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Estadão Conteúdo

entrevista

‘Huck fica menor na crise. Doria tem maior projeção’, afirma FHC

Em entrevista, ex-presidente fez um uma análise do cenário político em tempos de covid-19 e disse que o presidencialismo de coalizão deu lugar a um sistema precário de governo compartilhado

Fernando Henrique Cardoso FHC
Imagem: shutterstock

Cumprindo o isolamento social em seu apartamento em Higienópolis, região central da capital paulista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dividido o tempo entre o trabalho em novo livro sobre sua trajetória intelectual, releituras de Machado de Assis e reuniões e debates virtuais do seu instituto. Eventualmente, faz rápidas caminhadas pelo bairro, sempre de máscara. O cardápio de filmes e séries fica por conta de sua mulher, Patrícia. Mas FHC confessa que não é muito fã de "maratonar" em plataformas de streaming.

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Nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, FHC fez um uma análise do cenário político em tempos de covid-19 e disse que o presidencialismo de coalizão deu lugar a um sistema precário de governo compartilhado entre Câmara, Senado e Supremo Tribunal Federal. Na avaliação dele, o governador João Doria (PSDB) ganhou espaço durante a crise, enquanto o apresentador e possível presidenciável Luciano Huck, de quem é amigo, ficou politicamente menor.

Alguns especialistas falam em ampliar o isolamento para combater a covid-19, enquanto empresários e a Fiesp defendem a abertura lenta e gradual da atividade econômica. O sr. acha que é o caso de abrir ou fechar mais?

Não sou médico, mas devemos ouvir os especialistas. O único remédio nesse momento é ficar em casa. Não há vacina nem medicamento específico. Qual a objeção de ficar em casa? É dizer que estão olhando mais para o sistema hospitalar, enquanto precisamos da economia funcionando. Vi uma entrevista de um general dizendo que há municípios onde não entrou a epidemia. Tudo bem, mas quem decide isso? Tem que ser uma coisa feita pelo governador e o município. Em tese eu sou mais favorável a manter por mais tempo o regime de ficar em casa.

O sr. concorda com a medida provisória que permite redução salarial durante a pandemia?

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Essa MP foi precipitada. Vai chegar um momento que talvez seja necessário, mas por que começar a apertar quem mais precisa? Quem está empregado quer manter a renda. Vai se mexer nisso? Me parece provocação. Não acho adequado.

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Por que não há um movimento articulado 'Fora, Bolsonaro'?

A oposição não sabe bem o que fazer. Pedir o impeachment agora com base em quê? O impeachment ocorre quando o governo perde maioria no Congresso e não passa mais nada. Quando perde a capacidade de governar. Segundo, quando há gente na rua e a situação econômica está ruim. Nesse momento, o governo não tem maioria sólida, nem nunca teve porque sempre desprezou a maioria no Congresso, mas continua governando. Não tem gente na rua. Está todo mundo em casa, com medo. O momento é de coesão, de apelar para unidade. E esse é o erro do governo. O impeachment é traumático, deixa marcas. Não vejo que se aplique ao caso atual. Se o presidente começar a errar muito, ele mesmo vai provocar seu autoimpedimento. Tirar o ministro da Saúde foi uma coisa insensata. Um erro grave. Isso vai acumulando e mostrando pouca capacidade de liderança.

Como o sr. avalia a atuação da oposição neste momento?

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Não há oposição organizada. Estamos passando por uma situação curiosa politicamente no Brasil. Tínhamos um sistema baseado em coalizão, que não foi planejado pela Constituinte, mas foi acontecendo. É a coligação de vários partidos para poder governar. O presidente atual despreza os partidos, mas está acontecendo uma coisa curiosa, uma espécie de governo compartilhado. A Câmara e o Senado estão atuando mais efetivamente. O STF também. Não se sabe muito bem o que vai acontecer de tudo isso, mas há outro sistema em funcionamento que não é mais o de coalizão.

E que sistema é esse? Um parlamentarismo branco?

Isso (parlamentarismo branco) está acontecendo, mas a cultura no Brasil não é parlamentarista. Desde o Império as pessoas precisam ter alguém que conduza. Elas criticam quem conduz, mas precisam de alguém para conduzir. O problema mais grave que enfrentamos hoje é a falta de lideranças em vários setores.

O liberalismo radical entrou em xeque com essa crise?

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É verdade. O Estado atuante e necessário, nem o mínimo nem o máximo. Na hora da crise todo mundo vira keynesiano (quem segue o economista inglês John Maynard Keynes) e quer que o governo gaste e dê dinheiro para quem não tem emprego. Aí se vê que o Estado tem uma função reparadora importante. Por que só na época das crises? Tem sempre. A intensidade aumenta ou diminui. A ideia de um liberalismo total é uma ilusão.

Por que, na opinião do sr., o PT não está conseguindo liderar um movimento consistente de oposição a Bolsonaro?

Qual era a proposta do PT? O Lula livre. O Lula está livre. Relativamente, mas está. A palavra do PT para a condução política desapareceu. Mas não foi só isso. A base social do PT, sindicatos, CUT, etc., ficou muito aquém da movimentação da sociedade. Os governadores hoje têm mais acesso aos meios de comunicação. O (João) Doria sabe usá-los. Mostrou que tem decisão. Decidiu enfrentar o presidente. Nesse momento quem está colhendo mais frutos é o Doria. O Doria tem mostrado capacidade de sobreviver na crise.

Doria ganha força como presidenciável e pode ocupar esse campo do centro?

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É o que ele se propõe. Fora disso, quem tem? Um projeto, que é o Luciano Huck, que nasce de um movimento fora dos partidos. Mas na crise ele não tem instrumentos de aparecer e agir. Fica menor na crise. Doria fica maior. Os que detêm alavanca de poder, como o Doria, têm maior projeção. O Doria vem da rede social. Está tendo uma vantagem indiscutível.

O PSDB devia ir de vez para a oposição a Bolsonaro?

Acho que sim. Ficar nessa posição de que não é quente nem frio não é o melhor. Essa polarização que houve no Brasil é ruim para as pessoas que são razoáveis, e eu procuro ser razoável, mas ela existe. É um dado da realidade brasileira. O PSDB corre o perigo de não ficar nem cá, nem lá. Doria entendeu isso e avançou.

Que cicatrizes ficarão no Brasil após essa crise do coronavírus?

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Meus pais falavam muito da gripe espanhola. O que aconteceu de mais próximo foi a crise econômica de 1929, que resultou, por um lado, no (Franklin) Roosevelt (presidente dos Estados Unidos) e, na Europa, no fascismo com (Benito) Mussolini e (Adolf) Hitler. Houve muita hesitação para combater esses males. Tomara que haja um Roosevelt daqui para frente.

Como o sr. avalia a influência da ala ideológica, que se baseia em Olavo de Carvalho, no governo? Já leu algo dele?

Nunca ouvi falar de Olavo de Carvalho. E olha que morei nos Estados Unidos em várias ocasiões, fui professor em várias universidades. Isso é um invento local, brasileiro. Ele ganhou prestígio porque o grupo que venceu a eleição se uniu ao redor de ideias nesse espírito reacionário, que não é de direita. É reacionário, atrasado. Infelizmente, embarcamos em uma canoa furada, a crença de que há um perigo ideológico que estaria contaminando o Brasil. Olavo representa uma linha de insensatez.

O sr. prezava a liturgia do cargo. Como avalia a relação de Bolsonaro com os filhos e os espaços deles no governo?

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O presidente Bolsonaro não entendeu a cadeira que ocupa, que é simbólica. O presidente (José) Sarney falava que havia um ritual do cargo. É verdade. Nenhum filho meu entrava no gabinete ou entrava no meu carro. Eventualmente, minha mulher, que tinha uma função social grande. No helicóptero não ia família. Na Presidência você não é um homem comum. Você foi eleito. Tenho a impressão de que o presidente Bolsonaro ainda se acha uma pessoa comum. Não é. Tudo que ele faz tem repercussão internacional. Ele precisa se portar dentro de um figurino. É difícil? É. Desagradável? Pessoalmente, é duro, mas é assim que as coisas funcionam.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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