O governo de Jair Bolsonaro é liberal na economia? Coube a Salim Mattar, secretário especial de desestatização, desinvestimento e mercados, responder aos economistas Persio Arida e Arminio Fraga, que disseram ontem em evento promovido pelo Credit Suisse que o governo "é menos liberal do que diz ser".
No mesmo palco hoje pela manhã, Mattar concordou em parte com o diagnóstico. “Talvez este governo tenha um discurso mais liberal do que está praticando. Mas nunca governo nenhum teve uma prática tão liberal quanto este”, afirmou.
Sem citar nomes, o secretário disse que gasta 80% do tempo para “descontruir o legado” que foi deixado por gestões anteriores. Ele rebateu em particular a crítica de que o governo não teria acabado com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
"Pedem para a gente acabar com o que eles mesmos criaram", disse, ao afirmar que o FAT é um projeto do senador José Serra.
Para acelerar o processo de privatizações, Mattar disse que o governo elabora uma espécie de “fast track”. A lei determina hoje que todas as operações hoje precisam ser conduzidas pelo BNDES.
Para este ano, a meta do governo é vender R$ 150 bilhões em ativos à iniciativa privada. Nos primeiros dias do ano já foram R$ 7,5 bilhões, segundo Mattar. O cronograma prevê a privatização de estatais como Telebras, Correios e EBC até janeiro de 2022.
Best seller a caminho?
O secretário falou sobre a experiência de trabalhar no governo, e revelou ter planos de escrever um livro sobre a passagem no setor público, que inclusive já tem título: "Minha Breve Passagem pelo Governo".
“Vai dar dois volumes, de tanta coisa que eu já vi”, disse. Mattar afirmou que vem anotando todos os casos que presenciou desde que chegou a Brasília, com dia, hora e os participantes envolvidos.
Ele disse que já chamou Paulo Uebel, secretário especial de desburocratização, para escrever o prefácio e “atestar que tudo o que está escrito é verdadeiro”.