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O falso e platônico herói modelista era economista de um grande banco lá pelo final dos anos 1980, começo dos 1990.

Já faz bastante tempo. Os millennials talvez nem saibam de quem se trata, a geração Y, então, nem se fala. Mas aconteceu e foi mais ou menos assim:
“Os modelos não mentem. Eu sabia que o câmbio dobraria. Estávamos em um nível insustentável.”
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“Meu caro, você falou isso há quatro anos. O CDI rodou na nossa cabeça a 25% ao ano. Nós tomamos uma trolha nesse seu trade que você nem imagina. Não vou nem falar onde você precisaria colocar esse seu modelo.”
O falso e platônico herói modelista era economista de um grande banco lá pelo final dos anos 1980, começo dos 1990. Orgulhava-se de seus diplomas, de suas entrevistas, filosofias e conhecimento de econometria. Ganhar dinheiro mesmo não era muito a dele, mas… quem se importa?
Reza a lenda que, neste mesmo banco, discutia-se uma transição importante, da primeira para a segunda geração. Numa versão meio caricata, curta e grossa, três banqueiros tinham de fazer uma escolha. De um lado, um brilhante economista, PhD por Ivy League, com passagem pelo Fed e tudo mais. Do outro, um trader meio chucro, com diploma universitário arrumado na Bahia, de forma até meio heterodoxa (com o devido respeito e a admiração de sempre, claro).
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Parecia uma aposta óbvia. Alguém iria se arriscar na nomeação do trader em detrimento ao doutor?
Bom, sim. Foi o que aconteceu. E a explicação viria a ser algo como: “Olha, economista famoso e respeitado a gente já tem um. Precisa ser só um. É ótimo para dar reputação, entrevista no jornal, foto bonita na revista; pagar de intelectual e propor filosofias e soluções para salvar o Brasil e o mundo. Mas custa caro pra caramba e economista só perde dinheiro no trading. Aqui, a gente ganha dinheiro. O foco precisa ser só esse. O nosso trader é menos vaidoso e ganha mais dinheiro. Vai ser ele”.
Nós não estamos aqui para elegermos os melhores modelos, os melhores críticos de arte, tampouco para apontar pretendentes para casar com a sua filha. O octógono do UFC, o futebol, a esgrima, o mercado financeiro, todos têm as suas próprias regras. No caso, fazer gol é ganhar dinheiro. O resto é… bem… o resto.
Na nossa versão de Man in the Arena de Roosevelt, o papel do crítico, do filósofo, do vaidoso, do influenciador vale zero. Quem ganha dinheiro nessa história? Bons comunicadores podem ser especialmente sedutores, mas seriam eles também bons ganhadores de dinheiro? A hostess é elegante, o garçom, educado; o projeto arquitetônico de Arthur Casas; o banheiro é um brinco… mas quem está fritando o bife?
Vendo os discursos por aí, todos eles nunca foram senão príncipes na vida. A retórica imperial resistiria a uma análise de evolução de patrimônio consistente de anos sucessivos?
Ao lembrar dessa história, decidi hoje soltar o verbo de maneira mais fluida, apontando coisas até desconexas mas que estão na minha cabeça. Papo de mesa de corretora, linguagem de trader, sem conversinha:
• Acho o mercado de equities bem forte. Tem fluxo para emergente e Brasil roda bem assim. Gringo não quer muito saber de notícia de Covid. Está virando no Reino Unido e na Europa Ocidental. EUA, com pequeno atraso, também. Sentimento de que a vacinação gera efeito positivo. O mercado vai passar por cima mesmo de notícia ruim de fiscal, caso venha algo pontual, tipo R$ 30 bilhões adicionais de auxílio ou coisa parecida. O problema seria se começasse com desarranjo estrutural.
• Sobre rotation trade, acho que os bancos já estão meio esticados. Pode ter mais 5-10% de alta. Não muito mais. Commodity ainda gosto bastante, em especial Vale. A celulose também pode ir bem e até JBS, de que eu não gosto, mas posso ganhar dinheiro com o que não gosto também. Siderurgia iria junto, mas prefiro Vale. Curtíssimo prazo talvez ruim com dúvidas momentâneas sobre China. Passa rápido e volta fluxo pesado pra Vale.
• Ponderação sobre bancos: BTG e Pan não entram no grupo acima. O momentum da ação de BTG é simplesmente impressionante. A ação não caiu com follow-on — ao contrário, foi destaque de alta, num momento meio ruim de mercado. Não fosse pelo sistêmico, a ação já estaria acima de R$ 100. Em conversas com amigos do buy side, a sensação é de que o follow-on foi uma ótima oportunidade para expor ainda mais o case e mostrar o quanto aquilo é um case de high growth, com high profitability, em todos os canais. Tudo está voando. Ecossistema brutal, com muito cross sell e upsell. A ação continua subindo porque tem growth e tem re-rating (cresce para nichos de menor consumo de capital e zerou o risco idiossincrático). Vejo bom nível de ROE no resultado do quarto tri e RLP começando a fazer diferença no resultado. Na minha conta, passa Modal nesse nicho entre o primeiro e o segundo tri e depois vai à caça da XP (a XP saiu na frente porque quis desbravar o mercado, entregando uma pequena multa e uma ligeira mácula reputacional; BTG esperou, pagou pênalti por chegar um pouco mais tarde em troca de preservar reputação, mas vai chegar). Trigger de curtíssimo prazo, na minha opinião pessoal, pode ser anúncio de exercício do lote prioritário. O Pan, por sua vez, cresce no número de clientes em velocidade estonteante e, pela minha pesquisa, vai impressionar o mercado na próxima publicação trimestral. Nubank tem cerca de 8 milhões de clientes ativos (só cadastro ou download de app não paga conta de ninguém); Pan logo, logo vai ter 7 milhões. Do the math.
• Gosto de shoppings e me parecem absurdamente baratos, com desconto de 40-50% sobre as Bs. Se olhar Aliansce, o desconto é ainda mais bizarro, mas tem mais risco do RJ e posição de um grande fundo que pode significar overhang. Então, prefiro Jereissati (ou Iguatemi) — pode ter menos upside, mas menos risco também. Porém, gringo não quer saber disso agora e depende de melhora macro. Talvez sofremos por falta de momentum de curto prazo. Paciência. Temos de saber esperar também. Uma hora volta, porque os ativos são bons e está barato.
• Acho que IPOs de Vinci e Pátria rodam bem. Achei oportunista e parcial a notícia de hoje no Brazil Journal sobre Pátria. Gosto do banco e das pessoas. Mosaico também pode ser outro IPO interessante — tem risco, claro, mas uma daquelas possíveis porradas exponenciais. Veja o que aconteceu com Enjoei e Méliuz no pós-IPO.
E as ideias acabaram.
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