Com inflação ameaçando voltar, o que esperar da ‘Super Quarta’, com reuniões do Copom e do BC dos EUA?
No Brasil e nos EUA, inflação parece estar voltando, mas investidores estarão atentos a diferentes pontos das decisões do Copom e do Fomc

Nos aproximamos mais uma vez do que o mercado costuma chamar de super quarta-feira. Em poucas palavras, nesta quarta, dia 17, teremos dois eventos muito importantes para nós brasileiros, ambos sobre política monetária.
O primeiro deles, mais importante para nossa dinâmica interna, é a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.
O segundo, já sob uma lógica internacional, se trata do encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – basicamente, o Copom americano.
Nos dois casos, os investidores estão bastante atentos, mas por motivos diferentes.
No caso brasileiro, a expectativa é de alta da taxa de juros, levando a Selic Meta dos atuais 2% para algo entre 2,25% e 2,75%. Isto é, a elevação da taxa deverá girar em torno de 25 a 75 pontos-base, a depender do tom do Banco Central.
Já nos EUA, o mercado espera manutenção da taxa de juros e do discurso flexível da autoridade monetária.
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Nos dois países, porém, a inflação parece estar ameaçando voltar, ao menos no curto prazo. Para resumir, a característica principal do Banco Central é a de trabalhar no sentido de preservar o poder de compra da moeda. Nos EUA, soma-se a necessidade de máximo emprego também; ou seja, estabilidade de preços em máximo emprego.
Em solo americano, embora o hiato produto ainda esteja aberto – os americanos ainda consigam crescer ocupando capacidade ociosa –, o mercado teme que ele se feche rapidamente no contexto de um setor industrial em expansão, como vemos no gráfico abaixo.
Neste caso, com a normalização da situação no mundo e com a recuperação da economia, a próxima seria, em tese, a inflação.
A dúvida é: será uma inflação cíclica ou se tornará estrutural?
Como podemos ver acima, os gráficos de longo prazo sugerem que ele tem potencial para se tornar estrutural. No entanto, como o Banco Central americano persegue também um suposto "máximo emprego" e os EUA ainda enfrentam um desemprego acima de 6%, a autoridade monetária tem reforçado seu discurso permissivo para com a inflação de curto prazo, permitindo que ela ultrapasse a meta de 2%, chamando-a de temporária e não sustentada.
O mercado faz a conta
O mercado pondera a chance de o BC estar certo e dele estar errado (neste segundo caso, falamos que o BC ficou behind the curve, ou correndo atrás do próprio rabo).
A expectativa é de manutenção da taxa de juros nos EUA, mas o que importa mesmo é o discurso. Como Powell, na coletiva que sucede a decisão de política monetária, se posicionará sobre a inflação recente, sobre o nível de atividade e sobre o estresse na curva de juros do mercado de títulos.
É para isso que o mercado estará olhando.
Um discurso de continuidade ao tom flexível não deve mudar a dinâmica atual. Agora, se parecer que o Fed mudou o tom de seu discurso, o mercado pode realizar no curto prazo. É um foco de atenção importante.
Mas, afinal, e o Brasil?
Bem, aqui a situação é diferente. Nosso banco central está preso, sem muitas alternativas. Se observarmos a curva de contratos futuros para juros, como no gráfico abaixo, veremos que estes apontam para taxas em alta de 500 pontos-base ainda neste ano, o que explodiria as contas fiscais.
Porque esses são os problemas enfrentados pelo Brasil:
- sem atividade, mas com inflação (possível cenário de estagflação já começou a ser desenhado por alguns economistas mais pessimistas);
- câmbio descontrolado, acima de R$ 5,50; e
- fiscal sem suporte, com equipe econômica fiscalista esvaziada e centrão com muito peso nas decisões.
Para controlar um pouco o câmbio e evitar o efeito de pass-through (inflação no Brasil por conta da alta do dólar), o Banco Central deveria subir um pouco os juros. Mas se ele faz isso, desestimula a economia, que tem dois dígitos de desempregados e não consegue engatar. Ao mesmo tempo, se jogar o juro para cima, compromete ainda mais o fiscal brasileiro, que já está em frangalhos.
Agora, se não fizer isso, o dólar continua descontrolado, a inflação continua a subir e a falta de previsibilidade afastará investimentos, tirando incentivos para o crescimento.
É uma faca de dois gumes.
Para evitar maiores problemas, o BC deverá adotar um tom adicionalmente gradual, evitando movimentos bruscos. Por isso, provavelmente, deveremos ter uma alta entre 25 e 50 pontos-base, para até 2,50% de Selic. Se ele gradualmente fizer o ajuste na curva de juros, poderá evitar um choque monetário muito traumático.
Por isso aguardo um tom tranquilo e ponderado de nossa autoridade. Por aqui, os mercados têm uma longa história de antecipar prematuramente aumentos do BCB e valorizar demais a Selic final.
Veja abaixo como o mercado costuma errar os movimentos do Bacen.
Nossa situação não é fácil, definitivamente.
Escolher investimentos neste ambiente é ainda mais difícil. Entendo que, no final, o melhor cavalo para o mundo segue sendo o de commodities, que captura bem o call de inflação e de retomada do crescimento mundial, além de não ser tão sensível à curva de juros como teses de tecnologia.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, a maior casa de análise independente para o varejo da América Latina, costuma indicar para seus leitores os melhores movimentos inclusive para estes períodos mais complicados. Em sua série best-seller, Miranda compartilha suas melhores ideias de investimento para os diferentes perfis. Em um ambiente tão incerto como o de 2021, ler um especialista adequado é imperativo.
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