A performance do Ibovespa nesta segunda-feira (13) pareceu até reprise do GP de Fórmula 1 do domingo, quando Lewis Hamilton foi ultrapassado por Max Verstappen na última volta, perdendo não só a corrida como também o título mundial.
Mesmo diante de uma agenda econômica cheia para os próximos dias e um novo revés na pandemia do coronavírus, o principal índice da bolsa brasileira passou a maior parte do dia no azul, contrariando o clima de cautela que deixou as principais praças europeias e Wall Street no vermelho.
É que enquanto o mercado internacional repercutia negativamente a confirmação da primeira morte atribuída à variante ômicron no Reino Unido e os investidores entravam em compasso de espera para as decisões de política monetária dos próximos dias, o Ibovespa surfava a nova alta de 6% do minério de ferro, que impactou positivamente a Vale e as siderúrgicas.
O índice brasileiro chegou a subir mais de 1,5%, perdeu força com a piora em Nova York, mas ainda assim parecia destinado a um fechamento positivo. A virada, no entanto, veio nos últimos minutos, e o Ibovespa encerrou a segunda-feira em linha com os mercados internacionais, em queda de 0,35%, aos 107.383 pontos.
A curva de juros e o câmbio não chegaram a flertar com o otimismo e refletiram ao longo de todo o dia a pressão que vinha do exterior. O dólar à vista encerrou o dia em alta de 1,07%, a R$ 5,6741, enquanto os principais contratos de DI voltaram a subir, revertendo parte da queda vista na semana passada.
Assim como os investidores, o Banco Central brasileiro também está de olho na possibilidade de que o Federal Reserve anuncie na próxima quarta-feira (15) a aceleração da redução dos estímulos monetários e aponte para uma elevação de juros nos próximos meses — medidas que tendem a fortalecer a moeda americana.
Hoje, o BC voltou a intervir no câmbio, tentando segurar a divisa com um leilão no mercado à vista de US$ 905 milhões. O impacto foi apenas momentâneo, mas um novo leilão de linha, dessa vez de US$ 1 bilhão, foi marcado para amanhã.
O show dos bancos centrais
Uma semana após o Banco Central brasileiro elevar os juros para 9,25% ao ano, na última reunião do Comitê de Política Monetária, é a vez do Federal Reserve entrar em cena nesta semana.
Na quarta-feira (15), o Fomc, o Copom americano, deve divulgar não apenas as perspectivas para os juros, mas recalibrar as expectativas do tapering, a retirada de estímulos da economia dos EUA.
Além da reunião do Federal Reserve, o Banco da Inglaterra (BoE), o Banco Central Europeu (BCE), o Banco Central do Japão (BoJ) e os BCs de Chile, Turquia, México e Rússia também realizam reuniões esta semana.
Mas o BC brasileiro ainda não deve sair de cena. Os investidores aguardam a divulgação da ata da última reunião nesta terça-feira. O documento deve trazer uma visão mais aprofundada dos diretores da entidade sobre a condução da política monetária do país.
Sobe e desce do Ibovespa
Os setores de mineração e siderurgia brilharam, mas foram as operadoras de saúde que tiveram o melhor desempenho do dia.
Pela manhã, o Bradesco BBI divulgou um relatório retomando a cobertura do setor de saúde e mostrou grande otimismo com o crescimento do lucro das empresas e o potencial disponível com o envelhecimento da população. Como uma das principais apostas está a Hapvida (HAPV3), ao lado de Oncoclínicas (ONCO3) e SulAmérica (SULA11).
Marcio Lórega, gerente de research do Pagbank, lembra que o mercado espera para os próximos dias a apreciação definitiva da fusão entre Hapvida e Intermédica (GNDI3), que também pegou carona na alta. A operação é muito aguardada e deve criar a maior operadora de saúde do país.
A Eletrobras (ELET6) também figurou entre os destaques do dia. Os investidores aguardam novidades sobre o processo de capitalização da companhia. O Tribunal de Contas da União (TCU) deve voltar a pautar o projeto na próxima quarta-feira (15).
Outro destaque corporativo do dia ficou com a Vale, que concluiu a venda de participação na California Steel. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
HAPV3 | Hapvida ON | R$ 11,55 | 3,13% |
GNDI3 | Intermédica ON | R$ 65,67 | 3,01% |
VALE3 | Vale ON | R$ 77,86 | 2,92% |
BRAP4 | Bradespar PN | R$ 55,07 | 2,88% |
ELET6 | Eletrobras PNB | R$ 35,43 | 2,04% |
O Banco Pan (BPAN4) e a Cogna (COGN3) passaram boa parte da tarde alternando entre perdas e ganhos. Enquanto o banco digital passa por um movimento de realização de lucros, a empresa de educação repercute a análise do CEO da companhia, Rodrigo Galindo, sobre o ano de 2021.
Para Galindo, o ano que passou foi um ano de retomada. Mesmo com o impacto do fim do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), a companhia viu uma alta de 70% na rentabilidade nos primeiros nove meses de 2021. O ano de 2022, no entanto, ainda deve ser impactado pelo fim do programa governamental e a receita deve voltar a crescer apenas em 2023.
Com o avanço dos juros futuros no fim da etapa regular de negociação, as empresas do setor de varejo voltaram a apresentar perdas expressivas. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
COGN3 | Cogna ON | R$ 2,63 | -9,31% |
BPAN4 | Banco Pan PN | R$ 12,32 | -8,61% |
CASH3 | Méliuz ON | R$ 3,65 | -5,19% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 6,05 | -5,02% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 27,22 | -4,49% |