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Dilemas éticos e regulatórios

15 de março de 2021
10:44 - atualizado às 19:28

Será que temos um arcabouço velho para um mundo novo?

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Já fiz essa pergunta pensando no desenvolvimento do value investing. Howard Marks, em memorando recente, trouxe provocação parecida. Mas será que ela não vale para o ambiente regulatório também?

Historicamente, a comunicação com os investidores se dava dentro de um ambiente centralizado, institucional e regulado. A linguagem exigida era hermética e circunscrita a elementos tipificados. Os bancos publicavam seus prospectos de IPO e seus relatórios de research, que muitas vezes eram mais peças publicitárias para fomentar outros negócios do que propriamente uma peça de pesquisa — mas essa é outra história.

A imprensa entrevistava os mesmos analistas de bancos, outros economistas doutores e gestores, também devidamente pertencentes ao ambiente regulado, sem maiores repercussões para os preços dos ativos a partir de uma entrevista.

Hoje, as coisas mudaram. A informação chega muito mais ao investidor por meio das redes sociais do que via relatórios da Goldman Sachs, por exemplo.

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Feito o preâmbulo, proponho uma parábola.

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O gestor José da Silva fez um excelente trabalho entre os anos de 2016 e 2018. Estava bem concentrado em algumas small caps e acertou na veia a guinada liberal e a agenda de reformas do governo Temer (saudades!). Diante de sua performance espetacular, atraiu muitos investidores de varejo (com os devidos méritos). 

Uma grande plataforma de investimentos — interessada nos gordos rebates vindos de fundos high beta — estimulou bastante a captação do fundo tocado por Zezinho, apelido carinhoso recebido pelo nosso querido gestor.

Zezinho virou uma espécie de celebridade. Ele nem gostava muito dessa posição. Mas a vida o empurrou para ela. Amor fati. Aceitou seu destino e passou a tocá-lo como um chamamento. Atendendo à vocação, sabia da responsabilidade perante sua centena de milhares de cotistas. Era competente e cioso da representatividade que carregava.

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Também se mostrava solícito. Achava importante se comunicar com sua base. Pretendia educá-la com vídeos e entrevistas, alertando para que a excelente performance passada não fosse tomada como proxy para rentabilidade futura. Os cotistas deveriam saber que aquilo fora uma extraordinariedade, que, aliás, dificilmente se repetiria agora. Por duas razões. Uma, a mera aplicação lógica: extraordinariedades não acontecem toda hora, por definição. E outra: seria impossível que o fundo tivesse o mesmo desempenho agora, com outra escala, porque os cases de small caps, cujas multiplicações explicaram boa parte da performance recente, necessariamente pesariam menos agora, num fundo de bilhões. 

Zezinho é convidado para participar de uma live, em conhecido portal de notícias, pertencente a uma instituição financeira. Todos os agentes autônomos recomendam a seus clientes ouvir a tal live — afinal, esses mesmos AAIs ajudaram na captação do fundo e também querem um maior alinhamento entre o gestor e seu passivo.

Então, numa certa quinta-feira à tarde, acontece a tal live. Ela bomba. Chegamos a mais de 20 mil pessoas simultâneas vendo. Repercute em várias redes sociais. O exército de influenciadores digitais da respectiva corretora reposta os comentários. A imprensa reverbera as indicações de ações.

Em determinado momento, o gestor é perguntado sobre uma determinada small cap. Ele, além de competente e brilhante intelectualmente, tinha também o péssimo hábito da transparência. Zezinho responde a verdade. “Tenho as ações e acho que carregam potencial para dobrar. Foram muito castigadas na pandemia e um investidor institucional gringo grande fritou o papel recentemente. Nesses níveis, acho uma ótima combinação risco-retorno. Valuation confortável, bem abaixo dos pares. Canais de crescimento definidos quando voltarmos da pandemia. Bom management, alavancagem controlada, margem crescendo, sell side ainda cético” — e por aí vai. 

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Os fóruns de ações e aplicativos de finanças começam uma reação imediata. “Comprem a tal small cap. O Zezinho falou que vai dobrar.”

Vamos atribuir à small cap o ticker de XPTO3, que começa a subir destacadamente em reação aos comentários. A valorização supera 20% no dia.

Zezinho tem 5% do fundo em XPTO3. Ele quer ter esses exatos 5%. Sai da live e constata que, por conta da alta de 20%, os 5% viraram 6%. Ele, portanto, rebalanceia seu portfólio. Ou seja, vende parte da posição, depois de ter acabado de elogiar, de forma sincera e entusiasmada, a respectiva ação.

Sem juízos de valor, objetiva e concretamente, José da Silva acaba de se beneficiar dos comentários que ele mesmo proferiu aos investidores.

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Teria Zezinho manipulado o mercado? Seria “pump and dump”?

Ele criou a demanda para a oferta das ações que agora vende. E meteu uma grana no bolso com isso, na cabeça dos espectadores da sua live, que acreditaram nos seus comentários. Criou condições para o benefício próprio, a partir do impulso ao preço de determinado ativo.

Em contrapartida, ele apenas respondeu o que pensava de forma honesta. E recalibrou seu portfólio, com a devida e apropriada gestão de risco, respeitando o sizing desejado para a respectiva posição.

Talvez o leitor possa também argumentar que não houve dolo na atitude. E esse deveria ser o critério. Uma coisa é criar de maneira deliberada as condições artificiais de demanda. Outra é que ela aconteça como consequência não planejada dos seus atos. Ok, é um bom ponto. Mas, neste caso, como julgar o dolo? Conseguimos entrar na cabeça do gestor e saber exatamente o que ele estava pensando diante de comentários tão entusiasmados?

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E se nessa primeira vez, de fato, ele não estivesse com segundas intenções, qual incentivo financeiro fica para suas próximas participações em lives? E outros participantes de mercado que observaram o movimento e viram aí também uma espécie de “janela de oportunidade”? 

Honestamente, não tenho a resposta para todas as perguntas. Elas, em si, me parecem mais importantes. O ponto claro aqui é que há um mundo novo aí fora. E precisamos de uma mentalidade e uma regulação igualmente novas. É uma lei física. 

P.S.: Esta é uma semana bastante importante para a política monetária e as taxas de juro no mundo. Copom, Fed e outros bancos centrais atualizam seus juros básicos nos próximos dias, com consequências importantes para os mercados. No podcast RadioCash, batemos um papo sobre o tema com Mario Torós, ex-diretor do BC e gestor da Ibiuna. Vale muito a pena ouvir.

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