🔴 AÇÕES PARA INVESTIR EM JULHO: CONFIRA CARTEIRA COM 10 RECOMENDAÇÕES – ACESSE GRATUITAMENTE

Análise objetiva: o que podemos esperar para o próximo semestre

6 de julho de 2021
10:53 - atualizado às 18:06
gráfico de desempenho
Escolhas de mercado, fusões e aquisições são quatro vezes mais importantes do que desempenho de uma empresa — e eu te provo isso aqui - Imagem: Shutterstock

Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; 
hoje, os idiotas pensam pelos melhores. 
Criou-se uma situação realmente trágica: 
ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina

Nelson Rodrigues

Em seu livro já clássico “O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro”, Carl Sagan oferece uma comparação estatística simples, que, se levada a sério, pouparia esforços de crédulos e causaria abalos sísmicos ao turismo de uma cidade francesa. Diz assim (frisa-se: palavras dele):

“Em 1858, uma aparição da Virgem Maria foi relatada em Lourdes, França, e desde então centenas de milhões de pessoas desenganadas têm ido a Lourdes na esperança de serem curadas. A Igreja rejeitou a autenticidade de um grande número de pretensas curas milagrosas, mas aceitou apenas 65, em quase um século e meio. A taxa de regressão espontânea em todos os cânceres é estimada entre 1 em 10 mil e 1 em 100 mil. Se apenas 5% dos que vão a Lourdes ali estivessem para tratar de seus cânceres, deveria haver entre 50 e 500 curas milagrosas só de câncer. Como apenas 3 dos 65 casos autenticados são de câncer, a taxa de regressão espontânea em Lourdes parece ser inferior à que existiria se as vítimas estivessem simplesmente ficado em casa.”

Se, acometido pela Covid-19, você tomasse um remédio qualquer, suponhamos aleatoriamente uma medicação tradicional para tratamento de malária e terminasse se recuperando, poderia afirmar que melhorou por conta da ingestão do remédio?

Estamos diante da falácia lógica clássica “post hoc, propter hoc”, a confusão entre correlação e causa. Não é porque algo aconteceu depois de um determinado fato que derive dele, que haja alguma relação causal entre as coisas.

Se estamos no campo das crenças ou da ideologia, saímos da racionalidade por construção e, portanto, nos afastamos da lógica, incorrendo mais facilmente em falácias e conclusões equivocadas. Se você é um devoto de Nossa Senhora, visita Lourdes e volta curado, vai atribuir quase necessariamente a melhora à Virgem. Se você tem um político de estimação e ele prescreve um medicamento qualquer, muito possivelmente você vai conferir poder de cura ao remédio, ainda que a ciência insista no contrário. 

Leia Também

Não é nada com você, em particular. É da natureza humana. Misturamos aqui dois vieses cognitivos muito bem documentados na literatura das Finanças Comportamentais: o de confirmação e o halo effect.

O primeiro se refere à tendência de perseguirmos informações, argumentos e fatos que confirmem nossas convicções prévias, enquanto evitamos o contraditório, muitas vezes sem nem conhecê-lo. Pulamos para a conclusão antes mesmo dos contra-argumentos; da tese à síntese, sem passar pela antítese. Matamos a ciência e sua cartilha dialética.

O segundo descreve a tendência de, por conta de uma virtude particular, fazer-se um julgamento geral, ainda que uma coisa não tenha necessariamente nada a ver com a outra. Um garçom educado e dedicado no restaurante é percebido como inteligente e íntegro. Uma pessoa simpática torna-se bonita. E, claro, um político amado vira epidemiologista e sommelier de vacina.

Uma das vantagens das decisões de sistemas quantitativos sobre aqueles discricionários e subjetivos do humano é que ele não tem religião, crença ou preferência político-partidária — assumindo, claro, que seus programadores não criaram setups para sair comprando ou vendendo conforme as aparições do Papa Francisco ou as bravatas populistas à esquerda e à direita.

Escrevo este Day One num momento em que sobe a temperatura política. Pesquisas de intenção de voto apontam a vitória do ex-presidente Lula na eleição de 2022. E matéria do UOL sugere participação do então deputado Jair Bolsonaro em esquema de rachadinha. O debate fica acalorado, as conversas sobem o tom, a educação e a cordialidade dão lugar às ofensas. A racionalidade vai embora.

Há de se ter muito cuidado para suas decisões de investimento não serem contaminadas pelo fundamentalismo religioso ou político-partidário. 

Seja na CPI da Covid, seja na matéria do UOL, ao menos até aqui, sobra muito mais ruído do que sinal. O barulho das redes sociais em prol do impeachment, até o momento pelo menos, não encontra materialidade em fatos, tampouco dispõe-se de ambiência política para tanto. E qualquer suposição sobre as eleições de 2022 neste momento tem a mesma validade prática de uma conversa sobre como poderíamos colonizar Saturno. 

Contra a cloroquina e contra a mortadela, a verdade. O fundamentalismo que nos interessa é aquele de Graham e Buffett. A verdade objetiva sobre as ações está nos demonstrativos financeiros trimestrais. Antecipar o que ali pode conter oferece a resposta para tempos sombrios, em que só a ciência como uma vela no escuro pode iluminar o caminho. 

A primeira amostra que tivemos nesse sentido veio da prévia operacional de Cury, inaugurando a safra de divulgação de lançamentos e vendas contratadas de incorporadoras no segundo trimestre. Os lançamentos montaram a R$ 686 milhões no trimestre, o que representa uma alta de 120% sobre mesmo período de 2020 e de 16% frente aos três meses imediatamente anteriores. Vendas contratadas ficaram em R$ 682 milhões, subindo 134% e 15%, respectivamente.

Números bons no geral, para desafiar a desconfiança do mercado com incorporadoras. É a realidade se impondo, gradativamente, sobre os preconceitos. 

Com exceção de Eztec e Even, esse segundo trimestre deve mostrar resultados fortes para home builders em geral. Mais do que isso, abre espaço para um segundo semestre muito forte, com queda de preço dos insumos (aço já caiu 2,5% na semana passada, segundo a Platts), bons lançamentos de projeto e demanda vigorosa.  

Além da possível boa reação de Cury hoje, abre um read through interessante para todos os players de baixa renda. Direcional é minha favorita no segmento. Tornando curta uma longa história, enquanto Cury vale R$ 3 bilhões, Direcional vale R$ 2 bilhões, sendo que deve se aproximar bastante dos números de Cury nos próximos trimestres com ramp-up de Riva, com margens semelhantes.

Outro destaque importante desta temporada de resultados e também da próxima deve ser o setor de commodities. Com o minério de ferro voltando a US$ 220 por tonelada e o petróleo a US$ 78 por barril, vamos começar a ventilar uma geração de caixa livre para o acionista no ano próxima a 30% do valor de mercado de Vale e Petrobras

Não é fé. É pura conta. E é muita coisa.

Um beijo muito carinhoso para minha prima Lourdes, que não vejo há bastante tempo mas tinha uma posição grande de Vale e Petrobras. Com os dividendos a caminho, ela já deve estar se preparando para visitar o interior da França no final do ano. 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Troco um Van Gogh por uma small cap

7 de julho de 2025 - 20:00

Seria capaz de apostar que seu assessor de investimentos não ligou para oferecer uma carteira de small caps brasileiras neste momento. Há algo mais fora de moda do que elas agora? Olho para algumas dessas ações e tenho a impressão de estar diante de “Pomar com ciprestes”, em 1888.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ontem, hoje, amanhã: Tensão com fim da trégua comercial dificulta busca por novos recordes no Ibovespa

7 de julho de 2025 - 8:14

Apetite por risco é desafiado pela aproximação do fim da trégua de Donald Trump em sua guerra comercial contra o mundo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Talvez fique repetitivo: Ibovespa mira novos recordes, mas feriado nos EUA drena liquidez dos mercados

4 de julho de 2025 - 8:26

O Ibovespa superou ontem, pela primeira vez na história, a marca dos 141 pontos; dólar está no nível mais baixo em pouco mais de um ano

SEXTOU COM O RUY

A história não se repete, mas rima: a estratégia que deu certo no passado e tem grandes chances de trazer bons retornos — de novo

4 de julho de 2025 - 7:08

Mesmo com um endividamento controlado, a empresa em questão voltou a “passar o chapéu”, o que para nós é um sinal claro de que ela está de olho em novas aquisições. E a julgar pelo seu histórico, podemos dizer que isso tende a ser bastante positivo para os acionistas.

SEU MENTOR DE INVESTIMENTOS

Ditados, superstições e preceitos da Rua

3 de julho de 2025 - 19:55

Aqueles que têm um modus operandi e se atêm a ele são vitoriosos. Por sua vez, os indecisos que ora obedecem a um critério, ora a outro, costumam ser alijados do mercado.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Feijão com arroz: Ibovespa busca recuperação em dia de payroll com Wall Street nas máximas

3 de julho de 2025 - 8:28

Wall Street fecha mais cedo hoje e nem abre amanhã, o que tende a drenar a liquidez nos mercados financeiros internacionais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um estranho encontro com a verdade subterrânea

2 de julho de 2025 - 20:00

Em vez de entrar em disputas metodológicas na edição de hoje, proponho um outro tipo de exercício imaginativo, mais útil para fins didáticos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mantendo a tradição: Ibovespa tenta recuperar os 140 mil pontos em dia de produção industrial e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA

2 de julho de 2025 - 8:29

Investidores também monitoram decisão do governo de recorrer ao STF para manter aumento do IOF

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os fantasmas de Nelson Rodrigues: Ibovespa começa o semestre tentando sustentar posto de melhor investimento do ano

1 de julho de 2025 - 8:13

Melhor investimento do primeiro semestre, Ibovespa reage a trégua na guerra comercial, trade eleitoral e treta do IOF

Insights Assimétricos

Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado

1 de julho de 2025 - 6:03

Com a aproximação do calendário eleitoral, cresce a percepção de que o pêndulo político está prestes a mudar de direção — e, com ele, toda a correlação de forças no país — o problema é o intervalo até lá

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Mercado sobrevive a mais um susto… e as bolsas americanas batem nas máximas do ano

30 de junho de 2025 - 19:50

O “sangue frio” coletivo também é uma evidência de força dos mercados acionários em geral, que depois do cessar-fogo, atingiram novas máximas no ano e novas máximas históricas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo sob controle: Ibovespa precisa de uma leve alta para fechar junho no azul, mas não depende só de si

30 de junho de 2025 - 8:03

Ibovespa vem de três altas mensais consecutivas, mas as turbulências de junho colocam a sequência em risco

TRILHAS DE CARREIRA

Ser CLT virou ofensa? O que há por trás do medo da geração Z pela carteira assinada

29 de junho de 2025 - 7:59

De símbolo de estabilidade a motivo de piada nas redes sociais: o que esse movimento diz sobre o mundo do trabalho — e sobre a forma como estamos lidando com ele?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Atenção aos sinais: Bolsas internacionais sobem com notícia de acordo EUA-China; Ibovespa acompanha desemprego e PCE

27 de junho de 2025 - 8:09

Ibovespa tenta manter o bom momento enquanto governo busca meio de contornar derrubada do aumento do IOF

SEXTOU COM O RUY

Siga na bolsa mesmo com a Selic em 15%: os sinais dizem que chegou a hora de comprar ações

27 de junho de 2025 - 6:01

A elevação do juro no Brasil não significa que chegou a hora de abandonar a renda variável de vez e mergulhar na super renda fixa brasileira — e eu te explico os motivos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Trocando as lentes: Ibovespa repercute derrubada de ajuste do IOF pelo Congresso, IPCA-15 de junho e PIB final dos EUA

26 de junho de 2025 - 8:20

Os investidores também monitoram entrevista coletiva de Galípolo após divulgação de Relatório de Política Monetária

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança

25 de junho de 2025 - 19:58

Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA

25 de junho de 2025 - 8:11

Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um longo caminho: Ibovespa monitora cessar-fogo enquanto investidores repercutem ata do Copom e testemunho de Powell

24 de junho de 2025 - 7:58

Trégua anunciada por Donald Trump impulsiona ativos de risco nos mercados internacionais e pode ajudar o Ibovespa

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um frágil cessar-fogo antes do tiro no pé que o Irã não vai querer dar

24 de junho de 2025 - 6:15

Cessar-fogo em guerra contra o Irã traz alívio, mas não resolve impasse estrutural. Trégua será duradoura ou apenas mais uma pausa antes do próximo ato?

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar