🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 2T25 VAI COMEÇAR: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA

Vendo Monza 2.0, única dona

Era descolado ter um Monza quando ele chegou ao Brasil. Mas seria ridículo ter um Monza ainda hoje. E tudo bem. O Monza continua com sua marca na história do mercado automobilístico brasileiro.

26 de janeiro de 2021
11:39 - atualizado às 9:08

Minha mãe tinha um Monza 2.0, azul-marinho. Ela amava. Gostava tanto que ficou com o carro por três anos. Depois, trocou… por outro Monza 2.0, azul-marinho. 

Daí se passaram mais alguns anos e ela comprou um Vectra, que era melhor, basicamente uma evolução frente ao carro anterior.

Nada contra o Monza. Ao contrário. Ele foi muito legal por um tempo. Cumpriu seu papel. Guardo ótimas lembranças. Mas passou. Foi bom por alguns anos, revolucionou o mercado — até que deixou de ser. Era descolado ter um Monza quando ele chegou ao Brasil. Mas seria ridículo ter um Monza ainda hoje. E tudo bem. O Monza continua com sua marca na história do mercado automobilístico brasileiro.

As coisas são assim mesmo. Elas chegam, promovem uma novidade; às vezes, uma disrupção, até uma revolução. Então, elas mesmas passam, são superadas por outras. Com o perdão do neologismo, o disruptor hoje é o disruptado amanhã.

Nada muito diferente da destruição criativa de Schumpeter, tão conhecida na economia — e, para mim, as finanças e os investimentos são parte da economia. 

Na arte, funciona parecido também. Na peça "Vermelho'', por exemplo, Mark Rothko demonstra sua rivalidade com Jackson Pollock e fúria contra a dificuldade dos cubistas e surrealistas em admitir sua superação pelo expressionismo abstrato. Alguns anos mais tarde, é o próprio Rothko quem não admite a disrupção promovida por Andy Warhol e sua pop arte.

Leia Também

Até mesmo nos relacionamentos pode ser assim. Depois de vários anos, a coisa, se terminar, não quer dizer que "não deu certo”. Foi ótimo. Deu certo por duas décadas. E depois não deu mais. Maravilha. Segue em frente, com orgulho do vivido no passado.

Em conversa com os gestores da Vitreo, fui informado de que o fundo Vitreo Carteira Universa, que se inspira na nossa Carteira Empiricus, terá sua taxa de administração reduzida em 10 pontos-base, para 1,4% ao ano, assim que o patrimônio do fundo alcançar a marca de R$ 1,5 bilhão.

Atualmente, o fundo está com cerca de R$ 1,375 bilhão sob gestão e, a julgar pelo ritmo recente de captação, conforme os dados disponíveis na CVM, deve chegar a R$ 1,5 bilhão em curto intervalo de tempo.

Numa indústria ainda muito escorada no famoso 2 com 20 (2% de taxa de administração com 20% de performance) e poucos fundos multimercados com PL superior a R$ 1 bilhão com taxas inferiores a isso, é mais uma demonstração do compromisso da Vitreo em dividir o seu sucesso com seus clientes, de estar na fronteira da transparência nesse mercado, do alinhamento ao investidor, da mitigação de conflitos de interesse e de taxas bem mais baixas frente à média da indústria.

Este é um momento bastante especial do fundo. Depois de um mês de março de 2020 bastante duro, o Carteira Universa tem se recuperado com vigor. Além do bom desempenho desde então e da alta vigorosa no último trimestre do ano passado, o fundo atravessa bastante bem a volatilidade dos ativos brasileiros em janeiro, com alta superior a 1%. As posições internacionais e alguns acertos importantes no mercado local, como nas ações de Intermédica, Hapvida e Méliuz, têm sustentado o Universa nesse patamar.

É um curto intervalo de tempo, claro, mas também desde o começo do fundo a performance é boa. No fim do dia, é isso que importa.

Como principal cotista do fundo e com boa parte do meu dinheiro lá aplicado, confesso animação com o desempenho recente, a iminente queda da taxa de administração e o prognóstico à frente. Trago essa novidade, porém, com outro intuito. Essa movimentação, na verdade, demonstra algo muito maior e importante para o investidor: a incapacidade de a indústria 2.0 concorrer com o modelo 3.0

Por que a Vitreo está à frente deste movimento?

Antes da resposta, me deixe voltar algumas casas. 

Não acho que a Vitreo estará sozinha neste processo. Há uma única corretora acreditando poder estar só fora de ambientes caracterizados por monopólios naturais e/ou legais; e eu, definitivamente, não faço parte dessa egotrip. Pergunte à maior parte dos gestores de fundos e emissores de títulos como eles têm sido tratados…Desculpe, mas eu não trato assim meus parceiros. Bom, mas essa coisa de práticas monopolistas é outra história.

Outros representantes já sob o modelo 3.0 são Banco Inter, Pi, Warren, Magnetis. E existem outros candidatos potenciais. Se Méliuz ou Mosaico, por exemplo, resolverem jogar esse jogo, podem trazer coisas bem interessantes, porque têm clientes, canal de distribuição, tecnologia e dados. Isso sem falar em coisas meio malucas como PagSeguro, Stone, Magazine Luiza e, por que não?, Facebook e Amazon…

Aos poucos familiarizados, o termo “indústria 1.0” se refere ao mercado de capitais dominado pelos bancos e suas plataformas fechadas. Com seus gerentes, metas a bater, PICs, títulos de capitalização, CDBs e outras coisas muitas vezes bem tóxicas; o Itaú só oferecia produtos do Itaú. Nada contra o banco, de quem sempre fui correntista. O Bradesco também só oferecia produtos do Bradesco. A banda tocava dessa forma, independentemente da bandeira.

O investidor estava numa situação ruim, com poucas opções (ele só podia comprar investimentos do respectivo banco), e condenado a um enorme conflito de interesses (a instituição X só oferecia seus próprios produtos, ainda que o banco Y tivesse produtos melhores).

Então, veio a indústria 2.0, muito melhor do que a anterior. Com muitos méritos, as plataformas de investimento chamadas independentes, inspiradas sobretudo no modelo da Charles Schwab, trouxeram ao Brasil o conceito da plataforma aberta. Ou seja, passaram a oferecer produtos de terceiros; não apenas os seus próprios. 

Foi ótimo para o investidor. Agora, ele poderia escolher entre mais opções e pegar a melhor para si. Além disso, estaria sob menor conflito de interesses, porque a plataforma de investimento poderia oferecer coisas de outras casas, potencialmente melhores do que a sua própria.

O que faltou? Embora seja uma evolução enorme frente à indústria 1.0, um marco na história do mercado de capitais brasileiro, o modelo 2.0 deixou muitos problemas por resolver. Vejo três principais:

— O conflito de interesses: a forma de remuneração dos assessores dessas plataformas de investimento é muito semelhante à do gerente do banco. Nada mudou nesse sentido. A essência é a mesma. Ambos são distribuidores de produtos. Ou seja, vendedores, remunerados conforme a venda e suas comissões. Se você vende o produto A, ganha mais do que se vende o produto B. Portanto, há um incentivo monetário para o assessor de investimento, que é um vendedor, distribuir mais o produto A do que B. Esclarecimento importante: o problema não é do assessor. Ele tem bocas a alimentar, boletos pra pagar. Todos nós estaríamos sob o mesmo dilema. A fragilidade do modelo está na estrutura de incentivos. Menos personalismo, mais instituições — como carecemos disso…

— Falta de conhecimento técnico: se você vai a um médico, será atendido por um especialista em medicina. Um nutricionista, a mesma coisa. Se você fosse se consultar com um vendedor de remédios, possivelmente o número e a frequência das drogas prescritas seriam outros. Um vendedor está treinado na venda; ele não é um técnico, um especialista, um estudioso do mercado. Não é melhor, nem pior. É apenas uma outra atividade. Vá a uma loja de shopping e pergunte ao vendedor se a camisa que você acaba de provar ficou boa. O que você acha que ele vai responder? Se você é atendido por um vendedor em vez de um técnico, estará em desvantagem técnica. É uma construção lógica.

— Um modelo caro: não houve real desintermediação no modelo 2.0. Os heróis contam e se contam cada história. Ainda há um intermediário entre a instituição financeira e o investidor — no caso, o agente autônomo ou assessor de investimento. Se a plataforma de investimento precisa remunerar a si e ao agente autônomo, ela vai incorrer num custo maior. Resultado: vai ter margem menor, porque divide o bolo com o assessor; ou vai ter que cobrar mais caro, repassando o custo da intermediação para o cliente. Não é à toa que o cashback e a corretagem zero estão somente em plataformas sem agente autônomo. Essas coisas não convivem bem. Como a corretora vai dar cashback e dividir seu rebate consigo, com o agente autônomo e com o cliente? Vai sobrar quase nada pra ninguém…

Aí entra o modelo 3.0, que supera o anterior e resolve as questões acima, sendo uma evolução natural das coisas. Você retira o agente autônomo da história. Fornece research ou consultoria ao investidor. Assim, ele passa a ser orientado por um técnico (não por um vendedor). Além disso, como se trata de um modelo muito mais escalável do que os analógicos agentes autônomos, pode ser cobrado muito menos do cliente, o que se materializa por taxas menores, cashback, transparência, alinhamento e corretagem zero. Fica mais barato para o investidor, cujo retorno líquido final fica maior. Por fim, como não se recebe diferente do ativo A ou B, mitiga-se também o conflito de interesses. Não importa se o investidor coloca seu dinheiro no fundo X ou Y, a plataforma fica com o mesmo em cada um deles, no batizado “cashback sem conflito”.

Do mesmo jeito que a indústria 2.0 retirou (e ainda retira) muito dinheiro dos bancões, me parece inexorável imaginar sua superação pelo modelo 3.0. A razão é muito simples: o 3.0 é muito melhor e as plataformas anteriores, pela sua estrutura, não vão conseguir competir. Seus produtos necessariamente serão mais caros e piores. É da natureza da coisa. 

A verdade é que a década iniciada em 2010 já terminou também para os investimentos. Espero que você tenha percebido.

Estou vendendo aquele Monza 2.0, azul-marinho, única dona, toca-fitas bacana, conservadão. Tem interesse?

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Sem olho por olho nem tiro no pé na guerra comercial com os EUA, e o que esperar dos mercados hoje

16 de julho de 2025 - 8:17

Ibovespa fechou ontem em leve queda, e hoje deve reagir ao anúncio de uma nova investigação dos EUA contra o Brasil

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Estamos há 6 dias sem resposta: o tempo da diplomacia de Trump e o que esperar dos mercados hoje

15 de julho de 2025 - 8:58

Enquanto futuros de Wall Street operam em alta, Ibovespa tenta reverter a perda dos últimos dias à espera da audiência de conciliação sobre o IOF

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Do coice à diplomacia: Trump esmurra com 50% e manda negociar

15 de julho de 2025 - 7:23

Para além do impacto econômico direto, a nova investida protecionista de Trump impulsiona um intrincado jogo político com desdobramentos domésticos e eleitorais decisivos para o Brasil

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Carta pela moderação (e cinco ações para comprar agora)

14 de julho de 2025 - 20:00

Com todos cansados de um antagonismo que tem como vitoriosos apenas os populistas de plantão, a moderação não poderia emergir como resposta?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Para quem perdeu a hora, a 2ª chamada das debêntures da Petrobras, e o que mexe com os mercados hoje

14 de julho de 2025 - 8:24

Futuros de Wall Street operam em queda com guerra tarifária e à espera de dados da inflação ao consumidor (CPI) e balanços trimestrais de gigantes como JPMorgan e Citigroup

VISÃO 360°

A corrida da IA levará à compra (ou quebra) de jornais e editoras?

13 de julho de 2025 - 8:00

A chegada da IA coloca em xeque o modelo de buscas na internet, dominado pelo Google, e, por tabela, a dinâmica de distribuição de conteúdo online

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Anatomia de um tiro no pé: Ibovespa busca reação após tarifas de Trump

11 de julho de 2025 - 8:14

Em dia de agenda fraca, investidores monitoram reação do Brasil e de outros países ao tarifaço norte-americano

SEXTOU COM O RUY

O tarifaço contra o Brasil não impediu essas duas ações de subir, e deixa claro a importância da diversificação

11 de julho de 2025 - 6:03

Enquanto muitas ações do Ibovespa derretiam com as ameaças de Donald Trump, um setor andou na direção oposta

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Trump na sala de aula: Ibovespa reage a tarifas de 50% impostas pelos EUA ao Brasil

10 de julho de 2025 - 8:29

Tarifas de Trump como o Brasil vieram muito mais altas do que se esperava, pressionando ações, dólar e juros

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Nem cinco minutos guardados

9 de julho de 2025 - 19:55

Se um corte justificado da Selic alimentar as chances de Lula ser reeleito, qual será o rumo da Bolsa brasileira?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando a esmola é demais: Ibovespa busca recuperação em meio a feriado e ameaças de Trump

9 de julho de 2025 - 8:37

Investidores também monitoram negociações sobre IOF e audiência com Galípolo na Câmara

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Sem avalanche: Ibovespa repercute varejo e Galípolo depois de ceder à verborragia de Trump

8 de julho de 2025 - 8:11

Investidores seguem atentos a Donald Trump em meio às incertezas relacionadas à guerra comercial

Insights Assimétricos

Comércio global no escuro: o novo capítulo da novela tarifária de Trump

8 de julho de 2025 - 6:07

Estamos novamente às portas de mais um capítulo imprevisível da diplomacia de Trump, marcada por ameaças de última hora e recuos

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Troco um Van Gogh por uma small cap

7 de julho de 2025 - 20:00

Seria capaz de apostar que seu assessor de investimentos não ligou para oferecer uma carteira de small caps brasileiras neste momento. Há algo mais fora de moda do que elas agora? Olho para algumas dessas ações e tenho a impressão de estar diante de “Pomar com ciprestes”, em 1888.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ontem, hoje, amanhã: Tensão com fim da trégua comercial dificulta busca por novos recordes no Ibovespa

7 de julho de 2025 - 8:14

Apetite por risco é desafiado pela aproximação do fim da trégua de Donald Trump em sua guerra comercial contra o mundo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Talvez fique repetitivo: Ibovespa mira novos recordes, mas feriado nos EUA drena liquidez dos mercados

4 de julho de 2025 - 8:26

O Ibovespa superou ontem, pela primeira vez na história, a marca dos 141 pontos; dólar está no nível mais baixo em pouco mais de um ano

SEXTOU COM O RUY

A história não se repete, mas rima: a estratégia que deu certo no passado e tem grandes chances de trazer bons retornos — de novo

4 de julho de 2025 - 7:08

Mesmo com um endividamento controlado, a empresa em questão voltou a “passar o chapéu”, o que para nós é um sinal claro de que ela está de olho em novas aquisições. E a julgar pelo seu histórico, podemos dizer que isso tende a ser bastante positivo para os acionistas.

SEU MENTOR DE INVESTIMENTOS

Ditados, superstições e preceitos da Rua

3 de julho de 2025 - 19:55

Aqueles que têm um modus operandi e se atêm a ele são vitoriosos. Por sua vez, os indecisos que ora obedecem a um critério, ora a outro, costumam ser alijados do mercado.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Feijão com arroz: Ibovespa busca recuperação em dia de payroll com Wall Street nas máximas

3 de julho de 2025 - 8:28

Wall Street fecha mais cedo hoje e nem abre amanhã, o que tende a drenar a liquidez nos mercados financeiros internacionais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um estranho encontro com a verdade subterrânea

2 de julho de 2025 - 20:00

Em vez de entrar em disputas metodológicas na edição de hoje, proponho um outro tipo de exercício imaginativo, mais útil para fins didáticos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar