‘Não financiaremos empresas de carne que desmatarem’, diz presidente do Itaú
Candido Bracher diz que é necessário discutir a regularização fundiária, com planos de incentivo para os proprietários de terra que mantêm as árvores em pé
Uma das prioridades da ação conjunta dos três principais bancos privados brasileiros - Itaú, Bradesco e Santander - na questão ambiental é evitar que atividades econômicas agrícolas contribuam para o desmatamento da Amazônia. Um dos alvos iniciais do trabalho das instituições é rastrear a indústria da carne, disse ontem Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, durante a série de entrevistas ao vivo Retomada Verde, do Estadão.
Para o banqueiro, além de se endereçar a questão da exploração inadequada da floresta, é necessário discutir a regularização fundiária, com planos de incentivo para os proprietários de terra que mantêm as árvores em pé. "Vamos montar um plano para desestimular o consumo de gado criado em área ilegal", disse. "Não vamos financiar essa cadeia, se (as empresas) estiverem nessas condições."
Bracher avalia que há uma ausência de políticas públicas em relação à Amazônia. "Claramente, a política ambiental do governo no que se refere à Amazônia não está funcionando. Nós precisamos ajudar, e o governo tem de agir com eficiência maior", afirmou ele.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Itaú, Bradesco e Santander se uniram para discutir um plano de desenvolvimento sustentável para Amazônia. Como está a interlocução com o governo?
Essa pandemia mostrou aos bancos o potencial da ação conjunta para o bem (geral). A questão ambiental preocupa os três bancos. Estamos todos expostos às pressões internacionais, pois conversamos com os investidores estrangeiros e sentimos as preocupações do mundo. Então, nos ocorreu de unir esforços pela preservação da Amazônia. Ao governo, nos limitamos a contar o que estamos fazendo para entender como nossa contribuição pode ser mais efetiva.
Leia Também
MBRF e os sauditas: um negócio promissor e uma ação que dispara 20% — o que fazer com MBRF3 agora?
Os bancos já definiram quais serão as suas prioridades dentro desse projeto?
Estamos trabalhando há um mês e elencamos dez programas vinculados à Amazônia. Em reunião, na segunda-feira, decidimos focar em quatro dessas iniciativas. A principal é em relação à indústria de carne. Queremos garantir que a indústria não se abasteça de carne de rebanhos criados em área desmatada. Faremos isso através de rastreamentos. Não vamos financiar (as empresas) dessa cadeia que estiverem nessas condições. Vamos montar um plano para desestimular o consumo de gado criado em área ilegal. Outro ponto é a regularização fundiária, que é um problema gravíssimo na região. Vamos trabalhar pela regularização, dando apoio às discussões no Congresso em relação ao tema. A terceira e quarta frentes são estimular culturas sustentáveis na Amazônia, como cacau e açaí. Vamos ter linhas especiais para financiamento e estímulo, assim como para a bioeconomia.
O Itaú faz um ‘filtro ambiental’ das empresas nas quais investe?
O banco já faz isso desde o início do ano 2000. Temos um filtro ambiental nas nossas avaliações de crédito. Mas isso não é feito com caráter punitivo, e sim de orientação. O fato é: ser socioambientalmente ineficiente também é ineficiente economicamente. Você pode ganhar dinheiro no curtíssimo prazo, mas é péssimo para a sustentabilidade dos negócios. Então, procuramos mostrar isso às empresas e desestimulamos as práticas com a não concessão de financiamentos. É uma prática que ocorrerá cada vez mais.
Adianta o setor privado se organizar se o governo, que é responsável pelas políticas públicas, não fizer a parte dele?
O governo tem algumas responsabilidades em que é insubstituível, como o monopólio do uso da coerção policial. Só o governo pode punir, em suas diversas esferas, os infratores. Nós podemos desestimular, não concedendo financiamentos, mas colocar na cadeia quem desmatou é função do governo. Acho que proteger uma floresta é uma questão cultural. Sem as medidas coercitivas policiais, a tarefa fica praticamente impossível. A medição do desmatamento também é um ponto importante, que é feito pelo Inpe. É fundamental uma articulação construtiva entre governo e sociedade civil.
É possível dar uma guinada no meio ambiente com a permanência do atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no cargo?
Acho delicado opinar sobre pessoas. Posso falar sobre a política do governo. Acho que, nesse sentido, a falta de resultados fala por si. Nós estamos vendo um aumento do desmatamento. É uma situação muito preocupante. Claramente, a política ambiental do governo no que se refere à questão da Amazônia não está funcionando. Nós precisamos ajudar e o governo tem de agir com eficiência maior.
A sustentabilidade não está ligada somente à área ambiental. Como os bancos estão encarando os critérios ambiental, socioeconômico e governamental (ESG) no setor privado?
Na questão da Amazônia, estamos definindo a governança. Montamos um conselho de especialistas, que terá sete membros e se reunirá trimestralmente com os presidentes dos bancos. Esse conselho será ouvido sobre todos os programas que faremos na região. Nós, do Itaú Unibanco, tivemos uma boa experiência no programa Todos pela Saúde. Queremos que nossas ações ambientais tenham transparência.
Se a gente não mudar a imagem do Brasil, o prejuízo para o País pode ser grave?
Sem dúvida. Mas me sinto constrangido de ter de usar esse argumento de proteger a Amazônia por causa dos investidores estrangeiros. Temos de proteger a Amazônia porque somos habitantes do Brasil e do planeta. Precisamos definir urgentemente qual é o estímulo que conseguimos dar para manter as florestas em pé. Como vai ser a recompensa aos donos de terra que não desmatam? Se isso for bem controlado, tenho certeza de que haverá contribuição internacional nesse sentido. Mas, antes, cabe a nós iniciarmos o ciclo virtuoso. No momento, estamos no círculo vicioso. Estamos dando a impressão de descaso. E isso, certamente, não cria a boa vontade do resto do mundo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Em meio a possível venda à J&F, Eletronuclear vê risco de ‘colapso financeiro’ e pede ajuda de R$ 1,4 bilhão ao governo Lula, diz jornal
O alerta da estatal é o mais recente de uma série de pedidos de socorro feitos ao longo dos últimos meses
Dividendos gordos? Petrobras (PETR4) pode pagar nova bolada aos acionistas — e bancos já calculam quanto vem por aí
Com avanço na produção do terceiro trimestre, mercado reacende apostas em dividendos fartos na petroleira. Veja as projeções
Com vitória da Ambipar (AMBP3) na Justiça, ações disparam; como fica o investidor?
O investidor pessoa física pode ser tanto detentor de ações da companhia na bolsa quanto de debêntures da empresa. Veja quando e se ele pode recuperar o dinheiro investido
B3 (B3SA3) recebe mais um auto de infração da Receita Federal referente a amortização de ágio na incorporação da Bovespa Holding
Dona da bolsa já obteve decisões favoráveis do CARF cancelando autos de infração anteriores que questionavam a amortização do ágio em outros anos
BTG Pactual lança o BTG Pay e abre lista de espera para maquininha própria, marcando estreia no segmento de adquirência
De olho nos clientes pessoa jurídica, BTG lança maquininha de cartão e solução de pagamentos integradas ao app BTG Empresas
MBRF (MBRF3) lança Sadia Halal, maior empresa de frango halal do mundo, e mira IPO em 2027; ações disparam
A dona da Sadia e Perdigão e a subsidiária do fundo soberano da Arábia Saudita, anunciam a expansão de sua joint venture para conquistar mercado de alimentação voltada para muçulmanos
Banco do Brasil (BBAS3) no fundo do poço e Bradesco (BBDC4) no passo a passo da recuperação: o que esperar dos balanços dos bancos no 3T25
O Santander será o primeiro dos grandes bancos a divulgar o balanço, seguido pelo Bradesco e outros gigantes do setor financeiro brasileiro; veja as previsões do mercado
ANP libera funcionamento de refinaria alvo da Operação Carbono Oculto; ICL manifesta preocupação com o setor
Segundo as investigações, o núcleo principal das atividades criminosas teria se associado ao Grupo Refit
‘COP paralela’ pode ser o reforço que a COP30 precisa para aquecer o debate entre empresas que não vão à Belém
Altos custos, falta de estrutura e desistências não apagam o potencial da conferência para redefinir o papel do país no financiamento climático e na transição ecológica
Ultrapar (UGPA3) abocanha 37,5% de participação na VirtuGNL por R$ 102,5 milhões; entenda o que está em jogo com a aquisição
A VirtuGNL vem se consolidando como referência de soluções de baixo carbono no setor de transporte rodoviário, com foco na substituição do diesel, segundo a Ultrapar
Em recuperação judicial, Americanas (AMER3) busca rotas para o crescimento e lança programa de pontos
O programa “Cliente A” será lançado em três fases e contará com sistema de pontos integrado ao cartão de crédito da marca
Mais uma vitória para a Ambipar (AMBP3): Justiça do Rio de Janeiro prorroga blindagem contra credores
A prorrogação da medida cautelar suspende pagamentos da companhia até que haja uma decisão sobre o pedido de recuperação judicial da Ambipar
Raízen (RAIZ4) amarga downgrade: Fitch corta nota de crédito, e Safra reduz preço-alvo pela metade
A Fitch pretende revisar os ratings da companhia em até seis meses. Já o Safra ainda recomenda a compra das ações
Produção de petróleo da Petrobras (PETR4) sobe 18,4% no 3T25 e China é o destino de mais da metade das exportações
Considerando só o petróleo, a produção média da estatal avançou 18,4% na comparação ano a ano, para 2,520 milhões de barris por dia (bpd)
Crédito de R$ 1,2 bilhão e até carro de som nas ruas: a estratégia da Casas Bahia (BHIA3) para a Black Friday
Com central de dados operando 24 horas e R$ 1,2 bilhão em crédito liberado, Casas Bahia aposta em tecnologia para turbinar vendas na maior Black Friday de sua história
Privatização da Copasa (CSMG3) avança, e BTG vê potencial de alta de até 48% nas ações se empresa repetir o modelo da Sabesp
Com a PEC que dispensa referendo aprovada em 1º turno, a privatização da Copasa (CSMG3) ficou mais próxima — e o BTG Pactual elevou a recomendação do papel para compra, projetando forte potencial de valorização
Azul (AZUL4) publica plano de negócios atualizado como parte do Chapter 11 e se diz confiante nas negociações com fornecedores
A aérea passou a projetar uma alavancagem ainda menor após sair da recuperação judicial, desta vez em 2,5 vezes
Elon Musk ameaça deixar a Tesla se não receber pacote de US$ 1 trilhão — mas o CEO mais polêmico do mundo jura que não é pelo dinheiro
Ultimato de Musk acontece poucos dias antes da assembleia de acionistas da fabricante de carros elétricos, que decidirá se aprova ou não seu novo plano de pagamento
Cosan (CSAN3) aprova aumento de capital e lança oferta de R$ 10 bilhões em ações para entrada de BTG e Perfin
BTG, Perfin e a holding da família Ometto são os investidores-âncora, e já garantiram a compra do lote inicial em acordo de investimentos
Copasa (CSMG3) mais perto da privatização: PEC que dispensa referendo popular é aprovada em 1º turno por deputados mineiros
Se aprovada também em segundo turno, medida dará sinal verde para desestatização da companhia de saneamento do estado de Minas Gerais