscos é muito importante no processo de decisão do Banco Central, e ele dá grande peso ao risco fiscal. No fundo, o BC está sinalizando com a comunicação que as decisões são dependentes dos desdobramentos da política fiscal que a gente vai assistir nas próximas semanas: o encaminhamento da questão dos precatórios, a definição do novo Bolsa Família e como isso se encaixa no orçamento de 2022. Respeitar o teto de gastos é fundamental para essa ideia de Selic que a gente tá discutindo.
Qualquer indicação ou movimento no sentido de enfraquecer ou flexibilizar o teto teria como consequência a mudança de percepção dos agentes econômicos, levando o BC a entregar um ciclo de juros mais alto
Vimos nas últimas semanas que a elevação de 1 ponto percentual já era dada como certa por grande parte dos agentes financeiros. O que esperar da reação dos mercados amanhã?
Acompanhamos em grande medida a antecipação dessa movimentação do Banco Central e o tom mais duro. Não foi uma grande surpresa. O mercado deve reagir de forma moderada, até mesmo na pesquisa semanal do Focus e outras realizadas pelas corretoras e grandes instituições financeiras.
A palavra do ano no dicionário Oxford que diz muito sobre os dias de hoje
Eleita Palavra do Ano pela Oxford, a expressão “rage bait” revela como a internet passou a usar a raiva como estratégia de engajamento e manipulação emocional
Não tem para ninguém: Lotofácil, Quina e demais loterias da Caixa entram em dezembro sem ganhadores
Depois de acumular no primeiro sorteio do mês, a Lotofácil pode pagar nesta terça-feira (2) o segundo maior prêmio da rodada das loterias da Caixa — ou o maior, se ela sair sem que ninguém acerte a Timemania
Tema de 2026 será corte de juros — e Galapagos vê a Selic a 10,5% no fim do próximo ano
No Boletim Focus desta semana, a mediana de projeções dos economistas aponta para uma Selic de 10,5% apenas no final de 2027
Metrô de São Paulo começa a aceitar pagamento com cartão de crédito e débito direto na catraca; veja como vai funcionar
Passageiros já podem usar cartões de crédito ou débito por aproximação na catraca, mas integração com ônibus continua exclusiva do Bilhete Único
CNH sem autoescola: quais são os requisitos para o instrutor autônomo?
Nova resolução do Contran cria o instrutor autônomo e detalha os requisitos para atuar na formação de condutores no modelo da CNH sem autoescola
Contran toma decisão irrevogável sobre o projeto da CNH sem autoescola
Nova resolução do Contran libera a CNH sem autoescola, cria instrutor autônomo, reduz carga horária prática e promete queda de até 80% no custo da habilitação
Flamengo torce contra rival para fechar o ano como clube brasileiro com maior arrecadação em 2025
Mesmo com o tetracampeonato da Libertadores 2025 e mais de R$ 177 milhões em premiações, o Flamengo ainda corre atrás de rival na disputa pela maior arrecadação do futebol brasileiro neste ano
Black Friday 2025 e décimo terceiro levam o Pix a novo recorde de movimentação diária
Transações superam a marca anterior e consolidaram o Pix como principal meio de pagamento digital do país
Mercado corta projeção para inflação de 2025 — de novo —, mas juros continuam estacionados neste ano e no próximo
Economistas consultados pelo BC esperam que tendência de arrefecimento dos preços perdure neste ano, mas siga quase estável no próximo
Essa cidade foi derrubada por uma empresa privada para dar lugar a um reservatório — e o que existe lá hoje é surpreendente
Cidade fluminense destruída para ampliar um reservatório ganha novo significado décadas depois, com parque ecológico
Relatório Jolts, discurso de Powell e balança comercial do Brasil são destaques da agenda econômica
Os investidores ainda acompanham divulgação do IPC-Fipe de novembro, além do PIB do 3º trimestre do Brasil e da Zona do Euro
Imposto de Renda: Lula fará pronunciamento neste domingo (30) sobre medida que altera a tributação
A fala será transmitida às 20h30 e trará como principal anúncio a nova faixa de isenção para R$ 5 mil além de mecionar os descontos extras para rendas intermediárias
Plano da Petrobras (PETR4), despencada da Hapvida (HAPV3) e emergentes no radar: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
O anúncio estratégico da estatal, a forte queda da operadora de saúde e a análise do Morgan Stanley com Brasil em destaque; veja o que mais movimentou o SD
Ganhador da Mega-Sena 2945 embolsa prêmio de mais de R$ 27 milhões com aposta simples
Não foi só a Mega-Sena que contou com ganhadores na categoria principal: a Lotofácil teve três vencedores, mas nenhum deles ficou milionário
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: Vamos (VAMO3) lidera ganhos da semana, Hapvida (HAPV3) fecha como pior ação
Dólar recua, inflação segue dentro da meta e cenário de juros favorece fluxo de investidores
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, é liberado da prisão com medidas cautelares; veja o que acontece agora
A desembargadora Solange Salgado da Silva concedeu o habeas corpus com a justificativa de que os delitos atribuídos ao banqueiro “não envolvem violência ou grave ameaça à pessoa”
Final da Libertadores 2025: veja quando e onde assistir a Palmeiras x Flamengo
A Final da Libertadores 2025 coloca Palmeiras x Flamengo frente a frente em Lima; veja horário, onde assistir e detalhes da grande decisão
Olho no prêmio: Mega-Sena acumula e vai pagar R$ 27 milhões
Segundo a Caixa, o próximo sorteio acontece neste sábado, dia 29 de novembro, e quem vencer pode levar essa bolada para casa
Todos nós pagaremos a conta da liquidação do Banco Master, dizem especialistas; veja qual será o impacto no seu bolso
O FGC deve pagar os credores do Master e, assim, se descapitalizar. O custo para o fundo reconstituir capital será dividido entre todos
A cidade mais segura do estado de São Paulo fica a menos de 1 hora da capital; onde é e o que fazer?
A 40 km da capital paulista, essa cidade é uma das mais antigas de São Paulo e preserva um rico patrimônio histórico
