‘Setor de turismo só sobrevive com mais ajuda do governo’, diz presidente da Accor
Patrick Mendes, em entrevista, fala sobre as perspectivas para um dos ramos mais afetados pela pandemia

Um dos ramos mais afetados pela pandemia do coronavírus, o setor hoteleiro viu a taxa de ocupação de hotéis cair mais de 80% desde 15 de março, quando começou o movimento de fechamento da economia no País. "Foi uma queda de demanda brutal. Para o turismo, os resultados foram dramáticos", disse Patrick Mendes, presidente da rede francesa de hotéis Accor. O executivo participou na quinta-feira, 14, da série de entrevistas ao vivo Economia na Quarentena, do jornal O Estado de S. Paulo.
Em meio à crise, o setor está tentando negociar a extensão da Medida Provisória 936, que permite suspensão de contrato de trabalho, além de redução de salário e jornada, por mais 120 dias. "Se não tivermos mais ajuda (do governo), muitas empresas não vão conseguir atravessar essa crise", afirmou o executivo.
Os hotéis também buscam se reinventar nesse momento difícil. Em uma das unidades Ibis da capital paulista, os quartos serão transformados em uma espécie de escritório de uso temporário. "Retiramos a cama do quarto e oferecemos um escritório, com café, croissant e serviço de quarto disponível", disse Mendes. A novidade deve se espalhar pelo País, em breve.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Pouco antes de o coronavírus chegar ao Brasil, o setor de turismo havia voltado aos níveis de ocupação pré-crise. Como está a situação atual dos hotéis?
Até o fim de fevereiro, estávamos com um crescimento muito bom comparado aos outros anos. Em março, com a pandemia, teve uma queda bastante súbita. Operamos em 110 países. Em cinco dias, tivemos aqui um efeito condensado do que aconteceu em cinco ou seis semanas em outros países. O volume de negócio caiu de 80% a 90% a partir da segunda quinzena de março. Estamos com 300 hotéis fechados, dos 400 que temos aqui na América do Sul. No Brasil, são 270 de 330 hotéis fechados.
Leia Também
Como está sendo essa reabertura na Ásia?
Temos cerca de 400 hotéis na China que ficaram fechados por seis a sete semanas. A reabertura aconteceu de forma positiva, principalmente no segmento mais barato. A demanda é comercial, de visitas familiares e lazer. Na semana passada, estávamos com 80% de ocupação em resorts na China e na Coreia do Sul. E vamos aproveitar esses protocolos dessas aberturas no Brasil.
As companhias aéreas estão discutindo um pacote de ajuda com o governo federal. O setor pacote parecido?
Para o turismo, a crise foi dramática. A queda das diferentes atividades está acima dos 80%, chegando a 100% em alguns casos. Nesse sentido, a Medida Provisória 936, que permitiu suspensão do contrato e redução de salário e de jornada, ajudou o setor. O problema é que essa MP é para dois a três meses, o que não vai ser suficiente. Vamos precisar de uma extensão. Outra medida importante que estamos negociando é capital de giro. Estamos negociando crédito a custo aceitável e também o adiamento de pagamentos de impostos e de custos como eletricidade.
Como está a situação da equipe da Accor?
Na sede, temos cerca de 500 pessoas - e desligamos entre 10% a 15% dos trabalhadores. Contando os hotéis, temos 20 mil colaboradores na América do Sul, sendo quase 15 mil no Brasil. Nessas operações, o desligamento foi de 20% a 30%. E o resto foi conservado graças à MP 936. E precisamos dessa extensão da MP para preservar os empregos e manter a atividade viva. Se não tivermos ajuda, muitas empresas não vão conseguir atravessar a crise.
O home office de empresas cresceu na pandemia. Como isso pode prejudicar a demanda do turismo de negócios?
É um ponto de preocupação. As pessoas não vão fazer uma viagem de um dia para uma reunião, com certeza. As viagens vão ser feitas uma vez ao mês, ou a cada dois meses, e a pessoa vai ficar por três dias. Lançamos nesta semana uma oferta em que transformarmos alguns apartamentos de nossos hotéis em escritórios. Começamos por São Paulo. Estamos desenvolvendo uma oferta em que disponibilizamos um andar do hotel em que retiramos a cama do quarto e oferecemos um escritório, com café, croissant e serviço de quarto disponível.
Ou seja: é necessário reinventar o hotel e achar outras formas de atrair as pessoas?
A demanda internacional vai diminuir drasticamente nos próximos 18 meses por fatores como bloqueios de fronteiras e medo. Além disso, o dólar e o euro estão muito valorizados. O brasileiro não vai poder viajar para fora e também não vamos receber tantos turistas estrangeiros. Mas a demanda do brasileiro que viajava para Miami ou Paris vai se transferir para o Brasil.
Como deve ser a retomada da demanda dos hotéis? Deve começar pelas bandeiras de mais baixo custo, como Ibis?
No Brasil, temos 16 marcas em operação e 330 hotéis. A retomada do segmento econômico vai ser mais rápida. Vai começar com negócios e visitar familiares, como ocorreu na China. Nós vemos também o desejo das pessoas de viajar a lazer - é impressionante. As pessoas vão querer viajar imediatamente, primeiro de carro e depois em trechos aéreos nacionais.
A dúvida entre abre e fecha da economia é grande. O governo federal quer a abertura rápida, e os governos estaduais são contra. Isso atrapalha?
Temos muitas dúvidas sobre as regras de "desconfinamento". Mas a indecisão atrapalha. Qualquer que seja a decisão, ela tem de ser perene.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O Brasil pode escapar dos impactos das tarifas de Trump: economista-chefe da ARX revela estratégias — e diz por que a retaliação não é uma delas
Segundo Gabriel Barros, Lula teria uma série de opções estratégicas para mitigar os efeitos negativos dessa medida sobre a economia; confira a visão do especialista
Tarifa de Trump sobre produtos do Brasil acirra guerra política: PT mira Eduardo Bolsonaro, e oposição culpa Lula e STF
Sobretaxa de 50% vira munição em Brasília; governo estuda retaliação e Eduardo, nos EUA, celebra medida como resposta ao ‘autoritarismo do STF’
Trump cortou as asinhas do Brasil? Os efeitos escondidos da tarifa de 50% chegam até as eleições de 2026
A taxação dos EUA não mexe apenas com o volume de exportações brasileiras, mas com o cenário macroeconômico e político do país
Dólar disparou, alerta de inflação acendeu: tarifa de Trump é cavalo de troia que Copom terá que enfrentar
Depois de meses de desvalorização frente ao real, o dólar voltou a subir diante dos novos riscos comerciais para o Brasil e tende a pressionar os preços novamente, revertendo o alívio anterior
Meta de inflação de 3% é plausível para o Brasil? Veja o que dizem economistas sobre os preços que não cedem no país
Com juros nas alturas e IPCA a 5,35%, o Banco Central se prepara para mais uma explicação oficial, sem a meta de 3% no horizonte próximo
Lotofácil, Quina e Dupla Sena dividem os holofotes com 8 novos milionários (e um quase)
Enquanto isso, começa a valer hoje o reajuste dos preços para as apostas na Lotofácil, na Quina, na Mega-Sena e em outras loterias da Caixa
De Lula aos representantes das indústrias: as reações à tarifa de 50% de Trump sobre o Brasil
O presidente brasileiro promete acionar a lei de reciprocidade brasileira para responder à taxa extra dos EUA, que deve entrar em vigor em 1 de agosto
Tarifa de 50% de Trump contra o Brasil vem aí, derruba a bolsa, faz juros dispararem e provoca reação do governo Lula
O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5%, enquanto o dólar para agosto renovou máxima a R$ 5,603, subindo mais de 2%
Não adianta criticar os juros e pedir para BC ignorar a meta, diz Galípolo: “inflação ainda incomoda bastante”
O presidente do Banco Central participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados e ressaltou que a inflação na meta é objetivo indiscutível
Lotofácil deixa duas pessoas mais próximas do primeiro milhão; Mega-Sena e Quina acumulam
Como hoje só é feriado no Estado de São Paulo, a Lotofácil, a Quina e outras loterias da Caixa terão novos sorteios hoje
Horário de verão pode voltar para evitar apagão; ONS explica o que deve acontecer agora
Déficit estrutural se aprofunda e governo pode decidir em agosto sobre retorno da medida extinta em 2019
Galípolo diz que dorme tranquilo com Selic em 15% e que o importante é perseguir a meta da inflação
Com os maiores juros desde 2026, Galípolo dispensa faixa e flores: “dificilmente vamos ganhar o torneio de Miss Simpatia no ano de 2025”
Investidores sacam R$ 38 bilhões de fundos no ano, e perdem a oportunidade de uma rentabilidade de até 35,8% em uma classe
Dados da Anbima mostram que a sangria dos multimercados continua, mas pelo menos a rentabilidade foi recuperada, superando o CDI com folga
Cury (CURY3): ações sobem na bolsa depois da prévia operacional do segundo trimestre; bancos dizem o que fazer com os papéis
Na visão do Itaú BBA, os resultados vieram neutros com algumas linhas do balanço vindo abaixo das expectativas. O BTG Pactual também não viu nada de muito extraordinário
Bolsa, dólar ou juros? A estratégia para vencer o CDI com os juros a 15% ao ano
No Touros e Ursos desta semana, Paula Moreno, sócia e co-CIO da Armor Capital, fala sobre a estratégia da casa para ter um retorno maior do que o do benchmark
Lotofácil inicia a semana com um novo milionário; Quina acumula e Mega-Sena corre hoje valendo uma fortuna
O ganhador ou a ganhadora do concurso 3436 da Lotofácil efetuou sua aposta em uma casa lotérica nos arredores de São Luís do Maranhão
Cruzar do Atlântico ao Pacífico de trem? Brasil e China dão primeiro passo para criar a ferrovia bioceânica; entenda o projeto
O projeto pretende unir as ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol) e Centro-Oeste (Fico) e a Ferrovia Norte-Sul (FNS) ao recém-inaugurado porto de Chancay, no Peru.
Primeira classe só para Haddad: Fazenda suspende gastos em 2025; confira a lista de cortes da pasta
A medida acontece em meio à dificuldade do governo de fechar as contas públicas dentro da meta fiscal estabelecida para o ano
Bolsa, bancos, Correios e INSS: o que abre e fecha no feriado de 9 de julho em São Paulo
A pausa pela Revolução Constitucionalista de 1932 não é geral; saiba como funciona a Faria Lima, os bancos e mais
Agenda econômica: IPCA, ata do Fed e as tarifas de Trump; confira o que deve mexer com os mercados nos próximos dias
Semana marcada pelo fim do prazo para as tarifas dos EUA em 9 de julho, divulgação das atas do Fed e do BoE, feriado em São Paulo e uma série de indicadores-chave para orientar os mercados no Brasil e no mundo