Com alívio nos juros futuros, renda fixa atrelada à inflação é o melhor investimento de novembro; bitcoin, FII e ações ficam na lanterna
Passado o pânico com o drible do teto de gastos, queda nos juros futuros deu aos títulos com alguma parcela da remuneração prefixada espaço para se recuperar; mas ativos de bolsa continuaram sofrendo

O ano de 2021 caminha para se tornar um ano bastante negativo para a bolsa e os títulos públicos prefixados e atrelados à inflação por conta da elevação do risco fiscal do país e das pressões inflacionárias, quando o cenário deveria ser de retomada da economia. Com isso, estamos vendo os juros subirem antes mesmo que o patamar econômico anterior à pandemia de covid-19 tenha sido atingido.
Mas, ao menos em novembro, os ativos de renda fixa que mais vinham apanhando nos meses anteriores tiveram espaço para uma recuperação parcial das perdas do ano.
Passado o pânico com o drible no teto de gastos pelo governo federal, o mercado começou a aceitar que a aprovação da PEC dos precatórios com a mudança na regra fiscal seria, dos males, o menor. Antes alguma regra, ainda que longe do ideal, do que nenhuma.
Assim, os juros futuros tiveram espaço para cair um pouco, fazendo com que os títulos de renda fixa que têm parte ou a totalidade da sua remuneração prefixada tivessem as maiores altas do mês. É o caso dos títulos públicos Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado.
Os ativos de bolsa, porém, continuaram sofrendo. Com queda de 1,53% no mês, o Ibovespa teve o terceiro pior desempenho do ranking montado pelo Seu Dinheiro. O índice chegou a cair de volta para a faixa dos 100 mil pontos no pior momento do mês, nesta terça-feira (30), mas conseguiu fechar aos 101.915 pontos.
O segundo pior desempenho da tabela ficou com o IFIX, o índice de fundos imobiliários, com queda de 3,64%. Mas a lanterna ficou, com folga, com o bitcoin, que recuou 6,79% em reais, para R$ 322.243,34. Em dólares, a baixa foi de 6,99%, para US$ 57.057,50.
Leia Também
Veja na tabela a seguir o ranking completo dos melhores e piores investimentos de novembro:
Os melhores investimentos de novembro
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
Tesouro IPCA+ 2045 | 7,80% | -25,83% |
Tesouro IPCA+ 2035 | 5,18% | -11,32% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | 4,12% | -11,59% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | 4,02% | -7,20% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2030 | 3,56% | -4,09% |
Tesouro IPCA+ 2026 | 3,13% | -1,70% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2031 | 3,07% | -17,38% |
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)* | 2,88% | 4,63% |
Tesouro Prefixado 2026 | 1,87% | -13,76% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | 1,62% | 5,88% |
Tesouro Prefixado 2024 | 1,27% | - |
Tesouro Selic 2027 | 0,63% | - |
Tesouro Selic 2024 | 0,60% | - |
CDI* | 0,59% | 3,58% |
Poupança antiga** | 0,50% | 5,64% |
Ouro | 0,47% | 1,27% |
Poupança nova** | 0,36% | 2,40% |
Dólar à vista | -0,19% | 8,61% |
Dólar PTAX | -0,40% | 8,16% |
Ibovespa | -1,53% | -14,37% |
IFIX | -3,64% | -10,16% |
Bitcoin | -6,79% | 114,03% |
Renda fixa em alta
No mês de novembro, observamos os juros futuros caírem tanto no curto quanto no longo prazo. Os juros curtos, mais impactados pela política monetária, tiveram certo alívio depois que alguns dados econômicos mostraram ainda uma certa fraqueza da atividade econômica, o que significa que, mesmo com a inflação pressionada, o Banco Central não poderá apertar a Selic com muita intensidade, sob o risco de machucar demais a economia.
Já os juros longos tiveram um certo alívio motivado por uma "despiora" no cenário fiscal, com a manutenção de alguma regra para os gastos públicos por meio da PEC dos precatórios. Esta, por sua vez, foi aprovada na Câmara e, mesmo com resistências no Senado, caminhou por lá também.
Com isso, os títulos públicos prefixados e atrelados à inflação tiveram um respiro neste mês e fecharam com desempenhos positivos, notadamente os de prazos mais longos. Isso quer dizer que quem adquiriu esses tipos de títulos nos momentos mais tensos do ano - no fim de outubro ou no início de novembro, quando as taxas foram às máximas - viu seus papéis valorizarem ao longo do último mês.
Já a renda fixa pós-fixada, atrelada à Selic ou ao CDI, viu um novo incremento na sua rentabilidade, com a elevação da taxa Selic em 1,5 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada nos dias 27 e 28 de outubro, passando de 6,25% para 7,75% ao ano.
Na bolsa, risco fiscal, Fed e mais coronavírus
Na bolsa, porém, a coisa ficou feia, mais uma vez. O Ibovespa até que começou novembro bem, comemorando alguns bons balanços de empresas e a aprovação da PEC dos precatórios na Câmara. Mas após fechar duas semanas consecutivas no azul, a maré virou.
Tensões em torno dos obstáculos encontrados pela PEC dos precatórios no Senado, a deterioração das perspectivas econômicas brasileiras e incertezas em relação à política de estímulos monetários do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, aumentaram a aversão a risco nos mercados locais.
Além disso, uma nova onda de covid-19 na Europa, que levou governos a voltarem a tomar medidas restritivas, começou a causar preocupação.
Na semana passada, o pânico em torno da identificação de uma nova variante preocupante do coronavírus na África do Sul, a ômicron, derrubou as bolsas globais, trazendo ainda mais incertezas, desta vez em torno da recuperação econômica mundial.
O mês termina com incertezas em torno do risco fiscal brasileiro, do potencial impacto da variante ômicron na economia e do caminho que as taxas de juros devem seguir nos Estados Unidos.
Sobre este tópico, vale comentar que, no fim do mês passado, o banco central americano iniciou a redução do ritmo de compra de ativos, o que já vinha sendo precificado pelo mercado.
Ao longo de novembro, porém, dados de atividade e inflação nos EUA começaram a aumentar o temor de que a alta dos juros por lá pudesse começar antes do esperado.
Nesta terça, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o banco central americano deve agir para impedir que a alta da inflação se torne algo estrutural. Também disse que o ritmo de retirada dos estímulos monetários pode ser revisto já na próxima reunião do seu comitê de política monetária.
O episódio derrubou os mercados lá fora, pois sugere que a autoridade monetária começa a se preocupar mais intensamente com as pressões inflacionárias na terra do Tio Sam.
Um freio nos estímulos monetários para conter os preços em um momento em que a economia mundial pode desacelerar por conta da nova variante do coronavírus pode ser deletério sobretudo para os mercados emergentes como o nosso. E o ano eleitoral ainda se aproxima.
Melhores ações de novembro
Empresa | Código | Desempenho no mês |
TIM | TIMS3 | 22,99% |
Unidas | LCAM3 | 17,44% |
Dexco | DXCO3 | 16,25% |
Engie | ENGI11 | 14,82% |
Suzano | SUZB3 | 14,08% |
Lojas Americanas | LAME4 | 13,25% |
Localiza | RENT3 | 12,83% |
Banco do Brasil | BBAS3 | 11,72% |
Iguatemi | IGTA3 | 10,65% |
Ultrapar | UGPA3 | 10,57% |
Piores ações de novembro
Empresa | Código | Desempenho no mês |
Natura &Co | NTCO3 | -31,39% |
Locaweb | LWSA3 | -27,92% |
Magazine Luiza | MGLU3 | -27,84% |
Assaí | ASAI3 | -16,61% |
Banco Pan | BPAN4 | -15,27% |
BRF | BRFS3 | -14,98% |
Rede D'Or | RDOR3 | -14,97% |
CVC | CVCB3 | -14,72% |
PetroRio | PRIO3 | -13,55% |
Weg | WEGE3 | -12,89% |
Na conta do bitcoin
Até o mercado de criptomoedas sofreu com o surgimento da variante ômicron, mas não foi só isso que pesou para o bitcoin. Notícias vindas dos Estados Unidos também impactaram negativamente o preço do principal criptoativo do mercado.
Não foi a política monetária do Fed, mas a política fiscal do governo Joe Biden. No início de novembro, o pacote de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão do governo democrata foi finalmente aprovado na Câmara, mas um ponto do acordo não agradou o mercado cripto.
Cerca de metade dos recursos devem vir da nova regulamentação de ativos digitais nos Estados Unidos. Mas nem foi tanto a taxação em si desse mercado que desagradou, mas o fato de que mineradores e traders passariam a ser tratados como corretores de criptomoedas e, com isso, teriam que passar a fornecer mais informações sobre as transações, o que iria contra o princípio do anonimato da rede.
Porém, a legislação ainda precisa ser debatida com entes de mercado e ainda pode ser afrouxada.
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
XP rebate acusações de esquema de pirâmide, venda massiva de COEs e rentabilidade dos fundos
Após a repercussão no mercado, a própria XP decidiu tirar a limpo a história e esclarecer todas as dúvidas e temores dos investidores; veja o que disse a corretora
PGBL ou VGBL? Veja quanto dinheiro você ‘deixa na mesa’ ao escolher o tipo de plano de previdência errado
Investir em PGBL não é para todo mundo, mas para quem tem essa oportunidade, o aporte errado em VGBL pode custar caro; confira a simulação
De Minas para Buenos Aires: argentinos são a primeira frente da expansão do Inter (INBR32) na América Latina
O banco digital brasileiro anunciou um novo plano de expansão e, graças a uma parceria com uma instituição financeira argentina, a entrada no mercado do país deve acontecer em breve
XP Malls (XPML11) é desbancado por outro FII do setor de shopping como o favorito entre analistas para investir em março
O FII mais indicado para este mês está sendo negociado com desconto em relação ao preço justo estimado para as cotas e tem potencial de valorização de 15%
Mata-mata ou pontos corridos? Ibovespa busca nova alta em dia de PIB, medidas de Lula, payroll e Powell
Em meio às idas e vindas da guerra comercial de Donald Trump, PIB fechado de 2024 é o destaque entre os indicadores de hoje
Debêntures da Equatorial se destacam entre as recomendações de renda fixa para investir em março; veja a lista completa
BB e XP recomendaram ainda debêntures isentas de IR, CRAs, títulos públicos e CDBs para investir no mês
Vencimento de Tesouro Selic paga R$ 180 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?
Simulamos o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro Selic e em outros papéis de renda fixa
Estrangeiro “afia o lápis”, mas ainda aguarda momento ideal para entrar na bolsa brasileira
Segundo o Santander, hoje, os investidores gringos mantêm posições pequenas na bolsa, mas mais inclinados a aumentar sua exposição, desde que surja um gatilho apropriado