O lado bom do fim do mundo: a bolsa está barata aos 125 mil pontos

Hipotética e aleatoriamente, pense que você seja convidado a ser ministro da Economia de um país qualquer, cujo presidente eleito acaba de passar por uma dita conversão liberal. Você teria carta branca para executar um choque de liberalismo e reduzir o peso do Estado na economia.
Conforme o tempo passa, se percebe uma dificuldade maior do que a anteriormente esperada para se caminhar com a tal agenda liberal e as reformas estruturantes. Em determinadas situações, o presidente hipotético parece resgatar suas velhas convicções, em outras mostra alguma inclinação ao populismo. O compromisso com a cartilha do liberalismo não era assim tão criterioso.
O que seria ético a se fazer? E o que você faria? Abandonaria o governo, preservando a sua biografia pessoal e impondo ao país o risco de uma guinada heterodoxa, intervencionista, irresponsável fiscalmente e populista? Ou ficaria lá, numa cruzada impetrada numa espécie de exército de um homem liberal só, evitando o pior, tentando garantir um zero a zero e lutando por algum equilíbrio fiscal? Ruim com o ministro, muito pior sem ele.
A ideia de ministros da Economia técnicos, comprometidos e sabedores da cartilha adequada a se adotar se associando a governos com inclinações diferentes não é propriamente nova. Gustavo Franco propõe uma investigação profunda dessa relação em seu belo e mais novo livro “Lições Amargas”. O caso mais emblemático é de Hjalmar Schacht, herói da vitória alemã contra a hiperinflação em 1923 e posteriormente recrutado como ministro de Hitler.
Gustavo Franco expõe com seu brilhantismo costumeiro o dilema ético associado a essa decisão. A quem você pode se associar tentando fazer o bem?
A história de pactos fáusticos vai muito além de Goethe, Mann, Machado de Assis e Guimarães Rosa. Mais do que referências filosóficas, éticas e literárias, ela transborda também os ministérios e o Palácio para se enfileirar no próprio âmago da sociedade brasileira.
Leia Também
Como a Super Quarta mexe com os seus investimentos, e o que mais move os mercados nesta quarta-feira (17)
Para qual montanha fugir, Super Quarta e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (16)
Um pequeno passo atrás, antes de continuarmos.
O mês de julho é bastante caro pra mim. Ele, talvez como nenhum outro, representa o tipping point para a Empiricus. Há exatos sete anos, lançávamos o famigerado “Fim do Brasil”, metáfora para descrever a morte, com 20 anos de idade, daquele país que se iniciara com o Plano Real, também em julho (de 1994), a partir das mazelas e do descalabro da nova matriz econômica, as diretrizes da administração Dilma Rousseff.
Vivemos a maior recessão da história republicana brasileira, em um momento em que o mundo crescia razoavelmente bem. A crise vinha bem de dentro, dos porões da heterodoxia na gestão macro e do subsolo das negociatas pouco republicanas.
Como consequência, o pêndulo sociopolítico migraria necessariamente da esquerda intervencionista para a direita liberal. Depois do impeachment de Dilma e do surpreendentemente bom governo Temer, teríamos eleições democráticas. Havia, ingenuamente ou não, alguma esperança de que o novo pudesse acabar com a corrupção e, ao menos enquanto representado pelo PhD de Chicago, nos devolver o crescimento acelerado, o aumento de produtividade, o maior dinamismo da economia, a abertura, a meritocracia e o desenvolvimento.
Conforme muito bem definiu Felipe Guerra, da Legacy, entramos na última eleição presidencial tendo de escolher entre um tiro na cabeça (Haddad) e um tiro no escuro (Bolsonaro).
Escolhemos o tiro no escuro. Deu no que deu.
Há algo capcioso em relação ao tiro no escuro. Ele tem uma conotação negativa, claro. O risco de um tiro sem a capacidade de visão é enorme. A incerteza é gigantesca e as consequências podem ser trágicas. Mas o desconhecido não é necessariamente ruim a priori. Se olhado com critério, ele carrega em si alguma esperança. Traz o novo, que pode ser bom ou ruim.
A preocupação agora é de que não tenhamos sequer a esperança. A trágica morte aos 27 anos, típica dos ídolos roqueiros e dos heróis, não é do Plano Real em si, mas da esperança que havia nele contida.
O inferno é onde não há esperança. “Deixai toda a esperança, vós que entrais”, diria Dante. Neste momento, não temos sequer a prerrogativa do tiro no escuro. À esquerda ou à direita, são dois tiros na cabeça, que eliminam a chance de vermos de novo o Cristo Redentor decolando.
Ao menos, o desalento não nos traz expectativas ingênuas. A esperança pode ser também o pior dos males, conforme alerta Nietzsche, porque prolonga o sofrimento.
Sinto lhe dizer, mas o Cristo não vai decolar. Mas também sem motivos para desespero. Ele não vai cair de cara no chão. Presumo que ele continuará lá, incólume, parado, estagnado, tão estático quanto nossa condição, dos últimos anos, condenados à procrastinação macunaímica dos últimos 520 anos e à incapacidade de lidarmos com escolhas difíceis, de encararmos corporações e entregar-lhes uma negativa, sob as imperiosas restrições fiscais.
A parte boa dessa história? A Bolsa me parece barata aos 125 mil pontos. E com o yield do Treasury de dez anos pagando 1,35%, o mundo é de baixos retornos e o dinheiro terá de vir pra cá. Com tiro, porrada e bomba, o setor privado segue sendo fonte importante de geração de valor. A morte da esperança macroeconômica e sistêmica tem uma outra face: a construção de expectativas razoáveis, nos termos de Howard Marks, de perseguir-se boas históricas microeconômicas e idiossincráticas, alheias a esse barulho todo.
Desde a criação da carteira Oportunidades de Uma Vida no Palavra do Estrategista ao final de 2015, ela sobe 573%, contra 164% do Ibovespa. Ela atravessou Dilma, Temer e Bolsonaro. Enquanto nos perdermos em discussões ideológicas político-partidárias, deixaremos escapar boas oportunidades de lucro.
Carne nova no pedaço: o sonho grande de um pequeno player no setor de proteína animal, e o que move os mercados nesta quinta (11)
Investidores acompanham mais um dia de julgamento de Bolsonaro por aqui; no exterior, Índice de Preços ao Consumidor nos EUA e definição dos juros na Europa
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA