🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Preparado para a Super Quarta? O que você precisa saber antes das decisões do Fed e do Copom sobre juros

Um ajuste dos juros, mantendo-os ainda abaixo do neutro (entre 5,5% e 6,5%), seria salutar. Uma alta para além disso, contudo, poderá comprometer a retomada brasileira

15 de junho de 2021
5:33 - atualizado às 19:32
Sede do Banco Central em Brasília | Copom
Sede do Banco Central em Brasília - Imagem: Shutterstock

Logo no início da República de Roma, por volta do ano 280 a.C., quando a expansão de seus territórios ainda se dava pela península itálica, conta-se das derrotas sofridas pelos romanos ao enfrentarem o Rei Pirro, do Épiro e da Macedônia.

A vitória de Pirro, no entanto, foi tão custosa para seu exército e para seu relacionamento com seus comandantes que ele nunca mais conseguiu conquistar nenhum grande triunfo militar — não só isso, como seu território seria no futuro também anexado por Roma.

A esse tipo de vitória se dá o nome de pírrica; isto é, quando o custo é mais do que proporcional ao ganho do êxito — ou com resultado negativo em termos líquidos. Gosto dessa história para tratar do momento atual para a política monetária brasileira.

Nesta semana, teremos o que carinhosamente chamamos de “Super Quarta”, ou quando tanto o Brasil como os EUA apresentam suas decisões de política monetária. Para nós, será o Comitê de Política Monetária (Copom) que indicará o parecer. Já para os americanos, é o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC na sigla em inglês) que sinaliza o resultado.

Ambos os comitês são compostos por membros das respectivas autoridades monetárias de cada país – Banco Central do Brasil (BCB ou Bacen) no nosso caso e Federal Reserve (Fed) no caso deles).

Ainda que divulgadas no mesmo dia, o direcionamento de cada uma tenderá a ser bem distinto uma da outra. Nas linhas abaixo, tentarei resumir o horizonte de cada um dos eventos, com suas possíveis implicações.

Leia Também

O caso brasileiro

Ao que tudo indica, teremos mais uma alta de 75 pontos-base na decisão de quarta-feira, levando a taxa básica de juros de curto prazo da economia nacional para o patamar de 4,25% ao ano, frente aos atuais 3,50%. Este movimento, porém, já está mais do que contratado desde o último encontro da autoridade monetária, ficando registrado desde então nos preços.

O que está em jogo aqui é o comunicado que acompanha a decisão.

O que acontece é que desde a última reunião de política monetária, algumas coisas aqueceram as expectativas do mercado. Até o mês de junho, o crescimento econômico do Brasil tem sido bastante positivo em comparação com o consenso de mercado ao final do ano passado.

A maior parte dos economistas, mesmo em 2021, não entendia como viável a recuperação do patamar pré-pandemia antes de 2022. A realidade, porém, foi bem diferente, uma vez que, com o fim do primeiro trimestre, o Brasil se juntou ao grupo de economias que já eliminou a perda deixada pela contração do ano passado.

Fonte: Neo Investimentos

Subestimamos o impacto do boom das commodities que está ocorrendo desde o quarto trimestre do ano passado, fenômeno que promoveu uma disparada das receitas de exportação de matérias-primas, agregando-se ao PIB direta e indiretamente.

Além disso, um aprimoramento das perspectivas políticas, com possibilidade de aprovação das reformas administrativa e tributária, aliviou o contexto no qual estamos inseridos, permitindo sucessivas revisões para cima do crescimento nacional.

Adicionalmente, o país desistiu de restringir a mobilidade de maneira severa para conter a pandemia, antecipando parte da recuperação esperada apenas para a segunda metade do ano.

Hoje, a economia global emite sinais de crescimento superior às expectativas anteriores. A vacinação foi antecipada em um mês no Estado de São Paulo. O PIB brasileiro deve aumentar 5,5% neste ano, talvez 6%. Ninguém esperava isso.

Claro, com maior crescimento, se tem mais inflação. Não à toa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), nosso indicador oficial de inflação medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula mais de 8% nos últimos 12 meses – isso sem falar do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que já entregou mais de 37% nos últimos 12 meses.

Claro, parte relevante dessa alta, muito em linha com o que se vê nos EUA, tem uma natureza mais temporária do que estrutural. Ainda assim, o problema da inflação inercial preocupa, bem como o de desancoragem dos patamares de preço.

É com insto em mente que temos visto nossa autoridade monetária dar andamento ao processo de normalização dos juros.

Com isso, dúvidas se formam sobre qual comunicado o Bacen deve adotar. Seria uma abordagem mais hawkish (contracionista), em resposta aos indicadores mais fortes entregues nas últimas semanas, ou mais dovish (flexível), levando em consideração que ainda estamos mais de 3% abaixo do patamar de PIB de 2014 e com dois dígitos de desempregados.

Por isso, resgatei a ideia de vitória pírrica no início do texto. Se o Banco Central se preocupar mais em vencer a inflação neste momento, contratando mais elevações da taxa de juros, colocando a Selic em um patamar além do juro neutro (aquele que não acelera e nem acelera a inflação), podemos conter esse crescimento projetado de 5,5% para 2020.

Em outras palavras, faremos um esforço para ancorar os preços a custo de quê?

Isto é um temor ao mercado.

Um ajuste dos juros, mantendo-os ainda abaixo do neutro (entre 5,5% e 6,5%, a depender do modelo que se utiliza), seria salutar. Um ajuste para além disso, contudo, poderá comprometer a retomada brasileira.

O Banco Central se atentará a essa dinâmica para tomar sua decisão. Para ilustrar o que o mercado olhará, se o comunicado perde as palavras “ajuste parcial” teremos um Copom mais hawkish e assim por diante.

Resta saber até onde vai o ajuste – uma manutenção da noção de mais patamares ainda estimulativos será positivo para os ativos de risco e para o apetite dos investidores.

O caso americano

Na terra do Tio Sam, a situação é um pouco diferente. Por lá, a questão não está na elevação da taxa de juros, mas, sim, na redução da compra de ativos, o que se conhece como “taper”.

Na última ata do FOMC, descobriu-se que os dirigentes do Fed já teriam interesse em discutir mais seriamente uma redução no nível de compra de ativos (hoje em US$ 120 bilhões por mês), em resposta à inflação e à retomada da economia.

Na verdade, desde que as taxas de ponta longa atingiram o fundo do poço por volta de agosto do ano passado (em 0,5% ao ano nos títulos de 10 anos), muitos aumentos nas taxas de juros já foram incorporados aos preços dos títulos. As ondas perfeitas na figura mostram taxas futuras estimadas desde 1990 (bem como a fatura do Tesouro da 3M real).

As taxas a prazo representam uma combinação de taxas de juros futuras esperadas e um prêmio de risco por assumir o risco de taxa de juros. Como tal, a inclinação significativa desde agosto (de verde para azul) reflete mais aumentos de taxas esperados e uma maior compensação de risco para maior incerteza.

Uma curva de rendimento mais íngreme significa, portanto, retornos esperados mais elevados nos mercados de títulos. Quando o mercado espera aumentos das taxas, você obtém uma recompensa de risco por manter o risco da taxa de juros.

Por enquanto, o mercado comprou a ideia do Fed de que a inflação de hoje é temporária e não enseja em preocupações estruturais, mas mudanças no discurso da autoridade podem ter efeitos no apetite ao risco.

Estima-se, entretanto, que uma retomada verdadeiramente significativa do assunto só aconteça mesmo em agosto, na Conferência de Jackson Hole. De qualquer forma, menções no comunicado de Powell, presidente da instituição, ou na ata daqui a algumas semanas poderão levar o mercado a um novo momento de estresse.

Leia também:

Conclusão

Veja que, mesmo tomando caminhos diferentes neste primeiro momento, a grande questão que se coloca é quando os países desenvolvidos terão que realizar o aperto monetário já iniciado pelos países emergentes, como o caso brasileiro.

A inflação de hoje, mesmo que temporária, não indica que a inflação de 2022 ou 2023 seja parecida com a da última década. Se o mundo flertar realmente com mais crescimento nos próximos anos, como se espera derivando os estímulos fiscais e monetárias sem precedentes, mais inflação seria natural. Agora, uma maior inflação não significa necessariamente descontrole de preços.

Gradualmente, deveremos ter normalização das taxas de juros e das políticas monetárias. O importante é mensurar o quanto isso impacta os ativos de risco e, consequentemente, nossas alocações. O mercado está viciado em liquidez, logo muita transparência e previsibilidade serão fundamentais.

O pessoal do Carteira Empiricus, série best-seller na maior casa de análise de investimentos na América Latina, está preparado para os diferentes cenários que podem surgir a partir desta super quarta-feira, mesmo enfrentando uma vitória pírrica da autoridade monetária.

Para saber o que a equipe de Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, está fazendo, vale muito a pena conferir o produto e surfar da melhor maneira possível as próximas mudanças de política monetária.

E a China?

O governo chinês projetou 6% de crescimento para o país em 2021, uma meta considerada por muitos como conservadora. A economia aos poucos está voltando aos eixos ao redor do mundo, então o país tem espaço para crescer ainda mais.

No vídeo abaixo, eu mostro como você pode se expor às oportunidades desta superpotência e se preparar para os eventuais riscos que estão aparecendo no cenário mundial econômico.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
DIA 7 A SELIC SOBE

Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana

29 de abril de 2025 - 15:26

Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia

CAIXA BALANÇA

JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025

29 de abril de 2025 - 12:43

Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente

28 de abril de 2025 - 20:00

Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

FGC EM RISCO?

Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco

25 de abril de 2025 - 14:30

Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

PENDURADOS NO SAC

Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas

24 de abril de 2025 - 18:04

O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

Insights Assimétricos

A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump

24 de abril de 2025 - 6:08

Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso

23 de abril de 2025 - 20:01

Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell

22 de abril de 2025 - 8:11

Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar