🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Kaype Abreu

Kaype Abreu

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.

Futuro da Selic

Vai cair quanto? BC deve cortar mais uma vez os juros hoje, mas com cautela no discurso

Copom deve reduzir a Selic novamente em 0,50 ponto percentual na reunião desta quarta-feira, para 3,25% ao ano, segundo as projeções de analistas

Kaype Abreu
Kaype Abreu
6 de maio de 2020
5:18 - atualizado às 6:44
Roberto Campos Neto - Imagem: Marcos Corrêa/PR

A crise desencadeada pelo coronavírus deve levar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a promover mais uma redução da taxa básica de juros nesta quarta-feira (6).

A Selic deve ter um novo corte de meio ponto percentual, de 3,75% para 3,25%, dando continuidade ao ciclo de cortes iniciado em julho de 2019 — quando a taxa estava em 6,5%.

A avaliação do mercado é que a pandemia derrubou as expectativas sobre a atividade econômica e já desacelera a alta dos preços — indicada no IPCA de 0,07% em março. O horizonte de inflação baixa tira o medo do BC de ter de aumentar a Selic poucos meses depois de reduzi-la.

Os analistas no mercado financeiro esperam um corte de 0,5 ponto percentual na reunião de hoje, segundo as projeções do boletim Focus — que compila dados de mais de 100 instituições financeiras. Consulta feita pelo Projeções Broadcast, do Grupo Estado, aponta a mesma expectativa de 48 entre 58 casas.

A publicação do BC aponta que a taxa deve terminar o ano a 2,75%, o que indicaria espaço para um corte de até um ponto percentual em relação aos patamares atuais.

O pesquisador da área de economia aplicada do FGV IBRE, Marcel Balassiano, é uma das vozes que acredita na redução de meio ponto da Selic nesta quarta-feira. Ele diz que a crise política é uma forte razão para não promover um corte drástico na taxa. Para o especialista, o BC deve continuar pregando cautela.

Leia Também

Segundo Balassiano, uma posição menos arrojada é exigida de BCs de países emergentes, onde as incertezas fiscais são maiores. Para ele, há o medo de que as despesas do Estado demandadas pela pandemia sejam permanentes.

"A Selic no atual patamar é fruto, entre outras coisas, da melhora da perspectiva fiscal, com a aprovação do teto de gastos e da reforma da Previdência", diz. "Uma mudança nessa trajetória alteraria a expectativa sobre os juros."

A queda da Selic nos últimos anos fez com que o peso do pagamento de juros sobre a dívida pública caísse de 5,5% para 5,1% do PIB no período entre dezembro de 2018 e o final do ano seguinte, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"É um dinheiro que pode ser usado para o auxílio emergencial, por exemplo", diz o especialista da FGV.

Analistas do banco suíço UBS também destacam que a queda de juros reduziu o ritmo de aumento da dívida pública, "ao menos no curto prazo". Além de projetar o mesmo corte na Selic hoje, a instituição aponta que a taxa deve terminar o ano a 2,5% — a mesma estimativa, aliás, o banco tem para a inflação.

Se a queda da Selic é consenso, a manutenção das taxas em níveis baixos vai depender de como ficará o estado das contas públicas após a saída da crise do coronavírus.

De acordo com André Marques, coordenador do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, se o governo perder o controle das despesas, vai ser obrigado em algum momento a oferecer juros mais vantajosos para atrair credores.

Por outro lado, está para ser aprovada a chamada PEC do Orçamento de Guerra – que, entre outras coisas, permite ao Banco Central comprar títulos públicos, desestimulando apostas mais agressivas de alta nos juros.

No curto prazo, os analistas do Goldman Sachs também não fazem uma aposta para além dos 0,50 ponto, mas citam como razão o câmbio. Juros muito baixos, como nos Estados Unidos, tendem a afugentar o investidor estrangeiro que poderia ganhar com o diferencial das taxas entre as do exterior e as do Brasil.

Com menos dólares no país, a tendência é que a moeda se valorize ainda mais ante o real — a divisa já acumula uma alta de 39% desde o início do ano, impulsionada pela aversão ao risco dos mercados. Em tempos de crise, a moeda é vista como um investimento de proteção.

Ainda tem efeito?

A Selic baixa foi comemorada por grande parte dos agentes financeiros em 2019, que viam nas reduções promovidas pelo BC um estímulo para que as pessoas deixassem de investir na renda fixa, cada vez menos rentável, e apostassem em ações das empresas.

Enquanto o bull market durou, o impulso deu certo. Resta saber como será o comportamento do investidor durante e, principalmente, após a crise diante das fortes perdas acumuladas em 2020.

Para Balassiano, Selic baixa agora também não incentiva o consumo, por conta do isolamento, e ainda há muita incerteza sobre comportamento das pessoas no pós-pandemia. "A certeza é que todo mundo está ficando mais pobre", diz.

Sobra então impacto para o governo e para as empresas. A Selic na mínima histórica deve continuar a reduzir o ritmo dos juros sobre a dívida pública e o custo do crédito para os tomadores. O problema é que uma das consequências da crise foi justamente a restrição de liquidez.

Para atenuar essa situação, o BC anunciou uma série de medidas — como a liberação de compulsório para os bancos e linhas de crédito para financiar a folha de pagamento de pequenas e médias empresas. As medidas são bem vistas pelo diretor de investimentos do Andbank Brasil, Rodrigo Otávio Marques. "Política monetária não é só alterar a Selic", diz.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

FGC EM RISCO?

Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco

25 de abril de 2025 - 14:30

Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

PENDURADOS NO SAC

Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas

24 de abril de 2025 - 18:04

O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso

23 de abril de 2025 - 20:01

Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell

22 de abril de 2025 - 8:11

Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas

21 de abril de 2025 - 17:03

Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)

CONTAS DE PASSAGEM

O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano

21 de abril de 2025 - 16:08

Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas

METAL MAIS QUE PRECIOSO

É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano

21 de abril de 2025 - 15:01

Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street

21 de abril de 2025 - 11:16

No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar